3ª parte Capítulo XVI

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Olá, olá! 😉

BOA LEITURA!

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Para trás, deixei Aragão sob a poeira que os cascos do Vendaval levantou ao bater na terra seca. Cavalguei desenfreadamente para a floresta, porque graças a Deus ou provavelmente à bruxa Morgana tinha regressado a tempo de visitar a minha amada. Encontrávamo-nos sempre às quatro horas da tarde, debaixo de uma grande árvore. Sentia-me extremamente feliz, ansioso e receoso. Era uma mistura de sentimentos. Há mais de oitenta anos que não estávamos juntos, havia passado demasiado tempo!

Quando entrei na floresta, puxei as rédeas ao Vendaval para abrandar o ritmo e inesperadamente o meu coração começou a bater descompassadamente. Definitivamente, estava nervoso por voltar a ter a Aurora, a Rosa nos meus braços. Não havia razões para tal, porque tudo estaria igual e ela não sabia, nem desconfiava que tivemos separados tantos anos. Inspirei bem fundo e tentei relaxar.

E lá estava ela!, debaixo do grande carvalho, com um sorriso tímido, uns imensos olhos azuis a pestanejar e com as roupas pobres que escondiam a sua verdadeira identidade, a sua realeza.

Fiquei sem fôlego só de a ver

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Fiquei sem fôlego só de a ver. Com um sorriso da mais pura felicidade e de apaixonado, desmontei e obriguei-me a não correr para ela. Não é nada que nunca tivesse feito, mas tinha receio de ser exagerado e demonstrar saudades e sentimentos excessivos. Andei a passo largo para ir ao seu encontro e quando estava bastante perto dela o meu sonho tornou-se real.

- Filipe! – exclamou ela, correndo para mim.

Era tudo o que eu mais desejava no mundo: voltar a tê-la nos meus braços. Estendi-os para a receber e não consegui esconder a minha alegria de rapazito apaixonado. Ela enlaçou-me com um abraço e eu abracei-a com amor. Foi uma explosão de sentimentos! Voltei a sentir o seu toque, o seu corpo contra o meu, o perfume que emanava dos seus cabelos... Os meus olhos emudeceram e as lágrimas ameaçavam transbordar. Descobri, naquele momento, que guardava as minhas emoções de quando tinha noventa e oito anos.

- Passei o dia a pensar em ti – confessou ela, numa voz doce, durante o abraço.

Não consegui falar, a emoção estrangulou-me a voz. Para meu azar uma lágrima escapou-me e correu-me pela face. Agora, era um Filipe lamechas! Bolas, ela não me podia ver assim! Com as costas da mão direita limpei-a de imediato.

- Estás bem, Filipe? – separou-se de mim para me observar.

Tentei comportar-me como outrora, mas as saudades eram infinitas e os meus sentimentos eram mais profundos e receei que me denunciassem. Peguei-lhe nas mãos carinhosamente e mantive o meu olhar nelas, porque queria fugir do contacto directo do seu olhar com medo que ela encontrasse vestígios de lágrimas.

- Sinto-me perfeitamente bem, agora que estou contigo – respondi eu, com a voz um pouco trémula e de seguida, beijei-lhe a mão.

- Porquê é que o teu coração parece querer saltar do peito? Está a bater tão rápido – pousou a mão sobre o meu peito para confirmar aquilo que já sabia

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- Porquê é que o teu coração parece querer saltar do peito? Está a bater tão rápido – pousou a mão sobre o meu peito para confirmar aquilo que já sabia.

Fiquei desorientado, por uns instantes. Como é que ela sabia que o meu coração destroçado batia fora do compasso normal? Só pode ter sido durante o abraço quando os nossos corpos estavam unidos. Não tinha como fugir aos seus imensos olhos azuis que me miravam o rosto com preocupação.

- É por ti. É o amor que sinto por ti que deixa o meu coração acelerado e desorientado – esclareci eu, baixinho como fosse um segredo.

Ela corou ligeiramente, baixou o olhar para as mãos que repousam nas minhas e sorriu. Era encantadora quando ela ficava assim. Puxei-a para mim e disse-lhe o que me ia na alma quando a voz me falhou:

- Também passei o dia a pensar em ti. Tinha tantas saudades tuas!

O rubor das suas faces tornou-se mais intenso.

- Também tiveste saudades minhas, Rosa?

- Muitas! – respondeu ela, com alguma timidez.

A sua resposta fez-me rir. E quando ela voltou a erguer o rosto para mim, senti que a sua beleza me voltou a conquistar e desejei-a mais que nunca. Fechei os olhos e aproximei o meu rosto do dela. Há mais de oitenta anos que não tinha um beijo seu. Era demasiado tempo, mas ela não iria compreender o fervor do meu amor. Pousei a minha testa na dela, por alguns instantes e depois com o meu nariz acariciei o seu.

 Pousei a minha testa na dela, por alguns instantes e depois com o meu nariz acariciei o seu

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- Rosa – murmurei o nome de quem tanto amava. Aguardei que algo mágico acontecesse, enquanto sentia a sua pele macia em contacto com a minha pela proximidade do nosso rosto. E um beijo suave repousou nos meus lábios! Continuei com os olhos fechados e desenhei um sorriso de orelha a orelha. Inclinei-me ligeiramente e os meus lábios voltaram-se a unir-se aos dela num beijo tímido, ao fim de oitenta anos!


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E o que me dizem deste capítulo? Era o que vocês esperavam?

Espero que tenham gostado e se sim, deixem uma estrelinha!!!

Obrigada a todos os que acompanham esta história e torcem pelo Filipe.

Um abraço gigante para todos ❤😉


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