Capítulo Sessenta e Três

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Depois da visita ao cemitério, nenhuma mais aconteceu, Helena estava constantemente indo ver sua médica hidrocnologista, e tendo ainda sessões com Carla, que é sua psicóloga e terapeuta oficial de anos.

Sua ansiedade havia aparecido e a bulimia a qual já sofreu muito quando mais nova voltou com força total. Noites sem dormir, choros intensos, falta de apetite, e tudo o que comia era vomitado em seguida.

Os meninos ainda estavam com o pai porque Helena estava num tratamento intenso para tentar vencer a doença. Não era impossível para uma mãe de gêmeos tão forte quanto Helena cuidar de seus filhos, mas com tanta tarefa a se fazer era uma missão pesada para ter que lhe dar sozinha.

Eu estava mal, não conseguia me aproximar dela por causa de sua resistência em me vir. Eu queria ajudar mas não podia. Estava sendo rejeitada por Helena. Isso me machucava muito , mas Carla estava entre nós para nos ajudar da melhor forma fazendo a gente entender que o momento é delicado e precisavamos ser pacientes.

Eu ainda estava comprometida a ajudar nas investigações. Era preciso fechar o inquérito e o laudo sairia talvez nos próximos 30 dias. Desde que acordei recebi visitas de investigadores me fazendo milhares de perguntas sobre como tudo aconteceu.

Respondi o que lembrava, detalhei o que vi. Helena também precisava se apresentar para depoimentos constantes, ela tinha que explicar o tiro que levou, queriam saber quem havia puxado o gatilho.

Devido a situação da aeornave não estava sendo simples fazer toda a perícia sem que contassemos o que aconteceu antes da destruição.
O sítio em Rio Verde virou um cenário de investigação continuada.

Estava sendo um inferno ter que voltar lá para descrever as cenas. Mas era necessário. Helena e eu tivemos que nos esforçar para colaborar com a justiça. Tiveram outras testemunhas, aliás todos que participaram da confusão.

Dircy não precisou se esforçar muito para sair ilesa da acusação já que não cometeu crime algum, embora ela tenha ajudado Mônica e sabia de toda a estratégia de fuga, ainda assim, Dircy não teria nada em haver com a justiça.

Após inocentar Mônica de toda sua ação, porque na verdade chegamos a conclusão que o que houve não foi um crime e sim um grande mal entendido que acabou numa fatalidade mortal.

Ao fim de tudo, o laudo estava montado. Mônica uma mulher de 33 anos com problemas emocionais e personalidade bipolar, já havia sido internada em clinicas psiquiátricas para se tratar de outras confusões mentais, mais uma vez entrou em crise e tudo o que houve foi nada mais que um acidente.

Helena, Carla e dona Rosa jamais deixariam Mônica partir com sua história manchada, carregando nas costas a culpa de uma loucura que cometeu por desequilíbrio emocional. Eu também jamais permitiria isso, Mônica foi minha heroína nos últimos segundos de sua vida.

Eu vi o arrependimento em seu olhar quando ela teve um choque de realidade, o que fez para me manter segura, a força que teve para tentar aquele pouso difícil e bastante impossível pela lógica da perícia, e com o conhecimento de piloto que Mônica tinha, não seria mesmo uma tarefa muito fácil de se fazer, Mônica não era pilota profissional, tinha a pilotagem como um hobby por amar aviação, sua paixão por maquinas voadoras era maior que tudo.

Ela fez aquilo pra tentar ao menos salvar a minha vida, porque se não tivesse tentado, agora eu também estaria morta.

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Havia se passado três meses após a morte de Mônica. As coisas pareciam estar voltando para os eixos. Helena começava a voltar com sua rotina, as reuniões de negócios estavam se intensificando ainda mais, houve uma mudança drástica já que Mônica cuidava de cinqüenta por cento dos assuntos, como boa socia de Helena na Albuquerque & Simões  ela ficava com as grandes sociedades da regiao sul.

Agora sua amiga Júlia Morales, nomeada sua mais nova vice, assumia essa responsabilidade. Seria um peso a menos porque com as crianças e o escritório do sudeste seria muito difícil Helena dar conta sozinha.

E além do mais, Julia é de extrema confiança, além de trabalhar há anos no ramo com elas. Helena não poderia escolher alguém mais qualificada para substituir Mônica, tirando Carla, mas a psicóloga não largaria sua profissão para viver enfiada em escritórios participando de reuniões chatas como sempre diz, ela prefere trabalhar cuidando da saúde mental de pessoas. Eu ficava sabendo das novidades ou que se passava com Helena através de Carla.

Hoje eu tenho mais uma sessão com ela, as coisas não melhoraram como eu esperava, ao contrário, eu estava tão mal por tudo, e ate passei a tomar remédios para tudo, era remédio para dormir principalmente, outro para comer, outro para aguentar ficar acordada devido às dores do corpo ainda, eu já tinha me livrado dos gessos mas ainda doia muito.

E tomava remédio inclusive para tomar remédios, parece zuera, mas é verdade, os remédios são fortes e por isso preciso tomar remédios para que meu estômago aguente as pílulas.

Eu não conseguia sair de casa mais, a depressão estava me consumindo, Carla ia me buscar em casa para conseguir ter uma conversa comigo ao menos. Ela estava tentando me ajudar mas eu estava resistindo demais a sua força de vontade mesmo assim, Carla não me abandonou.

Disse que não sairia do meu lado ate que eu voltasse a ser o que já fui um dia. Feliz. E me prometeu batendo o pé, que ia estar sempre comigo mesmo contra minha vontade e faria isso quantas vezes fosse necessária.

Ela é uma fofa e eu a amo demais, sua presença me faz bem isso eu não posso negar. Aceito sua total ajuda porque não quero perdê-la também. Gosto muito de Carla para permitir que se vá.

Eu quis falar com Helena durante esse tempo todo mas ela simplesmente esquivou-se de mim em todas elas. Na última ligação eu deixei avisado por alto o que faria no dia seguinte, Helena pareceu não dar tanta importância, mas eu dei. E estava disposta a cumprir minha ameaça.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora