Capitulo Quinze

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Abro os olhos e vejo um rosto desconhecido. Com muita dificuldade tento mantê-los abertos, a luz forte machuca minhas vistas.

— O que houve?

— Bom dia, Alice. — Diz uma moça vestida de branco. — Preciso que fique deitadinha até a doutora vim. — Ela fala depois que eu tento me levantar. Mas tenho dificuldades após ela me segurar para me impedir de prosseguir.

A moça de branco injeta algum líquido na minha veia com uma seringa e em seguida, sai da sala. Eu estou tentando lembrar o que houve, mas estou tão confusa. Estava sonhando com o mar. Me afogando no mar. Para onde eu olhava havia água, sonhos intermináveis.

— Cadê ela? Ela acordou mesmo? — Eu olho em direção a voz e sinto uma dor aguda na minha cabeça que me faz gritar. — O que foi, onde dói? — Helena. Parecendo muito preocupada.

— Calma, isso aconteceu porque ela ergueu a cabeça de vez. Vai passar. — Diz uma segunda mulher que havia entrado ao lado de Helena. Ela estava toda de branco e pela postura deve ser a médica.

A doutora me examinava enquanto dava algumas recomendações. Descobri que a dor veio por causa de um ferimento na minha cabeça.

Helena relatou que eu arrumei o machucado quando passei correndo ao lado da lixeira e bati minha cabeça nela antes de cair na piscina. Deve ter sido por isso que desmaiei.

Logo depois, Carla entra no quarto,  ela me abraçou e demonstrava muita preocupação, as vezes, dizia até que era culpa dela, que praticamente, eu não teria me machucado se ela estivesse de olho em mim como a Mô pediu, ela até prometeu a Mô que me daria total assistência e atenção e que ficaria tudo bem. Bom, eu estou num hospital agora, estou bem, mas poderia ser pior.

A doutora me deu alta e voltamos para o sítio. Helena dirigia, sua expressão facial estava a mesma desde lá do hospital, cara de preocupada. Mas eu evitava encara-la. Enquanto que Carla perguntava o tempo todo se eu estava sentindo dor.

Às vezes, eu sentia sim, mas era bem leve. Eu estava no banco de trás com Carla, que me puxou para perto de seu corpo e deitou minha cabeça em seu peito enquanto me abraçava. Eu gosto de seus carinhos, Carla é doce, muito cuidadosa.

Helena à todo tempo nos olhava pelo retrovisor. Ela estava muito séria. Nossos olhares se encontravam e eu evitava, fechei os olhos e cochilei um pouco, ao som da voz de Helena e Carla conversando sobre assuntos aleatórios.

Chegando na casa já passava do meio dia. Os outros ficaram encarregados de ajeitar o almoço, o cheiro estava delicioso.

Carla subiu comigo para me auxiliar se caso eu precisasse de algo, eu disse que não precisava, mas ela insistiu e eu não relutei. Tomei um banho e descemos para almoçar.

Eu preferi ficar dentro da casa, já que a varanda me trazia lembranças ruins. Só de olhar pra piscina me dava calafrios. Como eu fui babaca em sair correndo aquela hora sem nem olhar por onde estava andando?

Depois que estava de barriga cheia, eu procurei me recolher e deitar pra descansar. No hospital, eu estava tendo muitos sonhos ruins, estava pesada. Espero agora poder descansar um pouco sem os pesadelos de afogamento. Até que meu cochilo foi melhor do que eu esperava.

Três horas depois, acordei com alguém mexendo em mim. Abri os olhos e avistei o rosto dela.

— Oi, meu anjo. Como você está? — Ela estava evidentemente preocupada. — Eu vim correndo quando soube do que aconteceu. O que houve? Como você caiu na piscina as 4 da manhã? — Quantas perguntas de uma única vez. Estou pensando o que vou responder.

— Oi... Com licença. — Ouvimos duas batidinhas na porta e a mesma se abre. Helena coloca sua cabeça para dentro do quarto e já vai entrando.

— Oi, Lena. —  Mô a cumprimenta.

— Estão ocupadas? Posso voltar depois.

— Não. Só estamos conversando. Quero saber o que houve. — Neste momento o silêncio se instala. Eu olhei pra Helena e ela estava me encarando. Disfarçadamente me olhava de volta.

— Bom, eu meio que queria ir embora, e acabei batendo minha cabeça na lixeira como você sabe e lá estava eu dentro da piscina. — Digo tentando resumir os fatos.

— Espera, porquê você ia embora às 4:00 horas da manhã?

— Mô, me desculpa mas eu queria muito você aqui. Porquê demorou tanto? O que houve? Sua mãe está bem?

— Esta sim. Não teve nada a ver com ela. Não se preocupe. O motivo de eu não ter conseguido vim antes foi por trabalho mesmo. Mas agora, estou livre para ficar com meu amor. — Mô se curva e beija meus lábios. Helena nos olha. Ela virava a cara algumas vezes quando Mônica me beijava, mesmo assim não saiu do quarto, ficou lá conosco.

Eu abraço Mônica forte. Suspirando de alívio por ela estar ali nos meus braços e eu nos braços dela.

Helena havia levado um caldo  que Carla fez para eu tomar. Eu já estava com fome porque no almoço eu comi muito pouco, como de costume, não sou de comer muito mesmo.

As pessoas que me veem comendo me chamam de passarinho, pela quantidade super pequena que como. Enquanto eu comia a sopa com ajuda da Mô. Ela estava me tratando como uma criança, queria até me dar sopa na boca, eu brigava com ela o tempo todo para que soltasse a colher, sorriamos com nossas bobagens de sempre.

Helena não estava achando graça em nada, estava com a cara enfiada no celular lendo algo, mandando áudio pra alguém. Deve ser para o pai dos filhos dela que ficou cuidados dos gêmeos. A cara dela não é muito boa, espero que esteja tudo bem com os cuequinhas. Os conheci a pouco tempo mas já gosto muito deles.
Mônica comentou como estava satisfeita de ver que seus amigos estavam cumprindo com o combinado sobre cuidar da namorada dela.

Ela sorria brincando com eles os chamando de otimas babás. Todos sorriam agora, descontraídos e aliviados depois do susto.

Era o segundo dia da viagem, confesso que eu usei o fato do acidente para me manter isolada de todos, e até mesmo de Mô. Eu estava com a cabeça a milhão bolando a melhor forma de contar para Mônica que transei com sua melhor amiga, irmã de alma. Se é que existe melhor forma para isso, na minha opinião, isso é a pior notícia que ela poderá receber em sua vida. Eu não sei o quê fazer, mas não vou mentir para a mulher que eu gosto, isso está me matando, não estou conseguindo curtir a viagem, minha consciência está pesada demais.

Meu peito dói sentindo uma pressão esmagadora, começo a pensar que a morte por afogamento não seria tão ruim assim comparado ao sufocamento que me envolve neste momento. Não posso esconder isso dela, vou contar tudo,  mesmo que isso me custe perdê-la.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Where stories live. Discover now