Capítulo Quarenta e Oito

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Helena pareceu me perdoar depois da nossa reconciliação, eu estava com medo de ser rejeitada mas no fim, deu tudo certo. A técnica do meu beijo é infalível. Eu sorri por dentro ao lembrar de como Helena se derrete quando sente meus lábios colados ao dela.

Modéstia parte, sei que Helena não me resiste. Fico pensando se Helena também, se gaba por eu não resisti-la. Pensando bem, acho que não, pensar essas coisas, é coisa de criança, Helena é uma mulher madura, óbvio que não pensa bobagem como eu.

A tarde seguia calma, eu estava pensando em levar os gêmeos na praça próximo a residência de Helena para brincarem um pouco. Eu precisava ir no mercado pegar alguns itens, já que era ao lado, resolvi sair mais cedo assim os meninos aproveitariam o dia que estava ensolarado e propício para um passeio no parque. Liguei para pedir permissão a Helena.

— ...Não sei se é uma boa ideia você ir sozinha com os meninos. — Helena destacou na fala a palavra "sozinha" e eu, meio que entendi seu receio. Afinal, independente, não é bom ficar dando sopa na rua com tanta violência por aí. Mas o horário era bom e sabia que teria muitos pais com seus filhos neste horário como todos os dias, tem. Eu já passei por lá tantas vezes e vi o movimento diário.

Após convencê-la, a loira nos liberou, mas me advertiu sobre tudo e pediu cuidado em dobro, também, me fez prometer que não esperaria a noite cair para ir embora. Eu me comprometi a cumprir todas as regras.

Brincaram muito com seus caminhões de carregar areia, quando se cansaram estavam refletos por areia, me fazendo rir novamente da cara deles. Os limpei o quanto pude para amenizar a areia de suas roupas, porém, a solução seria um banho. Passei no mercado e depois fomos para casa, cumprindo com minha palavra, e antes do anoitecer estávamos seguros em casa. Dei banho nos cuecas "sujas"  Alimentei os filhotinhos de Daenerys e ficamos assistindo um programa infantil interativo esperando a mamãe Helena chegar.

A dona da porra toda chegou, linda, me fazendo estremecer ao ouvir seu salto ressoar a cada passo pela casa. Acho que o motivo da minha euforia está em saber que meu corpo estremece porque irei vê-la, é como ter borboletas no estômago. Ela entrou como sempre, colocou sua bagagem na mesa, foi até seus filhos os beijando como de costume. E eu estranhei por Helena se quer, olhar para mim.

— Oi para você, também, Helena. — Digo ainda tentando forçar a barra. Mas Helena me ignora. Eu falo novamente e ainda assim não sou respondida. Ela pega sua bolsa e vai para o quarto, eu não me conformo e vou atrás dela.

— Helena, porque não está me respondendo? — Ela está de costas para mim e assim continua. — Estou invisível? — Seguro o seu braço, a fazendo olhar para mim. Recebo um olhar frio e calculista que me olha sem desviar. Sua expressão é muito séria. — O que houve? Fala comigo. Não custa dizer o que houve. Estávamos tão bem, o que te fez mudar assim? — Ela desvia seu olhar de mim, se solta de minhas mãos e pega um envelope branco em sua bolsa, o jogando em meu rosto.

Me abaixo e pego o envelope, retiro o conteúdo de dentro e me assusto ao ver o que tem nele.

Eram fotografias minhas deitada na cama de Natasha com ela abraçada a mim. Para piorar, como se não bastasse, nós duas estávamos peladas. A fotografia dava a entender que havíamos feito algo há mais. Eu estou em choque e sem saber o que dizer no momento. Eu estou muito confusa sobre tudo. Eu não me lembro de ter feito sexo com Natasha, eu quero muito lembrar mas não consigo.

— Mentiu para mim. — Helena me encarava decepcionada. — Porque mentiu? Bastava me dizer que estava transando com a sua professora, garanto que eu teria deixado o caminho livre para você aproveitar a sua vida.

— Helena... — Eu não acho palavras para explicar aquelas imagens, a propósito, as imagens pareciam reais. Eu procurava indicios que mostrasse algum fake, alguma montagem, mas as imagens estavam autênticas.

— Isso não aconteceu. Eu juro. Eu estava na festa de confraternização, me lembro de passar mal por conta das bebidas que tomei, Natasha me ajudou. Depois, acordei na cama dela sem me lembrar de absolutamente nada. Não aconteceu nada.

— O que não aconteceu, sua mentirosinha de uma figa? — Helena disse se aproximando de mim.

— Não é o que parece. — Ainda tento entender o que aconteceu, o porque Helena estava com aquelas fotos. Perguntei quem as entregou mas tudo o que disse foi que as recebeu em seu escritório.

Não sabe de onde vieram, mas estava óbvio de onde tinham vindo. Professora Natasha, claro. Por mais que eu dizia a Helena que aquilo era um engano, que eu não transei com Natasha, que eu havia apenas passado mal e assim, fui parar em sua residência, que não foi por consentimento meu, ainda assim, a minha namorada, não acreditava e me mandou sumir de sua vida, antes que resolvesse me punir por aquilo.

Eu até me ajoelhei aos seus pés, disse que preferia a punição, se ela julgasse certo, que mesmo eu estando inocente eu aceitaria o castigo só para que ela acreditasse em mim. Helena me segurou forte, ela me dizia frases duras, seu olhar era duro, frio e raivoso. Quanto mais eu tentava fazê-la me ouvir, mais demonstrava resistência.

— Não me faça perder mais tempo com suas mentiras, Alice. Quero que saia daqui e me esqueça.

— Helena, me escute, por favor? — Eu seguro seu rosto entre minhas mãos para forçá-la olhar dentro de meus olhos, mas Helena as tira e me afasta dela com um empurrão forte o suficiente para me levantar e sair dali urgente. Ela não ia me ouvir, já estava tomada por sua razão.

Agora, eu só queria mesmo ir até Natasha e tirar tudo a limpo. Quero saber o porquê ela fez isso? Porque quis tanto me prejudicar, o que ela acha que estava fazendo mandando aquelas fotos para Helena?

Pensando em tudo, em todo a tragédia que está rodeando minha vida ultimamente, de como as coisas têm dado errado para mim, quando me relaciono com alguém. Será que eu não consigo me relacionar com ninguém sem causar um caos na vida dessas pessoas e inclusive na minha?

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora