Capítulo Seis

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A bebedeira me deu vontade de ir ao banheiro. Mônica estava tão envolvida na dança com Julia, que eu não quis atrapalhar. Ia parecer que eu estava com ciúmes se eu a tirasse de lá. Pensei melhor, não vou chamá-la para me acompanhar até o banheiro, podem me interpretar mal.

Vou sozinha.

Me levantei e fui. Sem avisar mesmo. Eu até tentei falar mas ela não olhava para mim. Não ia esperar mais a coisa estava já ficando feia, precisava me aliviar urgente.

Cheguei até ao banheiro feminino. Não ficava tão distante de onde estávamos sentados. Ficava atrás da multidão, a dificuldade era só driblar o povo.

Ainda parei para olhar para os pisos abaixo, a pista principal que não é VIP estava uma loucura, na área que estávamos era VIP e eu já achei cheia, imagina lá em baixo? Um formigueiro. Prefiro estar aqui sentadinha só de boa mesmo. Segui para o banheiro.

Estava vazio. Milagre. Havia apenas duas garotas mas logo saíram. Após usar para minha necessidade achei melhor retocar meu batom. Estava tranquilamente me embelezando ou tentando, quando alguém entra no banheiro.

Não olho quem é. Continuei com o que estava fazendo. Sinto alguém parada me olhando. De repente sinto um calafrio me possuir. Foi muito estranho essa sensação. Aí sim, parei o que fazia e encarei seu reflexo pelo espelho mesmo. Ela não percebeu que eu poderia vê-la por ali.

Continuou da forma que estava, me olhando de cima a baixo, seu olhar fixo em mim me incomodava. Ouvi seus passos se aproximarem, ela pára novamente.

- Me espera aqui. Não vá sem mim... - Ela pediu? Ou ordenou? Não sei discernir essa frase. Ela entra em uma das cabines e fecha a porta. Vou esperar né? Vai saber, ela deve estar se sentindo mal por isso pediu para que eu a esperasse.

Um tempo depois ela sai. Vai até a pia lavar as mãos e aproveita para retocar o batom. Um rosa boca que combina perfeitamente com sua pele e maquiagem leve.

Eu olho disfarçadamente para seu reflexo no espelho quando ela contorna sua boca com o batom.

Em seguida escorrego meu olhar para seu corpo que está de costas para mim. Seus cabelos loiros acima dos ombros, um corte mais bob long, eu amo esse corte, fica muito sensual.

Seu vestido é vermelho colado ao corpo, nas costas tem uma abertura quase que como o meu, só que é menor o corte em formato redondo, que deixa claramente sua pele exposta revelando uma enorme tatuagem, ou mais de uma. Não consigo ver ao certo.

Deixo meu olhar descer ainda mais. Cintura fina, bumbum avantajado, quadris largos e chamativos. Nos braços, mais tatuagens, uma flor vermelha no pé direito, a propósito, perfeitos pés delicados. São adornos lindos que lhes caem muito bem.

Colorindo sua pele que parece ser tão macia e cheirosa. Um salto na cor branco com vermelho a deixa mais sexy. Não havia reparado o tanto que Helena é bonita. "Gostosa" Pronto falei, ou melhor, pensei.

- Gosta do que vê, Alice? - Estava perdida olhando para ela, quando volto a tona e vejo que Helena me observava olhando-a. Fico sem jeito e desvio o olhar.

- Hum... - Limpo a garganta. - Desculpe, o que disse? - Me faço de desentendida.

- Típico de Alice fazer a Alice? - Ela sorri. Eu não entendi porra nenhuma do que ela disse.

Ah entendi sim. Eu entendi essa referência de Alices. Aliás, piadinha infame que inventaram. Pior pra mim. Fico tão sem graça que a deixo sem respostas.

- Você está se sentindo bem? - Pergunto.

- Estou ótima. Por que não estaria bem? - Pergunta ela.

- Não sei. É que me pediu para esperar. Pensei que estivesse sentindo algo.

Helena guarda seu batom e arruma seu vestido deslizando suas mãos por seu corpo de uma forma sexy. Lentamente sexy, digá-se de passagem.

- Estou sentindo sim. - Ela caminha sensual em minha direção. - Esse perfume é delicioso... - Ela me intimida, se não está fazendo de propósito, mesmo assim me sinto intimidada.

- G-gosta do cheiro? É baunilha. - Dou passos para trás conforme ela avança.

- Eu sei. E sim eu gosto muito do seu cheiro.

- Você sabe? Não pensei que você soubesse sobre minha fragrância favorita.

- Eu sei muita coisa sobre você que nem imagina. - Quero correr mas acabo me chocando com a parede.

- Alice. - Ela recita meu nome aspirando o meu cheiro. - Ah Alicinha, se for o quê eu estou pensando. Você é sem dúvidas uma caixinha de surpresa.

- Como assim? - Estou tão confusa.

- Não tem nada pra me contar, Alice?- Meu Jesus Cristinho, espero que essa mulher não esteja possuída por um espírito maligno. Que olhar de Jezabel do cão é esse? Tô toda arrepiada. - Eu sei que te conheço de algum lugar. Você pode ser honesta e falar de uma vez. Por que não fala?

- Não sei sobre o que está falando. - Digo tentando me desvencilhar de seu encaixe.

- Ah, você não sabe? Por que não pára de se fazer de sonsa? - Ela ergue uma de suas sobrancelhas. - Vou fazer questão de jogar na sua cara. - Ela me encara ainda mais profundamente. Tô ficando com medo dessa atitude dela.

- Sério, tá me assustando, eu não sei do que está falando. - Digo. Eu quero correr daqui.

- Estou te assustando? Estava claramente me provocando lá no salão. - Helena solta uma gargalhada maligna. - Você sabe sim. Eu tenho quase certeza do que está acontecendo aqui. Uma hora ou outra a verdade virá a tona.

- Quê? Sério, não faço idéia do que esteja falando. Me deixa sair. - Exijo. Já estou ficando brava com essa brincadeira ridícula.

- Espera.

Ela segura firme meu braço quando eu tentei sair da sua prensa. Ela ia abrir a boca pra dizer algo mas não disse.

Me olhou incisiva, fixou seu olhar ao meu, parece estar com dúvidas ao mesmo tempo que tem uma ideia afirmativa. Eu não faço idéia do que esteja havendo aqui.

Helena me olha novamente, encara meu rosto, parece estar lendo cada detalhe dele. Ela desce seu olhar para minha boca e pausa ali. Encara meus lábios por um tempo.

Morde seus lábios e mexe movimentando uma das pernas que estava usando para me manter presa à parede. Sinto sua coxa roçar na minha. Me sinto desconfortavel.

Abaixo meu olhar, sinto sua respiração forte se chocar com meu rosto.

- Helena... Me deixa sair.

Peço novamente. Após me encarar ela da passagem. Saio voada do banheiro sem rumo. Até esqueci de onde eu vim. Andei um tempo pela multidão, quando sinto uma mão me puxar forte. Me virei pedindo para Helena me deixar em paz que já estava farta dessa palhaçada. Mas me deparo com Mônica me olhando confusa.

Querendo entender o que eu havia dito. A música estava alta, portanto ela não entendeu nada do que eu disse. Mesmo assim ficou encabulada. Voltamos para a mesa e eu disse que havia me perdido na multidão quando mô perguntou o motivo da minha demora.

Minutos depois Helena chegou, agindo como se nada tivesse acontecido mas claramente me olhando de rabo de olho. Eu disfarçando mas também incomodada pela situação. Odiei sua atitude. Ela não pára de me surpreender. Não sei o que ela quer, mas sei o que eu quero.

Ficar longe dessa mulher maluca que quando bebê alucina.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Where stories live. Discover now