Capítulo Quatro

579 119 380
                                    

Hoje é sexta-feira, passaram-se seis dias desde a última vez que estive com a minha namorada. Estou morrendo de saudades.

Enquanto faço minhas unhas com direito a decoração feitas por mim mesma, eu não paro de pensar como será a noite. Será que irei gostar? Quem vai? A loira antipática já sei que vai estar lá, pois, vamos justamente ao clube onde ela marcou semana passada.

Mônica disse que ia, pois bem, ela está cumprindo a promessa. Eu até pensei que a loira iria desistir, mas vi que falou mesmo sério.

Os demais amigos não faço idéia se irão ou não. Arrumei meu cabelo com uma presilha, prendendo uma parte dele para cima, deixando atrás solto, formando um cacho em cima do outro, esse penteado é muito simples mas cai muito bem em mim, adornando bem meu rosto.

Meus cachos castanhos naturais, combinam com a cor dos meus olhos, e pele. Optei por um vestido de alça pretinho com um decote bem discreto na frente em forma de 'U' mas sem mostrar muito, porque a graça está na parte de trás, ele exibe um decote que vai até a cintura em formato de 'V' deixando minhas costas quase que toda a mostra.

A saia é godezinha, curta, bem acima dos joelhos, valorizam minhas coxas e pernas, o salto cor de prata me dá a sensação de poder ser mais alta que o natural, me favorecem, também. Ótimo, estou pronta para sair. Mas antes, borrifei algumas vezes meu perfume favorito de baunilha, e contornei meus lábios com glitter da mesma fragrância.

Dessa vez eu peguei um Buming (aplicativo de mobilidade) até o ponto combinado. Tive que optar pelo táxi, porque era isso ou iria me buscar em casa. Não quero dar esse trabalho para ela, que começou a implicar com o transporte público que pego.

Diz ela que, além de ser muito cansativo pra mim, pela distância, acaba que não é seguro. Bom, eu revidei, sempre andei de transporte público, óbvio que não é por uma preferência prazerosa, mas essa é minha vida. Eu não tenho carro e não dirijo, sendo assim só me resta uma alternativa, ônibus.

Ela disse que ao menos, eu tinha que pegar táxi. Essa gente afortunada pensa tão diferente dos menos afortunados mesmo, não é? Eu male mal tenho dinheiro para o busão, eu vou lá ter dinheiro para táxi. Isso é luxo na minha terra, dona.

E além do mais, eu expliquei também que mesmo se eu tivesse condições para andar pela cidade de táxi, eu não faria. Ainda assim, ia preferir ir de ônibus. Pois, não confio nesses transportes de aplicativo. Muito obrigada, vou da forma que me sinto confortável.

Mas por hoje, eu peguei um táxi. Só porque ela me fez prometer que iria nessas condições e também, estava constantemente me ligando pra falar comigo, acompanhando a minha viagem que não seria nada curta.

Assim, deixando bem claro para o taxista de que eu estava sendo monitorada por parentes ou conhecidos que sabiam onde eu estava, ela me obrigou dar a placa, isso só porque eu estava me recusando a ir de táxi por medo mesmo, então ela combinou algumas coisas para que eu me sentisse segura.

Antes de entrar no carro, olhei a placa, assim que estava entrando fui ditando a numeração e as letras para Mônica, pedi o nome do motorista, ele não estava entendendo muito mas disse seu nome. Depois ele entendeu que eu estava dando toda a informação sobre seu carro.

Não questionou de imediato. Só quando desliguei o celular ele puxou assunto sobre o que houve, até disse que eu estava de parabéns e esse era mesmo o correto. Todos deveriam estar cientes em qual carro estão andando, assim seria mais seguro principalmente para as mulheres.

Ele tem mulher e filhas e comentou sobre sempre dizer para que tomem a mesma providência se caso precisarem de um transporte de aplicativo. Alega ser conveniente essa atitude. Ótimo, simpatizei com o taxista. Mas ele lá e eu cá.

Cheguei no local combinado e minha namorada já estava lá a minha espera. Ela veio até o táxi me encontrar. Logo abri o sorrisão ao vê-la. Saindo do táxi aliviada por chegar ao meu destino sã e salva. O motorista foi bem gentil dentro de seu profissionalismo.

"Quem vê cara não vê coração" mas o senhor pareceu ser alguém que poderia confiar em seu serviço. Isso me bastou. Me sentei no banco de atrás e orei o caminho inteiro para nada sair dos trilhos. Aqui estou eu, amém. Obrigada Deus.

— Boa noite, senhor. Quanto ficou a corrida?

— Mô, já está tudo certo. — Eu havia pago o senhor assim que o táxi estava chegando ao local. Assim que avisei que iria descer ali, o senhor travou o taxímetro. Já havia calculado mais ou menos o valor que daria e quase acertei, já estava com o dinheiro em mãos. Paguei e nem precisei de troco.

— Mas não era para você pagar. — A morena, insiste.

— Muito obrigada pelo serviço, senhor. — Digo me despedindo do taxista. Na mesma hora ele agradece e sai.

— Está tudo certo, já podemos ir. — Digo.

Mônica segura em minha mão e me guia até o carro que estava estacionado do outro lado da estação do metrô.

Ao entrarmos no carro, ela pede minha bolsa. Eu não entendi, e estiquei a bolsa em sua direção enquanto me olha.

— Abra o zíper. — Continuo não entendendo mas assim o faço. Será que brincará com a história do beijo? Chego pensar nisso.

— O que é isso? — Pergunto surpresa quando a vejo colocar algumas notas de dinheiro na minha bolsa, após eu abri-la como me pediu.

— Isso é o dinheiro do táxi.

— Mas já disse que paguei. Não precisa. — Explico.

— Certo. Mas só estou devolvendo o que usou. Não era para pagar. Eu quem te mandei pegar um táxi, sei que não ficou barato essa corrida de Guarulhos até aqui. — Eu a olho meia perplexa e até um pouco constrangida.

— Está pago. Já disse. — Não penso duas vezes, retiro as notas da minha bolsa e às coloco em sua bolsa. Ela tenta me impedir, mas insisto e consigo finalizar.

— Não seja teimosa, Alice. Pegue de volta. — Ela ergue sua voz demonstrando irritação.

— Não seja teimosa, Mônica Albuquerque Dias, já disse que está feito. — Retruco a altura, pois também já estou brava. A linda mulher, me lança um olhar desafiador, parece brava. Ela se cala e dirige até nosso destino sem dizer mais nenhuma palavra. Ela está chateada e eu decidida.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Where stories live. Discover now