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Capítulo Vinte e Nove

Haviam se passado quatro semanas inteiras e nada de Mônica sair do coma. Eu havia chorado como nunca antes. Desde a última vez, onde eu resolvi contar a todos sobre mim e Helena, não falei com mais ninguém, exceto Carla que me liga praticamente todos os dias para me dar notícias sobre Mônica.

Eu não fui mais ao hospital, a discussão foi feia, e Carla disse que Dona Rosa não queria que acontecesse outra vez. Pediu para que eu não procurasse Mônica enquanto ela estivesse daquele jeito. Eu acredito que ela tenha ficado com raiva de mim também, porque soube de tudo, sua filha sofreu um acidente por minha causa.

Se fosse eu, também não ia querer ver a cara da culpada que quase matou minha filha.
Helena não ficou restrita de visitar Mônica, afinal, elas são amigas de longas datas. Dona rosa falou poucas e boas para ela.

Não discutiram muito, dona Rosa iria fazer isso depois. No momento, ela só queria que a filha acordasse, esses detalhes seriam resolvidos entre Mônica e Helena, apenas.

Mesmo Helena não sendo proibida das visitas, Carla disse que ela também, não apareceu mais lá. Só mantinha contato para ficar sabendo de tudo sobre a amiga. Com certeza, ela ficou com vergonha também, por isso achou melhor dar um tempo e esperar a poeira baixar. Helena ao contrário de mim, sabe quando entrar e sair.

Eu estava saindo da faculdade onde fui fazer uma prova e meu celular tocou. Era Carla e eu atendi.

—  Mônica acordou. – Dizia a voz radiante do outro lado da linha. Eu estou tão feliz, é a melhor noticia que eu poderia receber.  Quero estar lá para vê-la o quanto antes.
Marquei o horário que chegaria ao hospital e Carla disse que me encontraria lá.

Quando cheguei, quis ir correndo para o quarto, meu coração estava acelerado, eu estava eufórica para encontrar Mônica.
Se Carla não já estivesse me esperando com certeza eu entraria sem ela. Que bom que chegou primeiro do que eu.

— Não vejo a hora de vê-la! — Digo com os olhos brilhando.

— Vai com calma, tá! — Carla me diz. Seu olhar é preocupado, parece até que quer me poupar de algo.

Ao entrar no quarto, onde Mônica  estava, já tinha gente com ela. Gente demais até.
Dona Rosa, seu irmão, Helena e a Nicole,  garota do Sul, suposta namorada de Mônica, estava ao seu lado, segurando sua mão, Mônica sorria.

Elas conversavam entre si. Só não sei do que falavam. Eu nem sei o que essa Nicole ainda faz aqui. Está hospedada na casa da mãe de Mônica. Ela já não deveria ter ido embora!?  Eu penso que sim. Não tem nada que ela está aqui ainda.

Helena estava em pé, olhando para Mônica, sua cara era de alívio, só mudou para expressão de preocupação quando me viu. Dona Rosa me olhava mas eu não sabia discernir ao certo, o que passava em sua cabeça a meu respeito. Espero que ela não esteja com raiva de mim, ainda.

Eu me aproximei de Mônica rápido a abraçando. Perguntando como ela estava se sentindo mas não obtive respostas.
Mônica me olhou com raiva e desprezo, apenas. Fiz várias perguntas, olhei fundo em seus olhos, e fui ignorada com sucesso.

Ela não mandou eu sair, ela não me xingou de qualquer nome que fosse. Ela simplesmente se silenciou perante minha presença e eu recebi a pior resposta que já poderia ter da minha namorada. Frieza absoluta.

Meu estômago embrulhou, eu queria sair dali correndo para vomitar. Eu custo a acreditar que perdi Mônica assim, dessa forma. Só me resta me retirar do recinto onde já percebi que não sou bem vinda. A única que tinha que ir embora dali não era a tal da Nicole, era eu.

— Alice, vêm comigo. — Carla  toca meu ombro. Eu não preciso nem relutar contra isso. Obedeço.

Ao chegar próximo a porta, indo em direção ao corredor, dou uma última olhada para trás. Mônica voltou a conversar com a garota que segurava sua mão, acariciando carinhosamente.

Eu já não faço parte de seu mundo mais. Não significo nada para ela, está evidente. A única que ela quer ao seu lado, está ali, segurando meu mundo nas mãos, meu grande amor, minha namorada. Agora, mundo desabado, ex namorada.

Era para aquela garota chamada Nicole, que Mônica mostrava a sua melhor e mais linda curva, seu sorriso que um dia já foi todo meu. Ou será que não foi todo meu? Se Mônica estava com Nicole enquanto também, estava comigo, significa que ela nunca foi toda minha. Eu olho pra trás pela última vez, antes de ir embora.

Levando comigo aquela cena que me atormenta. E também, levando comigo o último olhar de Helena. Porque era a única que me olhava. Para os demais, eu era invisível.
Agora entendi o porque Carla parecia querer me alertar sobre algo. Era isso.

Mônica não queria me ver na sua frente nem pintada de ouro, muito menos nessa pele de gata de rua sem rumo na vida. Com certeza Mônica ja havia dito a todos que não queria me ver. Entendi o recado. Já vou tarde  né?