Capítulo Quarenta e Um

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— Você anda meia distraída nas aulas, mocinha. Suas notas andaram dando uma oscilada nesses últimos dois meses. Posso saber o que acontece?

— Está tudo bem, professora. Apenas, alguns probleminhas de família, mas nada fora do normal

— Nada fora do normal? — A mulher olha profundo dentro de meus olhos.

— Nada. — Desvio o olhar me sentindo intimidada.

— Eu só quero te ajudar, se precisar, ok!?

— Eu agradeco mas está tudo bem.

— Eu me preocupo com você. Afinal, é uma das minhas alunas que mais admiro. — Sou surpreendida quando ela pega em minha mão. — Aposto que não sabia disso, não é mesmo!? — Ela sorri mantendo seu olhar penetrante em mim.

— E-eu não imaginava que fosse. — Sorrio sem jeito.

— Pois bem, Agora já sabe. E espero que não me decepcione sobre a expectativa positiva que tenho sobre a minha aluna favorita. — Natasha me olha tão intensamente que prende meu olhar ao seu. Eu se quer, recuo minha mão para perto do meu corpo ao senti-la acariciá-la.

— Na próxima aula, espero vê-la mais centrada.

— Com certeza, me esforçarei para isso, professora. Prometo.

— Olha, promessa é dívida, hein! — Ela diz.

— Pode deixar, que vou cumprir. – Sorrio.  — Nesta hora, ela me puxa e beija carinhosamente meu rosto. Foi tão rapido que me pegou de surpresa esse gesto inusitado dela. Ela nunca me cumprimentou assim, nunca se quer demonstrou tanta importância comigo, assim. Estou mesmo surpresa, por essa, eu não esperava.

— Acho que sua carona está aguardando você. — Ela  avisa se afastando aos poucos de mim, mas sem apontar em direção ao carro de Helena parado no outro lado da rua. Eu nem sei como ela sabe que o carro está ali, justo me esperando. Helena foi me buscar na aula de dança apenas uma vez. Eu não sabia que ela tinha visto. E faz tanto tempo, como ela pode lembrar? Que memória boa.

— Bom, eu já vou indo. — Digo sem jeito.

— Nos vemos na sexta-feira, então? — Ela diz sorridente.

— Na sexta. — Confirmo e vou embora. Enquanto caminho até o carro observo Helena me olhar.

— Oi. — Me estico toda para beijá-la após entrar em seu carro.

— Oi. — Helena me deixa no vácuo. Eu estranho porque ela nunca fez isso.

— Está tudo bem? O que houve? — Pergunto.

— Está sim. E você, está bem? — Ela fala enquanto manobra o carro para dar partida. Parece brava.

— Sim, Helena. Eu estou bem sim. E pensei que você também, estivesse bem. Mas parece que não.

— Quem é ela?

— Ela quem? — Meu  olhar é bem confuso para Helena.

— Não se faça de desentendida, Alice. Eu vi tudo.

— Do que está falando, Helena? De que “tudo" está se referindo?

— Aquela ruiva com pinta de Russa oxigenada esfregando aqueles lábios de jezabel em você. Pensei que fosse engolir a sua mão.

— Minha nossa, como está sendo exagerada, Helena.

— Exagerada? Então, me diz o que ela estava fazendo?

—  Natasha é minha professora de dança e só estava me perguntando se eu estava bem já que andei perdendo o compasso da dança esses últimos dias. — Explico.

— Mas precisava ela dar em cima de você, assim? — Eu a olho sem dizer nada. Apenas querendo entender onde Helena quer chegar.

— Não era nada disso, ela só estava sendo gentil, apenas. Ela é minha professora, só isso.

— Então, acho bom você deixar isso bem claro para ela, porque o que parece, é que a sua professorinha está misturando as coisas.

— Não é nada disso, Helena. Está confundindo tudo.

— Espero que você esteja certa, Alice. Que seja só confusão da minha cabeça mesmo.  Não quero ter que alertá-la novamente sobre isso. Fui clara? — Helena me encara profundamente ao parar no farol vermelho. — Responda...

— Sim. Foi clara sim, Helena.

— Ótimo! — Ela diz sem me olhar. — A propósito sua professora de dança é muito bonita, não acha?

— Eu nunca reparei nisso, na verdade.— Digo olhando em seus olhos.

— Ah não? Duvido. Ela chama muito a atenção para você não ter reparado nela.

— Talvez, ela nunca tenha chamado a minha porque só existe uma mulher linda o suficiente para atrair toda minha atenção. — Digo me achegando mais perto de seu acento aproveitando que mais um farol ficou vermelho. Beijo seus lábios que me recebem famintos se encaixando tão perfeitos aos meus.

— Como a deusa Helena Simões é ciumenta... Não confia no seu taco? — Sorrio.

— No meu taco eu confio até demais. O problema é que ele é pesado o suficiente para partir no meio a cara de quem me provoca.

— Nossa, senti até um arrepio, agora. Na minha buceta. — Falo com a boca colocada o ouvido de Helena. — Posso sentar nesse taco?

— Não me provoque, Alice. Não vai querer me ver possuída pelo ciúmes.

— Que medo. Não está mais aqui quem falou. — Gargalho.

— Garotinha debochada! — Helena enrosca seus dedos em meus cabelos e me puxa dando uma mordida em minha bochecha, em seguida me dá um beijo quente nos lábios.

VANILLA O Sabor Mais Doce   (CONCUÍDO)✔Where stories live. Discover now