Dias de Fúria - II

Start from the beginning
                                    

一 Touché. As vezes penso que despertamos o pior um do outro.  一 Falou recostando a cabeça  para trás.一 Eu não sei mais o que eu faço, não sei... Eu me perdi da minha fé quando ela sumiu, me entreguei a bebida e prometi que ia deixar disso quando Deus me devolvesse ela. Deus a trouxe de volta, viva, mas não é mais ela e eu não sei porque eu estou tão surpreso, eu também não sou mais eu. Eu não consigo mais entrar na igreja, estou impuro, um adúltero mentiroso que justifica seus atos imundos por conta da transgressão de sua esposa e agora ameacei minha mulher com um ferro. Eu queria bater nela, queria mata-la Yke.  Eu estou cego de raiva e ciúmes.   Aquele desgraçado que destruiu a minha vida, ele  que colocou um filho dentro da minha mulher...一  Ele fez uma pausa soltando o ar dos pulmões e voltando o olhar para a castanheira frondosa em frente a casa 一 uma criança que vai ser perfeita. Não aleijados como aqueles coitados embaixo das árvores. Ele tirou tudo de mim, Ike. Minha mulher, minha dignidade, minha honra... E eu nem posso tocar no filho da mãe.

Da janela de cima, Elena observava atenta o portão ao longe, esperando que Andrew tivesse o bom senso de ir embora. Já haviam tido muitas discussões, ele já foi  agressivo outra vezes, mas nada perto do que acabou de acontecer. Seu rosto ainda estava ardendo num vermelho intenso, mas pior que isso foi a ameaça. Que apesar de não ter se cumprido hoje, na próxima discussão, não saberia dizer que ele teria o mesmo controle.

Alisou a barriga carinhosamente e refletiu sobre o que faria.  Por mais que soubesse que Tokalah os protegeria com sua vida, sabia que seu filho jamais estaria seguro na aldeia em tempos conturbados como os que viriam. Principalmente depois do general assassinar Witchashawakan na frente de todos. Seu bebê seria sempre  sempre o filho com sangue inimigo correndo mas veias e ela a filha do General assassino e sem palavra.

一 Ninguém vai te machucar, eu prometo. 一 falou aí filho em seu ventre ao se afastar da janela.

****

Elise viu o pai se afastar sob o lombo do cavalo em um de seus trajes tradicionais. Sabia o que significava, a assembleia dos chefes cherokees e Cheyennes que tanto falavam finalmente aconteceria em New Achota. Ali os líderes discutiram as propostas do governo sobre as terras no Mississipi. Diferente das tribos hostis, que estavam sendo arrancadas a força e escoltadas como gado para o novo assentamento, a comunidade indígena de New Achota vinha recebendo inúmeras propostas do governo, para uma realocação pacífica. As famílias que aceitassem o acordo, o governo ofereceria ajuda de custo  para a viagem e também pagaria indenizações pelas terras e propriedades que ficariam na Geórgia e aqueles que já haviam perdido a esperança de um revés na guerra travada mais ao norte com Cavalo louco e Touro sentado, estavam ansiosos em assinar o tratado e evitar ainda mais perdas.

Elise sabia que seu pai se posicionaria contra, Nathan era apegado demais a terra é a idealização daquela comunidade como um elo entre os povos originais com o homem branco. Entregar New Achota para os geórgianos, era aceitar que aquele sonho nunca seria possível.

一 Quer que faça o que pro almoço senhorita Elise? 一 questionou a negra rechonchuda de grande olhos negros.

一 Qualquer coisa Mey, papai não vira pro almoço. Estou tão preocupada, não acho que fosse a hora para uma reunião, todos os chefes juntos. Os geórgianos podem tentar alguma coisa, não acha?

一 Amo Green sabe o que faz senhorita Elise, não deve haver perigo não. Além do mais, os geórgianos são covardes, eles gostam de assustar mulheres e velho em suas fazendas, não se metem com homens como o amo, fique tranquila.

一 Espero que esteja certa, Mey. Mas estou tão cansada disso, o mais seguro seria vender tudo e recomecar-mos em outro lugar. 一 falou e a mulher baixou a cabeça num suspiro longo. 一 o que foi Mey?

A filha do General - EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now