A filha do General - EM ANDAMENTO

Little Big Horn -II

Enepay correu o olhar pela campina que outrora ostentava mais de cem cavalos, agora permanecia praticamente vazia restando apenas alguns animais velhos ou jovens demais para viajar junto a comitiva.
O clã do vale por ser o maior e aquele o qual Lua Negra residia, foi também o que teve de colaborar com mais homens e suprimentos à guerra de cavalo louco e o silêncio se tornou-se parte do cotidiano daqueles que ficaram.
O garoto sentou sobre a cerca rudmentar e deixou se perder em pensamentos, queria tanto estar ao lado do irmão, provar seu valor em batalha, mas ele o deixou para trás e Enepay não poderia tirar a razão dele. Quanto teve a confiança dele, tudo que conseguiu foi levar um tiro e quase morrer. Mesmo assim sentia-se subjugado dito que mesmo Elena sendo mulher, sem nenhuma noção de batalha fora levada com eles.

Ouviu um gemido e o arrastar de perna que o fez virar a cabeça e perceber Nathan logo atrás dele, esforçando-se para caminhar com o apoio de uma muleta improvisada.

一 Witchashawakan disse que devia permanecer em sua tenda. 一 Ralhou o garoto impondo a voz na língua Mandan.

一Estou cansado de ficar lá sozinho e creio que um pouco de esforço possa ajudar na minha recuperação. 一 Disse se sentando em uma pedra próximo ao rapaz. 一 E você o que faz aqui isolado de todos?

一 Eu gosto de ficar sozinho 一Retrucou o rapaz dando os ombros.

一 Pois eu duvido, o ser humano é um animal social, precisamos do convívio em sociedade para sanar nossos instintos mais básicos. Mas creio que seu problema seja o mesmo que o meu. Somos mestiços, não somos vistos com bons olhos.

一 Você não parece um mestiço.

一É, não pareço, mas não muda o que sou. E apesar de ter nascido numa família que escolheu a miscigenação e lida muito bem com isso. Tive que aprender a conviver com os olhares, os comentários e quandp descobrem que sou um Cheyenne do sul fica um pouco pior. Mas sabe porque fazem isso?

一É claro que sei, porque mestiços sempre são bastardos indesejados e Cheyennes do sul... traidores. Você é ainda mais amaldiçoado que eu.

一 Não somos amaldiçoados e fui uma criança desejada assim como meu pai e o pai dele também... E se desejar que o meu povo possa viver em paz e liberdade é ser um traidor, carregarei com orgulho este estigma. 一 Nathan disse com um longo suspiro 一 Mas a verdade é que somos o futuro, e as pessoas tem medo do futuro porquê o desconhecem e tudo aquilo que é desconhecido... É temido. Os nativos temem os brancos e os brancos temem aqueles que chamam de pele vermelhas, simplesmente porquê fazem suposições e criam rivalidades que não existiriam se pudéssemos nós conhecer realmente. Afinal, aquele que eles chamam de Deus e nós de Grande Espírito, é o Deus de toda a humanidade. Só aprendemos a viver de maneiras diferentes.

一 Suas palavras são bonitas, mas tudo que os brancos querem é nós erradicar da face da terra.一 Disse Enepay.

一Não, eles não querem. Bem talvez alguns devo admitir, mas maioria deles não quer.一 ele fez uma pausa 一Quando esteve em Charlottetonw não conheceu boas pessoas? Elena, seu irmão Edgar e tenho certeza que muitos outros... O fato é que nossos povos se feriram mútua e sucessivamente e enquanto houver guerra isso não irá acabar jovem Enepay. Precisamos da paz e a paz só será conquistada com os brancos se nós mostrarmos tão capazes quanto eles. Infelizmente o tempo dos grandes acampamentos e das manadas de búfalos está acabando, mas há outro tempo a nossa frente. Os verdadeiros direitos não são mais conquistados com flechas ou mesmo pólvora, mas sim com conhecimento, papel, caneta, acordos e justiça. A vida de 100 homens num campo de batalha não significa nada para aqueles que asseguram a lei e o direito. Sei que as intenções de Cavalo Louco são nobres, porém a guerra que ele fomentou só servirá para dizimar e envergonhar nosso povo com ainda mais velocidade.

一 Cavalo llLouco luta por nós ele foi escolhido pelo grande espírito, vamos vencer.

一 Você é um garoto inteligente, já viveu entre os brancos. O que viu em Charlotetonw e no forte Bennington não é uma agulha perto do poder que eles tem. Desde que Cavalo Louco começou esse levante, centenas de acampamentos pacíficos foram dizimados, não só por Custer. Colonos, justiceiros estão se armando, invadindo, boicotando acampamentos com os quais antes viviam em paz. Em meu lar a tensão com os georgianos cresceu muito eles temem que façamos o mesmo.

一Então é por isso que veio pra cá? 一 concluiu Enepay 一 Acha que o levante dos Lakotas está atrapalhando a relação com os georgianos? Eu nunca estive na Georgia, muito menos entendo de política, mas podemos nos vestir, falar, ler e escrever como eles, mas nunca seremos vistos como iguais, no máximo animais domesticados como já vi muitos deles falarem. Os Georgianos não estão com medo que sigam Cavalo louco, porque fariam isso se já tem a sua terra garantida pelo grande pai branco? Eles não os suportam e só precisavam de um motivo para chutá-los da terra pela qual venderam seus costumes e crenças para terem direito 一 Disse o menino deixando Nathan sozinho logo em seguida.

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Andrew andou apressado até o gabinete do general. A notícia sobre a chegada dos Stewart já devia ser do conhecimento dele e o capitão sabia que a questão, não seria vista com bons olhos pelo sogro.
No entanto, não havia uma grama de arrependimento em seu corpo, considerava as ações do general totalmente incompatíveis com a de um pai ou mesmo de um general zeloso com a vida dos cidadãos de Bennington. E desde que chegaram, Augustine e Armand não mediam esforços para trazer Elena para casa. Além da pomposa recompensa oferecida pelo casal, Armand havia contratado um grupo de justiceiros do Texas, famosos por trabalhar em casos de sequestro e recuperação de bens, dentro de territórios indígenas e tratou de promover uma verdadeira campanha de divulgação em todos os jornais na região.

一 General 一 Andrew bateu gentilmente a porta e ouviu a voz rouca de Krigher ordenando que entrasse. 一 Senhor 一 dias e atendo continências ao sogro.

一 Descansar 一 Krigher falou acendendo um charuto 一Creio que dele imaginar o porquê de eu chamá-lo aqui.

一 Eu imagino que tenha a ver com a chegado dos Stewart a Charlotte.

一 Também, embora não tenha me agradado em nada saber que você escreveu para o irmão de minha falecida esposa, entendo seu desespero. Já fazem meses desde que Elena desapareceu, semanas que Edward permanece como refém dos homens de Cavalo louco. Está desesperado e eu entendo, você é jovem, ansioso, ainda não entende como as coisas funcionam.

一 Com todo o respeito general, eu realmente não posso entender a sua apatia diante ao caso, no seu lugar com os meus dois filhos desaparecidos eu estaria...

一 Surtando, cavalgando feito um louco pelo deserto, espalhando cartazes com o rosto de meus filhos e uma recompensa valorosa para quem os trouxer de volta? 一 Krigher o interrompeu 一 acha que eu não teria feito se não soubesse o caos que isso certamente vai causar? 一 Desde que estipulou essa recompensa quantas pistas falsas recebeu? Bem saiba que com o novo valor essas denúncias vão triplicar e com a exposição eu diria que talvez aumentem dez ou vinte vezes. Toda a garota branca que se encaixar na descrição dela será arrancada de onde quer que esteja e trazida a Charlotte, mesmo que jure não ser Elena. E é claro muitas oportunistas tentaram lhe convencer que são ela em pessoa. Sem falar nos caçadores de recompensa que vão adentrar a reserva, e todo e qualquer acampamento indígena, causando ainda mais caos. Mas realmente eu não me importo. Enquanto você e os Stewart brincam de heróis, eu estava trabalhando em trazer meus filhos pra casa.
Porquê não se senta, assim eu poderei lhe contar sobre as negociações com Touro Sentado e troca de reféns que deve ser feita nós próximos dias. Isso claro se o louvável mas também imprudente capitão Custer, decidir mais uma vez não seguir as ordens do General mor.