Entre marido e Mulher - III

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As semanas passaram rapidamente e o vento gélido do inverno já se anunciava em Fort Bennington. Assim como Enepay, o qual todos conheciam por seu nome cristão, Oliver, Edgar já rumava para uma recuperação completa e Elena, ocupava seus dias entre ouvir as histórias do irmão sobre os selvagens que conheceu e ensinar Sarah e o jovem mestiço a ler e escrever.

一 Eu nunca vou aprender isso, até mesmo esse mestiço é melhor que eu. Por isso dizem que educação não é para as mulheres, não somos boas com isso. 一Disse Sarah empurrando o pequeno caderno fazendo Elena balançar a cabeça em reprovação.

一 Você não é menos inteligente por ser mulher, apenas lhe falaram isso tantas vezes que você acreditou nessa bobagem. Oliver aprende rápido, porque fala diversas línguas nativas e a nossa, isso facilita a assimilação, o falo entre as pernas dele não tem nada a ver com isso. 一 Disse fazendo Sarah cortar e Enepay rir baixinho.

一Ora que graça tem isso?

一 Você é uma mulher estranha minha cunhada, muito estranha. Uma mulher não deve falar tais palavras 一 Disse Sarah quando as duas ouviram um grito vindo da cozinha que as fez saltar rapidamente.

Assim que chegaram se depararam com Shyhan curvada sobre a mesa com uma poça de água e sangue aos seus pés.

一 O bebê vai nascer, vamos Shyhan eu lhe ajudo.

一 Minha mãe diz que as índias fazem isso sozinhas, que tem seus bebês na beira do rio e alí mesmo os lavam e se não gostam deles, os afogam. 一 Disse Sarah sem parar para respirar.

一 Qualquer mulher pode fazer isso sozinha, mas é muito melhor se tiver ajuda e apoio. Sarah coloque água ferver e Enepay me ajude a levá-la para o quarto e depois pegue Condessa e chame Andrew, diga-lhe que o bebê está a caminho.

Enepay correu atrás o pequeno estábulo improvisado aos fundos do pátio, montou na égua branca e galopou o mais rápido que pode até o casarão Bennington.

Há dias ocorria uma reunião após a outra e mesmo se mantendo afastado de tudo, ouvia os rumores de que a única coisa que estava impedindo um massacre no clã do sul eram os esforços do governador pela paz com os nativos.
No mesmo instante que soube da informacão, passou a tramar uma maneira de fugir, esta não seria a parte mais difícil afinal, ele não era um prisioneiro da casa dos Norton. Porém o forte era uma grande prisão e ninguém saia pelos pesados portões sem uma autorização prévia. E mesmo que conseguisse escapar, a pé seriam dias sobre o sol escaldante do deserto até o vale e mesmo que estivesse em plena saúde, certamente morreria durante o trajeto. E é claro não poderia correr o risco de ser seguido e acabar levando os os waikiki até o refúgio de seus irmãos.

Balançou a cabeça e focou-se em encontrar Andrew e este segundo a governanta encontrava-se junto aos irmãos de sua esposa na biblioteca. O garoto caminhou curioso entre os retratos pintados a mão de figuras imponentes em casacos azuis e parou diante da porta entreaberta na qual ouviu o riso resoante de Andrew.

一 Quem diria meu irmãozinho, praticamente um pele vermelha 一 debochou Edward.

一É tão difícil pra você uma vez na vida não ser o centro das atenções meu irmão?

一 Não acho que o nosso pai concorde. Ele me disse outro dia que o tombo que caiu do cavalo foi apenas um aviso do que vai encontrar por ser burro o suficiente a ponto de achar que pode haver um meio termo entre os interesses do estado e dos índios.

一 O governador acredita em mim e isso me basta.

一 Ei rapazes achei que tinham me chamado aqui parar beber e jogar poker, se for pra ouvir reclamações e críticas eu volto para casa, pelo menos vossa irmã tem um rosto mais gracioso. 一 disse Andrew servindo mais uma dose de uísque aos irmãos.

A filha do General - EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now