A promessa - II

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Assim que despertou Elena checou a menina, a temperatura e os sinais pareciam ótimos. Apesar de confiar na ciência, Elena acreditou ser um verdadeiro milagre a criança ter conseguido voltar sem nenhuma sequela do tempo que passou sem conseguir respirar. Beijou-lhe a testa e ajeitou as cobertas antes de deixar a tenta.
O sol já estava alto e ela franziu o rosto assim que saiu e percebeu que havia dormido mais do que devia e todos na aldeia já desempenhavam suas funções diárias. Avistou Tokalah, Enepay e Witchashawakan, junto a kimimela, seu marido e seus filhos, ponderou por um instante se devia se aproximar, mas decidiu que o assunto também era seu. Afinal Wewomi agora era sua enteada e Enepay seu protegido, qualquer coisa que dissesse respeito a eles também dizia a ela.

一 Prefere acreditar na palavra de um mestiço mentiroso do que na de seus irmãos? 一 Kinaukauk proferiu já irritado.

一 Enepay também é meu irmão e Wewomi me disse o mesmo, está chamando minha filha, minha promessa, a detentora da vida de mentirosa?一 Tokalah questionou semicerrando os olhos.

一 Ele não quis dizer isso, meu filho 一 kimimela interveio. 一 Não vamos nos indispor por conta de brincadeiras de crianças.

一 Hauk não é mais um menino, em três ou quatro anos, já terá idade para juntar seus cobertores e ter os próprios filhos, como ele será responsável por uma família se não conhece limites para suas ações?

一Me perdoe grande chefe, 一 o garoto resolveu falar saindo da sombra do pai. Estávamos apenas nos divertindo e o brinquedo caiu na água, não pensei que ela iria atrás dele. 一 Enepay tenta colocar maldade em minha ação, quando na verdade, não passou de brincadeira. 一 Ele disse voltando um olhar inquisidor ao mestiço.

一 Não estou colocando maldade, não é a primeira vez, você queria que eles se machucassem. Sabe disso! 一 retrucou Enepay que imediatamente levou um empurrão de Hauk que o fez cair.

一 Cale a boca mestiço! Fique no seu lugar, devia ser grato aos Mandan por ter acolhido um órfão miserável como você 一 o garoto ralhou empurrando Enepay ao chão e Elena avançou para intervir porém Tokalah colocou o braço a frente dela, impedindo-a e voltando o olhar para o garoto ao chão.

Enepay encarou o rosto de todos e por mais que tentasse resistir ao ímpeto violento que cresceu dentro dele, não resistiu, levantando e devolvendo o empurrão.

一 Eu faço parte dessa aldeia, cumpro minhas tarefas, sou justo na partilha e exijo que me respeite!一 Gritou o garoto e Tokalah recuou um passo, sendo imitado pelos pais do jovem Hauk.

一 Tokah, faça alguma coisa! 一 Elena pediu vendo que uma briga estava eminente a frente dos adultos apáticos.

一 Eles precisam resolver isso, se esta questão crescer com eles, haverá consequências muito maiores que uma briga de garotos. 一 Sussurrou Tokalah e quase que no mesmo instante Hauk avançou sobre Enepay com fúria.

Os dois meninos rolaram pelo chão trocando agressões, tentando um se sobrepor ao outro.

一 Acabe com ele Hauk! 一 Incentivou o pai. Demorou poucos segundos para que o embate chamasse a atenção da aldeia, principalmente dos homens que observavam a cena ansiosos e empolgados com o desfecho.

Hauk consegui se firmar sobre Enepay acertando-lhe o rosto várias vezes com os punhos fechados. Elena observava ansiada a cena, embora seu íntimo a mandasse tentar impedir a briga, percebeu que assim como Tokalah, todos pareciam ter tomado a posição de expectadores. O que dava a entender que havia algo que queriam que fosse aprendido pelos garotos com tais atos.

Enepay finalmente conseguiu se desvencilhar de Hauk acertando-lhe o queixo , invertendo suas posições e acertando seu rosto com uma sequência de socos que fez o jovem cuspir sangue antes de conseguir empurra-lo para longe e conseguir se levantar com o rosto tão ensanguentado quanto o de Enepay.

A filha do General - EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now