Dias de fúria - I

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Tokalah despertou num grito desesperador ,  o coração acelerado e a garganta tão apertada que mal conseguia respirar

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Tokalah despertou num grito desesperador , o coração acelerado e a garganta tão apertada que mal conseguia respirar. Assim que percebeu que não estava naquele pesadelo viu a filha com os olhos arregalados ao encarando-o assustada. Puxou-a para si, aconchegando a menininha junto ao seu peito, enquanto ambos se acalmavam.
Dessa vez, Wewomi não demorou muito para voltar a dormir e o pai já não sabia se ficava aliviado ou ainda mais preocupado pela criança estar se acostumando ao terror noturno que vinha o acompanhado desde aquela noite.

Esperou a pequena estar em sono profundo e depositou mais uma pele sobre ela, deixando a tenda com um poncho de couro negro sob as costas nuas.

Como um fantasma na penumbra, caminhou lentamente até seus cavalos, sentando sob a pedra alta, admirando a beleza da paz que o branco da neve trazia durante a noite. O frio fazia com que os animais se reunissem em grandes círculos protegendo uns aos outros da baixa temperatura. De longe, avistou a alvidez de Condessa, se confundindo a neve.
A égua branca havia votado sozinha, dias depois da troca de prisioneiros que terminou em sangue, mas Elena não estava sob seu lombo.

Pouco lembrava daquele dia, e não teria sobrevivido se não fosse a proteção de Enepay e dos outros guerreiros, mas não fazia questão de buscar aquelas memórias. As perdas eram inestimáveis, Witchashawakan, Mansir, Fera Selvagem e os outros oito que se perderam durante a batalha que sucedeu a morte do homem santo.
E ainda havia Elena e seu filho. Sabia que ela estava viva, Enepay disse que O marido a tirou de lá, antes da luta começar. Por muitas vezes pensou em ir até a cidade dos brancos, trazê-la de volta, mas depois do que teve de fazer, se nem ele mesmo se perdoava, como poderia Elena entender?
Mesmo entendendo os costumes de seu povo, Elena jamais o veria da mesma forma.
Ele mesmo não se via, todas as noites podia ouvir os gritos desesperados de kimimella enquanto ele e outros guerreiros adentraram a sua tenda arrancando seus filhos dos braços dela.
Hauk enfrentou a situação como homem, ajoelhando- se diante de seu líder aguardando com firmeza que a lâmina cortasse sua garganta. Porém o mais novo, gritou chorou, pediu clemência, algo que todos ali sabiam que não poderia ser dado.

O rosto choroso do garoto enquanto ele puxava seus cabelos o obrigando a inclinar a cabeça para traz para que pudesse dar fim aquilo, não saía de sua mente.

一 Meu irmão, ouviu a voz de Lytonia se aproximar. Está frio aqui fora.

一 Está me seguindo agora?

一 Wewomi foi até minha tenda chorando, disse que você teve outro pesadelo, que dormiu e você desapareceu. Ela está com medo do caminhante de sonhos que não te deixa dormir a noite, estava pensando que ele havia te levado.

一 Melhor ela dormir na sua tenda de agora em diante. 一 Respondeu fixando os olhos nos animais.

一 Você fez o que devia fazer, é a nossa lei. A lei que o grande espirito nos ensinou. Kinauhauk sabia disso quando decidiu te desafiar, se ele tivesse vencido teria feito com Enepay e Wewomi. Sabe que ele não a pouparia por ser uma detentora da vida.

A filha do General - EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now