Lendas de vingança e liberdade - O reino massacrado

Capítulo 52

Narrado por Zahara

Não sei quanto tempo se passou desde que fui jogada aqui. Não há luz do sol, e se não fosse pela minha visão feérica eu não estaria enxergando absolutamente nada.

Estou tão cansada. Essa coleira em meu pescoço me faz sentir cada vez mais distante de mim mesma, como se arrancasse de mim minha própria essência. E com Azrael não é diferente. Ele tenta lutar contra isso mas só fica cada vez mais exausto.

Horas? Dias? Há quanto tempo estou aqui?

A única coisa que me mantêm sã e acordada é saber que Azrael está bem ali na frente. Está comigo. Por mais que esteja sofrendo. Seus ferimentos se curam muito, muito devagar devido a sua magia ter sido anulada pela coleira que há em seu pescoço também. Azrael está muito fraco. Ele não se alimenta desde que foi capturado. E o que me deixa mais preocupada é essa sensação confusa que me impede de saber a quantidade de tempo exata que estamos aqui.

É tudo um borrão, as coisas se misturam. Mas quando olho para a cela ao lado e vejo uma linda criatura de cabelos loiros, eu enxergo claramente. O amor que sinto por ele clareia minha visão. Estou tão fraca que mal posso falar.

— Azrael... — Tento chama-lo e ele olha imediatamente para mim, seu olhar carregado de preocupação.

— Não diga nada, vai gastar suas energias. Concentre-se em continuar respirando, tudo bem? — Ele diz. Azrael é forte. Ele não está tão fraco quanto eu. Mas em breve estará.

— Eu não... não consigo. — Sussurro. — Não consigo mais lutar contra isso. — Eu estava sentada contra a parede, mas caio deitada no chão, sem forças.

— Aguente apenas mais um pouco, minha pequena. E tudo isso vai acabar. — Ouço sua voz, distante.

Ele não está tão preocupado quanto eu. Ele tem certeza que vou conseguir me livrar disso e ainda por cima matar Ydris, por mais que eu não aguente o peso nem do meu próprio corpo. Mas eu confio nele. Confio no destino, por mais que eu o tema.

Ouço o barulho de portas se abrindo. Alguém está vindo aqui. Ouço passos também.

Zahara, você precisa lutar contra isso! Recupere o controle sobre seu corpo, agora!

Digo para mim mesma. Alguém para diante de mim. Agamenon. Tento me sentar novamente.

— Zahara, me enviaram para busca-la. — Ele diz e sua expressão é pesarosa. Agamenon abre a cela. — Eles querem me torturar, me fazendo trair meu próprio povo levando você para a morte certa. — Ele diz, enfurecido. — Isso vai acabar logo. — Agamenon entra na cela e me pega no colo.

Eu tento lutar contra ele.

— Não, não quero que me leve! — Imploro, mas não porque estou com medo da morte. Eu nunca a temi. — Não me leve para longe de Azrael, por favor. — Digo e Agamenon se aproxima da cela de Azrael comigo.

O demônio coloca uma mão em meu rosto, me acalmando e segura minha mão com a outra.

— Não se esqueça de mim, meu amor. Não se esqueça que amo você. — Ele diz, vejo lágrimas escorrendo de seu rosto.

— Não, eu imploro. Não me abandone, não deixe que ele me leve para longe de você. — Peço e Azrael sorri tristemente para mim.

— Quando olhar para as estrelas, lembre-se de mim. — Ele diz e assente para Agamenon, que começa a se afastar.

— Não! Azrael, Azrael! — Grito desesperadamente.

— Eu voltarei aqui para ajuda-lo, tirarei ele daquela cela assim que puder, está bem? — Agamenon promete, mas já não tenho mais forças para responde-lo ou lutar contra isso. Eu fecho meus olhos.