Capítulo 18

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Narrado por Zahara

Eu e Azrael cavalgamos pelas ruas de Arthland até chegarmos no centro, próximos da propriedade real na cidade. A mansão é protegida por grandes muros e há guardas nos portões e em volta do muro. E provavelmente a parte de dentro também é cheia de guardas. Observando tudo de longe acima do meu cavalo, vejo algo. Um guarda retira a espada da bainha e a lâmina está suja com um tipo de tinta negra.

— Aquilo é o que eu estou pensando? — Pergunto a Azrael.

— As espadas foram banhadas em sangue de demônio. — Ele fala, observando os outros guardas.

— Acha que o rei Ydris se aliou aos demônios, para ter feito isso? — Indago.

— Isso faria sentido. O rei quer você e os demônios querem a mim. Eles sabem que estamos juntos e devem ter unido forças para nos capturarmos. — Azrael parece preocupado. Bom, eu sei como ele se sente. Estar sendo caçado como um animal.

— Isso explicaria o porquê aqueles três demônios que você matou queriam a mim também. Mas eu não entendo porque o rei me quer tanto. O que ele quer de mim, afinal? — Ele não me responde, apenas continua observando os guardas.

— Há outros como eu lá dentro. Os guardas posicionados aqui fora só servem para não deixar pessoas comuns entrarem. O que realmente impede pessoas como nós já está lá dentro. — Ele observa. — Você me disse que elfos possuem magia. Quais eram os poderes dos seus pais? — Azrael me pergunta.

— Minha mãe era uma druida, o poder dela envolvia vida e cura. Meu pai controlava os céus por meio de seus raios. Seu poder foi herdado de gerações e gerações de reis do nosso povo. Mas o que isso tem a ver?— Azrael olha para mim, um olhar desconfiado e pensativo.

— Isso significa que você herdaria os dois tipos de poderes? — Ele faz outra pergunta ao invés de me responder.

— Talvez, mas é muito raro. Normalmente as crianças herdam apenas um dos dons. Ou possuem um dom diferente dos pais. Por que está me perguntando tais coisas Azrael? — Ele volta a observar os guardas, sua expressão é de como se ele tivesse acabado de compreender algo. E não quer me dizer.

— O quão raro? — Ele indaga novamente.

— Apenas uma vez ocorreu. O tataravô do meu pai, o rei, teve dois filhos. Uma das crianças, príncipe Aslaug, herdou seu poder sobre os raios e as chamas selvagens da mãe. isso ocorreu há 2000 anos atrás. Ele cresceu e se tornou o rei mais poderoso da história do nosso povo. — Conto.

— E o que houve com ele? — Azrael pergunta.

— Há 600 anos ele foi morto por uma criatura desconhecida na época, muito poderosa. Ele não havia tido filhos nem se casado. Então seu irmão Ludvik assumiu o trono. Guerras aconteceram, reis morreram. O filho de Ludvik e avô do meu pai, assumiu o trono depois dele. — Conto a história da minha família. — E meu pai tinha 400 anos quando foi assassinado por Ydris. — Termino.

— Aslaug foi morto por um rei demônio. — Azrael fala, simplesmente. Eu me viro para ele, chocada com tal informação.

— Como sabe disso? — Pergunto, incrédula. Azrael solta um suspiro cansado.

— O mesmo rei que matou Mora, matou o antigo rei do seu povo. Quando cheguei nesse mundo ele já estava morto. Foi esse rei quem dizimou aquele reino inteiro, colocando a culpa em mim. — Eu levo um tempo para assimilar tanta informação.

— E quando ia me contar tudo isso? — Pergunto chocada, furiosa por ele não ter desmentido tudo isso para mim antes. - Esse tempo todo eu achei que você era um genocida, e agora me diz que foi aprisionado por algo que não fez? -

— Não achei que faria diferença se você soubesse. E não tinha como saber que esse tal de Aslaug era seu parente. — Azrael fala, me fazendo bufar.

— É do meu povo que está falando, não importa se ele era ou não meu parente! Devia ter me contado antes.— Esbravejo. Azrael revira os olhos.

— Estou contando agora, não estou? — Ele fala, irritado comigo.

— E onde está seu rei demônio agora? — Pergunto. E por que ele matou Aslaug?

— Provavelmente governando Ilium. —

— Como assim? O rei Ydris é o rei e governante de Ilium. — Azrael me olha e um estalo me vem a mente. — Não, não pode ser... — Digo, completamente incrédula.

— Ydris é na verdade um rei demônio do meu mundo. Só isso explicaria como ele dizimou seu povo e fez tudo isso. — Eu quase caio de cima do meu cavalo com tal especulação. E o pior de tudo é que isso faz total sentido.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWhere stories live. Discover now