Capítulo 20

2.3K 303 55
                                    

Narrado por Zahara

Não sei o que deu em Azrael mas foi bom ver ele tentando me reanimar, me incentivando a não desistir. Acho que se fosse há algumas semanas atrás ele não daria a mínima. Mas para ser sincera eu também não dava a mínima para ele, só o queria como uma arma, um parceiro de guerra. E deixei claro isso isso no início. Mas agora tudo parece diferente.

Quando ele me toca, meu corpo se arrepia. Quando ele fala comigo, meus ouvidos se inclinam para escutá-lo mais claramente. Quando o vejo sorrir, meu coração queima. O que está havendo comigo?

Quando deixei de encará-lo como um monstro e comecei a vê-lo como um amigo? Não que isso seja um problema, não necessariamente. Mas nunca senti isso por ninguém. Bom, nunca tive muitos amigos para passar por isso, na verdade. Será que Azrael está passando pelo mesmo impasse? Certamente não. E por que pensar nisso faz meu peito se apertar? AH! Estou ficando maluca, e a culpa é deste demônio!

— Estou com fome. - Azrael fala — deitado na cama.

— Você sempre está com fome. — Digo enquanto observo a rua lá fora pela janela.

— Ninguém vai sentir falta de um humano qualquer se eu lhe devorar o coração. — Eu suspiro, já cansada de dizer a ele o motivo de não poder fazer isso. Talvez se eu explicar melhor ele entenda.

— Há um feitiço na cidade colocado por humanos praticantes de magia, que mostra aqueles que foram mortos por causas não naturais e marca a criatura assassina. — Explico e me sento numa cadeira velha. — Se passarmos por uma dessas pessoas com certeza verão a marca em nós por estarmos envolvidos na morte daqueles homens no beco. — Conto, preocupada.

— Não importa, eu mato quem quer que cruzar meu caminho. —

— Esses humanos são poderosos Azrael. Daria um trabalho e tanto mata-los e cobraria muita da nossa energia preciosa. Se contente apenas com o meu sangue até sairmos dessa cidade. —Falo e ele se levanta e caminha até mim, ficando de pé na minha frente.

Azrael segura meu queixo com a mão e levanta minha cabeça para que eu possa olhá-lo nos olhos.

— Então mate a minha fome, Zahara. Sacie meu desejo pelo o que almejo. — fala. — Sabe, eu gosto de brincar com a comida. — Azrael me levanta da cadeira, me puxando pelo pescoço.

— Não sou sua comida, cretino. — Digo levemente irritada. Ele sorri, provavelmente se divertindo com minha raiva.

— Não seja estrega prazeres princesa. Se comporte como um bom almoço. — Azrael fala, e eu sei que ele só disse isso para me ver furiosa. Para ver como eu reajo diante das suas provocações. Eu resolvo entrar em seu jogo.

— Sabe Azrael, nós elfos também temos presas e garras afiadas como bons predadores naturais. — Digo mostrando os dentes em forma de ameaça. Ele sorri, se divertindo com a situação.

— Então morda-me princesa, e me mostre suas garras. — Ele fala e é a minha vez de sorrir cruelmente.

— E qual seria a graça se apenas eu sangrarei aqui? — Pergunto. Azrael parece estar adorando tudo isso.

— Sangrarei por você se é assim que deseja. — Ele sussurra em meu ouvido de forma provocante.

Essas palavras fazem meu coração pulsar, não só de desejo mas também de outra coisa. Ele estaria disposto a sangrar por mim? Isso diz muita coisa. Seja lá o que sinto por ele ou o que Azrael sente por mim, vou deixar isso de lado e me divertir um pouco.

Levo meu dedo até seu pescoço e com minha longa unha traço um risco, cortando-o. Sangue negro escorre do corte. Eu limpo com meu dedo e o levo até a boca. Tem um gosto forte e marcante, porém não é ruim. Estou mesmo bebendo sangue de demônio... e gostando?

— Olhe no que está me transformando Azrael. Em uma sangue suga como você. — Falo, ele me empurra até a parede ao lado da cama e antes que eu perceba Azrael já cravou seus dentes na minha garganta, me fazendo soltar um gritinho de dor. Não, hoje vou dificultar as coisas para ele.

Eu o empurro, fazendo desgrudar suas presas de mim e antes que ele perceba eu cravo as minhas presas em seu pescoço, segurando o com minhas mãos para não escapar. Eu sinto o gosto de seu sangue preencher minha boca, me fazendo puxar ainda mais para fora de suas veias assim como ele puxa o meu. Eu bebo seu sangue como vinho, me embebedando dele por longos minutos. Azrael coloca sua mão em minha cabeça, empurrando-me como se me incentivasse a beber mais e mais.

Precisando respirar um pouco eu o solto, puxando ar para dentro dos meus pulmões. Sinto sangue escorrendo pela minha boca e queixo.

— Minha vez agora. — Ele fala e volta a cravar suas presas em mim novamente. Ele pressiona sua cintura em mim, me apertando contra a parede e fazendo meu corpo queimar. Um calor toma conta de mim. Desejo. Meu corpo deseja Azrael incessantemente. Tento lutar contra isso mas sinto que estou perdendo...

Eu o desejo. Sei disso. Já senti desejo por outros homens antes. Mas há algo mais que desejo queimando em mim. Algo que não posso controlar. Algo que me incomoda, irrita. Azrael afasta seus dentes do meu pescoço e me encara, olhando nos meus olhos com meu sangue lhe manchando a boca. Não estou muito diferente dele.

Será que Azrael me deseja tanto quanto eu o desejo?

Por um segundo, foi como se tudo estivesse congelado. Sinto que algo muito ruim vai acontecer.

— Espere. — Falo. Ele imediatamente descola de mim e me olha, percebendo o medo na minha voz.

— O que fo... — Ele começa a dizer e então cai de joelhos com um grito dor.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt