Capítulo 15

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Narrado por Zahara

Preciso ir até a casa de Lydia para pegar um pouco de dinheiro e tenho que fazer isso rápido. Nessa parte da cidade a noite é uma hora perigosa para pessoas andarem sozinhas por aí. E se eu trouxesse Azrael comigo ele certamente devoraria alguém no meio do caminho e pioraria tudo.

Ando cerca de cinco quadras e vejo Lydia entrando em sua casa, a mulher de meia idade cujo matei o marido que a machucava constantemente.

— Zahara? — Ela chama quando me vê. Eu sorrio. — O que veio fazer em Arthland? — Eu me aproximo dela e nos abraçamos.

— Vim pedir a ajuda de uma amiga. — Falo e ela me leva para dentro de sua casa.

— Ouvi alguns homens dizendo que há uma bruxa na cidade. Está envolvida nisso? — Ela me pergunta e eu suspiro.

— Certamente é de mim e meu companheiro que estão falando. — Me sento á mesa junto com Lydia e ela me serve um pouco de chá.

— Disseram que é um homem alto com longos cabelos loiros. E olhos negros de demônio. No que se meteu, Zahara? — Ela pergunta novamente, mas antes de responder tomo um gole do chá.

— Não se preocupe, ele está me ajudando em algo. — Lydia sabe que sou feérica, mas não que sou eu a princesa perdida dos elfos da floresta. — Nós precisamos ficar alguns dias na cidade. E de um pouco de dinheiro. — Peço.

— Fique quanto tempo precisar, sabe que sempre haverá um quarto no alojamento para você. — Lydia ficou com o prédio quando o marido morreu. E também com todo o dinheiro do homem. Que por sinal não era pouco. Ela é uma mulher bondosa, diferente do homem que a maltratava e a obrigava fazer coisas contra sua vontade do qual foi obrigada a se casar. — E sobre o dinheiro... — Ela se levanta e vai até uma grande estante.

De lá ela tira um saco cheio de moedas de ouro, cerca de três quilos. Lydia coloca o dinheiro na mesa.

— Não precisa se desfazer de tanto, apenas uma pequena quantia será o bastante para mim... — Começo a dizer mas ela me interrompe.

— Isso não fará falta para mim. Estou apenas retribuindo o favor que me fez. Me parece justo. — Depois de um instante eu cedo.

— Obrigada Lydia. — Digo e me levanto. — Gostaria de ficar mais para conversarmos mas já escureceu. Preciso voltar antes que alguém morra. — Falo ela me acompanha até a porta.

— Tome cuidado, Zahara. As pessoas aqui não gostam de forasteiros. — Ela diz e fecha a porta.

Eu começo a fazer o caminho de volta para o alojamento. Depois de alguns minutos andando, noto que estou sendo seguida, mas não ouso olhar para trás. Ouço passos atrás de mim. Passos de mais de uma pessoa. Eu começo a andar mais rápido. Certamente são ladrões querendo tirar vantagem de uma mulher sozinha. Para tentar despistá-los viro á esquerda. Pro meu azar, é uma rua sem saída.

— Droga... — Sussurro, me virando para trás.

Apesar de estar escuro, consigo identificar os homens que estão me perseguindo. São três daqueles quatro homens da taverna. Eles se aproximam de mim. Com medo, eu me afasto até não ter mais para onde ir. Como vou conseguir fugir ou escapar de três homens desses?

— Oi de novo gracinha. Como estava a cerveja? — Um deles diz, se aproximando de mim.

— Se quer meu dinheiro, é todo seu. — Digo, implorando internamente para que aceitem e vão embora. Mas eles riem de mim.

— Certamente levaremos seu dinheiro. Mas queremos algo mais de você, bruxa. — Ele diz.

— Não sou uma bruxa. — Falo.

— Não se preocupe, não vamos queimá-la. Pelo menos não antes de nos divertimos um pouco com você, não é rapazes? —Todos eles riem, suas risadas carregadas de maldade e malícia.

— Por favor não... — Imploro, mas um deles me segura pelo braço direito, enquanto outro me segura pela esquerda.

Tento me soltar, mas não sou forte o bastante para eles. Enquanto sou segurada, o terceiro homem rasga minha camisa, deixando meus seios á mostra. Lágrimas escorrem dos meus olhos quando ele os agarra.

— Não! — Grito tentando resistir mais uma vez e sou atingida com um tapa no rosto.

— Se comporte e prometemos que não seremos tão impiedosos. — Ele fala e rasga o resto de minha camisa, deixando meu peito todo á mostra. Tento gritar, mas um dos homens que está me segurando tapa minha boca. Então é isso, serei violentada e depois queimada? É isso que ganho depois de ter lutado tanto por minha liberdade?

"não"

Ouço uma voz na minha cabeça. E então o homem que estava diante de mim tem o coração arrancado, bem na minha frente. Quando ele cai no chão, vejo quem estava atrás dele.

— Azrael! — Chamo desesperadamente, quase caindo de joelhos diante do alívio que senti por ele ter chegado a tempo do pior acontecer.

Os dois homens que antes me seguravam me soltam e eu corro para os braços de Azrael, chorando como uma criança desorientada. Ele me envolve com seus braços, me protegendo. Seu rosto está petrificado. Seu olhar é mortal e frio como gelo. Nunca o vi tão furioso. Posso sentir a pura raiva que é emanada dele. Com um pequeno gesto de sua mão, suas sombras atacam os dois homens como lobos selvagens famintos.

Sombras penetram seus olhos, nariz, boca e ouvidos. Eles caem de joelhos no chão, aterrorizados com a escuridão do demônio que os atormenta. E quando as sombras de Azrael saem de seus corpos, eles apodrecem instantaneamente, como plantas murchando.

Me sentindo humilhada e suja, mais lágrimas escorrem por meu rosto.

— Eu estou aqui. — Azrael diz. Sua voz é acolhedora e suave, completamente diferente do olhar gélido que ofereceu aos homens que agora estão mortos no chão.

Ele põe seu casaco em mim, para que eu cubra meus seios nus.

— Como me encontrou? — Pergunto em um sussurro.

— Eu a ouvi gritar. — Ele diz, colocando a mão sobre minha cabeça, a pressionando contra seu peito. Eu choro ainda mais alto.

— Eles iam... iam... — Tento dizer mas não consigo.

— Você está segura agora. — Azrael fala e me leva de volta para o alojamento.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu