Capítulo 47

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Narrado por Zahara

Quando acordo sinto os primeiros raios de sol iluminarem o ambiente. Por um segundo achei que veria Azrael deitado ao meu lado, apenas esperando que eu despertasse para que pudesse me beijar como uma forma de desejar bom dia.

Tudo parece tão estranho e frio sem ele. A incerteza de não saber onde ele está ou se está bem me corrói por dentro de pouco em pouco.

Ouço uma batida na porta e a abro quando sinto o cheiro de Agamenon. Ele entra.

— Bom dia, princesa. — Ele diz com uma reverencia.

— Eles o encontraram? — Pergunto sem rodeios, nervosa e ansiosa pela resposta.

— O demônio que enviaram chegou há uma hora. Ele confirmou a informação e só então me deixaram sair do castelo. Vim o mais rápido que pude.— Agamenon diz.

— Eles não o tentaram capturar ou feriram ele? Apenas foram lá para ver se realmente estava lá? — Pergunto.

— Foi o que me disseram. Se o demônio enviado o atacasse certamente morreria pelas mãos de Azrael e a informação não chagaria até o rei. Então não, ele não foi ferido. — Ele explica e solto um suspiro de alívio. Ele está bem. Pelo menos por enquanto.

— E agora? — Indago, andando em círculos.

— Enquanto conversamos Ydris reúne seus demônios para lhes dar ordens de como capturar ele evocê, até porque até onde o rei sabe você também está lá. —

— Quando agiremos? — Pergunto.

— Ao anoitecer quanto os demônios já tiverem partido. Há um túnel secreto no castelo que dá acesso ao esgoto da cidade, é por lá que entraremos. Teremos que ser rápidos, agir antes que os demônios retornem. —

— Você acha que eles o matarão quando o encontrarem e eu não estiver lá? — Pergunto, com medo da resposta. Agamenon suspira.

— Eu não sei. Não ouvi as ordens especificas do rei. Mas acho que eles o trarão até aqui para que Ydris resolva o que fazer com ele.—

— Eu espero que sim. Ou que Azrael mate todos eles. — Falo, me sentando na beira da cama. — Acha que vou conseguir, Agamenon? — Pergunto, temendo o que o futuro reserva para mim e meu povo.

— Tenho certeza que conseguirá libertar a todos, Princesa. Você é a pessoa mais qualificada para isso, um símbolo luz e esperança para todos nós. — Eu me sinto um pouco mais confiante, mas continuo nervosa.

— Sobraram muitos de nós ainda? — Pergunto a ele.

— A maior parte das mulheres sobreviveram e trabalham em todos os tipos de serviços no castelo. Os homens que lutaram há 11 anos morreram, sobrando apenas os que foram totalmente rendidos. Ydris os posicionou em seu próprio exercito e são usados como armas. Sempre que algum deles se recusa a fazer alguma coisa, outro é morto no lugar. — Ele conta me deixando aterrorizada e aliviada por ter restado sobreviventes. E não são tão poucos quanto eu imaginava.

— Eu me pergunto como Ydris se tornou rei de Ilium. Ele não tem olhos negros de demônio e não age como um. Como ele engana as pessoas? — Pergunto, tentando entender. — E Ilium foi um dos primeiros reinos do continente, já existia antes mesmo dos demônios migrarem para cá. — Há algo a mais nisso tudo que eu não sei explicar.

— Eu tenho minhas teorias. Mas não importa. Os conselheiros e importantes lordes das terras de Ilium não aprovam as ações do rei. Porém não dizem nada, vivem temendo suas vidas e de suas famílias. Eles não queriam guerra contra o nosso povo. Nós podíamos ser aliados poderosos. Quando Ydris cair, seus conselheiros assumirão o governo em seu lugar. Eu venho conspirando junto a eles. — Fico surpresa.

— Como assim conspirando? Eu sequer sabia que eles não aprovavam as ações de Ydris. — Digo.

— Eles estão dispostos a nos ajudarem a reconstruir nossos lares e oferecerão nossos tesouros de volta, se quando tudo isso acabar fizermos uma aliança com Ilium. A verdadeira Ilium, que estará em boas mãos. — Isso me faz sentir aliviada e contente. Uau. Afinal acho que isso pode dar certo.

— Isso é incrível Agamenon! Você fez um ótimo trabalho em todos esses anos. Há outros com você? — Pergunto me referindo a nossa raça.

— Osíris, Cameron e Kira. — Kira, eu me lembro dela. Era a conselheira e diplomata de meu pai. Cameron era um general e Osíris... não me lembro dele.

— Quem é Osíris? —Pergunto.

— Ele era responsável pelo o que entrava e saía do tesouro real. Quando casas e prédios precisavam ser erguidos, ele quem autorizava. Tudo que envolvia gastos. Ele cuidava do dinheiro. Juntos, eles eram do conselho real que seu pai formou. Eles quem a ajudarão a governar, Zahara. — Eles serão muito úteis.

— Governar? Eu não sou qualificada para isso. - Digo em um suspiro. — Acho que esses membros do conselho também achariam isso. — Agamenon se senta ao meu lado.

— Eles três foram escolhidos para assumir o comando quando e se retornássemos. Mas certamente você quem ocupará o trono e usará a coroa, Vossa Majestade. Você vem lutando por nós desde seus nove anos de vida e não desistiu até hoje. Fez o inimaginável e alcançou o inalcançável. Tudo isso para nos libertar. Certamente você é a melhor escolha para governar. O trono é seu por direito. Reivindique-o. — As palavras dele acalentam meu coração. — Eles certamente estarão mais que dispostos em ajuda-la e aconselha-la. — Eu sendo rainha. Eu imaginei que esse dia iria chegar mas nunca que seria tão cedo.

— Eu serei a rainha mais jovem da história do nosso povo. Vão confiar em minha liderança e em minhas decisões? —

— Confiamos nossas vidas a você princesa. Nosso povo a apoiará com toda a certeza. Não se preocupe com isso. —

— E onde está o conselho agora? Contou a eles sobre mim, sobre Azrael? — Indago.

— Eu mostrei a eles tudo o que precisavam ver, contei tudo o que precisavam saber. Não imagina a alegria quando disse que estava viva. Que estava vindo nos salvar finalmente, junto com uma criatura poderosa e capaz de matar exércitos inteiros de soldados. —

— Não disse que Azrael era um demônio. Não foi? — Pergunto, triste por Azrael ser tão julgado sem que o conheçam.

— Eles saberão na hora certa e o apoiarão. Foi a melhor escolha a se fazer. Eles não confiariam em você ou nele tanto quanto estão confiando se soubessem. Levaria tempo para eles entenderem. —

— Você entendeu. Por que com eles seria diferente? — Indago. Agamenon suspira.

— Paciência, princesa. Todas as suas perguntas serão respondidas no tempo certo. — Ele diz e eu bufo, mas assinto. — Preciso resolver algumas pontas soltas em nosso plano. Voltarei para busca-la na calada da noite e cortaremos a cabeça da serpente. —

Então Agamenon foi embora, me deixando só novamente.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWhere stories live. Discover now