Lendas de vingança e liberdade - O reino massacrado

Capítulo 32

Narrado por Zahara

Olho ao redor mas há muitas pessoas dançando, é difícil de localizá-lo rapidamente. Começo andar a sua procura, tentando achar Azrael. Só espero que ele não esteja se metendo em problemas...

— Procurando por algo? — Alguém pergunta atrás de mim. Eu me viro e deparo com Azrael sorrindo para mim, uma mão atrás da costa.

— Já encontrei o que preciso. — Digo lhe olhando nos olhos, mergulhando na escuridão que há ali.

Ele tira uma linda coroa de flores que estava escondendo atrás de si, me fazendo soltar um riso animado, encantada pela linda coroa.

— Onde encontrou? Não achei ninguém que estivesse vendendo. — Pergunto, admirando-a ainda em suas mãos.

— Eu acabei de fazer. Não foi difícil de encontrar as flores, elas estão por toda parte. — Ele diz e a coloca no alto da minha cabeça.

— Você a fez... pra mim? — Pergunto, um pouco emocionada com sua ação.

— Não ficou muito firme, acho que não as prendi da maneira certa. Talvez eu devesse ter pedido que alguém a fizesse, ficaria melhor... — Eu o interrompo colocando um dedo e sua boca, silenciando-o.

— Ficou mais que perfeita. Obrigada, de verdade. — Agradeço e tiro o dedo de sua boca. — No meu povo, quando comemoramos o equinócio de primavera os rapazes costumam cortejar as moças lhes presenteando com coroas de flores. Eu era muito nova mas me lembro claramente disso. — Conto, nostálgica.

— Bom saber, assim saberei como cortejar algumas feéricas da sua corte.— Ele fala, divertimento brilhando em seus olhos.

— Cretino! — Digo lhe dando um tapinha no peito. Azrael ri, uma risada alegre e gostosa. — Venha, vamos dançar. — Falo o puxando para onde as pessoas estão dançando.

— Eu não sei dançar.— Azrael está relutante.

— Vou lhe ensinar então. Essa dança é bem simples. Coloque essa mão em minha cintura e com a outra segure minha mão. — Digo e ele faz como sugerido. — Agora é a parte mais simples, ande para frente, para trás e para os lados, como os outros estão fazendo — Azrael observa as pessoas e então nós começamos a dançar.

— Você é uma péssima professora. — Ele diz, rindo de mim.

— Desculpe se fui obrigada a aprender a cortar uma garganta antes de dançar. Sabe como é. — Respondo e o ritmo da musica acelera.

Azrael aprendeu rapidamente a dança, e aos poucos seus passos vão evoluindo de acordo como observava os outros dançarem. Ele me faz dar uma voltinha me fazendo pensar que vai me soltar, então me puxa de volta e eu me choco contra seu peito.

— Você aprendeu rápido. — Digo em um sorriso, começando a ofegar levemente.

— Sou um bom observador. — Ele diz e os passos aceleram mais uma vez com a música.

Narrado por Azrael

Estar aqui dançando com Zahara e a vendo sorrir alegremente como se fosse a pessoa mais feliz do mundo enquanto a música toca me faz me sentir como nunca antes. A alegria dela me contagia cada vez mais e eu me solto, dando voltas e voltas conforme dançamos.

Eu esqueço tudo o que está acontecendo ao nosso redor e ignoro todas as outras pessoas. Me concentro apenas na elfa diante de mim e em seu lindo rosto angelical enquanto ela ri como uma criança. Percebendo que a música está prestes a acabar, faço a dar um último giro e a puxo contra mim ao mesmo tempo que me inclino até ela, então a música para.

Estamos encarando um ao outro, ofegantes por termos dançado por vários minutos seguidos. Não desvio o olhar do dela e nem ela do meu, ficamos ali em silencio apenas nos encarando.

— Eu poderia fazer isso por anos. — Digo por fim, admirando-a.

— Dançar? — Ela pergunta.

— Olhar para você. — Respondo e seu olhar parece se iluminar ainda mais, e sou agraciado com um lindo sorriso seu.

— Sou tão bonita assim de se olhar? — Ela indaga, provavelmente pensando que não fui sincero em minhas palavras.

— É mais bela que qualquer pôr do sol. Que qualquer noite estrelada. Mais bela que qualquer campo florido de primavera. Olhar para você e vê-la sorrir é como admirar o arco-íris que surge depois da tempestade, mostrando a todos que sempre há algo bom à sua espera. — Digo e noto que seu olho fica levemente molhado em lágrimas.

— Ninguém me disse algo tão lindo em toda minha vida. — Ela sussurra, tentando disfarçar a emoção com outro sorriso.

— Você tem iluminado minha vida com seus sorrisos, Zahara. Estar com você me fez ver que não importa o quão ruim é a minha situação, tê-la comigo melhora tudo. E finalmente aceitei o fato de que não importa o quanto tento resistir, sempre vou querer estar ao seu lado. Do amanhecer ao anoitecer. — Confesso. Finalmente ter colocado tudo isso para fora pareço ter libertado um peso de meu coração.

— Está mesmo sendo sincero? — Ela pergunta, realmente admirada e surpresa com minhas palavras.

— Nunca fui tão sincero. Estar com você me completa. Me permite sonhar. — Falo. — Talvez eu só esteja sendo tolo em pensar que algo tão bom pode me acontecer, mas é isso que você me causa. Você me dá esperança. Sei que talvez você não me encare dessa forma mas... — Sou interrompido antes mesmo de terminar de falar.

Zahara cola nossos lábios em um beijo suave e carinhoso, me surpreendendo. Eu a correspondo e a beijo de volta com a mesma suavidade e delicadeza, expressando por meio do meu beijo que disse a verdade.

— Do amanhecer ao anoitecer? — Zahara diz quando nossas bocas se afastam.

— Do amanhecer ao anoitecer. — Prometo a ela.