Capítulo 38

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Narrado por Zahara

Estamos há poucos dias da capital. Quanto mais nos aproximamos mais movimentadas ficam as estradas com mercadores e lordes que vem e vão para todo lado.

Eu fico cada vez mais preocupada com o fato do meu poder não ter se manifestado. E eu nem sei qual deles herdei! Isso me deixa inquieta. Como vou matar um rei demônio e seu exército apenas com minhas facas? Azrael disse que havia algo diferente em mim, mas ainda sim nada. Isso me deixa muito ansiosa e irritada.

— Qual é o plano de Ydris no final das contas? — Pergunto a Azrael. 

— Seu objetivo era trazer a maior quantia de demônios para esse mundo e toma-lo de vez, tornando-se um imperador. —

— Mas ele já trouxe muitos com ele antes, porquê não trouxe todos de uma vez? — Ele suspira.

— Pelo o que sei, o portal precisaria ser maior para que mais tropas pudessem passar por ele. —

— E porque ele ainda não fez isso? — Azrael dá sinais de que começará a se irritar com minhas perguntas intermináveis.

— O preço a se pagar é alto. — Ele diz somente, nada específico. Talvez ele não saiba, por isso não me conta. — Vamos parar, já está tarde e todos precisamos descansar, inclusive os cavalos. — Ele diz e nós paramos.

Noto que quanto mais perto chegamos de Carceryn mais tenso e irritadiço Azrael fica. Ele parece incomodado com algo. Talvez seja a presença de inúmeros demônios como ele que o esteja deixando nervoso.

— Azrael, matar Ydrys não será o fim. Ainda teremos uma pequena legião de demônios para enfrentar que certamente vão querer ocupar o lugar do rei. — Estamos ferrados.

— Mataremos todos. Simples. — Azrael acende uma fogueira para iluminar o ambiente.

— Falar é fácil. — Digo jogando uma pedra nas chamas. — Chegaremos na capital em pouquíssimos dias e nosso plano é cheio de crateras, não furos. — Me sinto frustrada e impotente.

— Viemos até aqui não viemos? No final das contas vamos morrer de qualquer forma. — Ele não está de bom humor.

Eu me aproximo por trás de Azrael que está ajoelhado diante do fogo observando as chamas crepitarem. Envolvo meus braços em volta dele, me apoiando em sua longa costa. Ele os segura com suas mãos enquanto em inspiro o cheiro de seu cabelo.

— Ficar assim não ajuda em nada, Azrael. Eu confio no seu potencial, sei que poucos são páreos para o seu poder. — Digo.

— Sãos esses poucos que me preocupam. Certamente há outro feiticeiro lá pronto para nos acorrentar em amarras invisíveis dentro da nossa própria mente. — Ele solta outro suspiro cansado. — Zahara, assim que pisarmos na cidade eles sentirão minha presença e seguirão o rastro do meu poder até nos. — Isso será muito, muito difícil.

— Quer dizer que assim que pisarmos na capital precisaremos agir imediatamente? — Indago.

— O mais rápido possível. — Ele diz baixinho e me puxa, fazendo eu sair de trás dele e ir me sentar contra seu peito.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas aproveitando a sensação de sentir um ao outro.

— Toda vez que me sinto bem ao seu lado ou feliz com alguma aventura nossa eu me lembro daqueles que estão sofrendo. Preciso lutar pelo meu povo. É apenas por causa deles que eu continuo. Se fosse apenas eu, estaria contente em apenas ter você. — Digo, me aconchegando mais no peito de Azrael.

— Nós venceremos essa batalha contra Ydris. E então nossa dívida de vingança e liberdade estará paga. — Ele diz e eu fecho os olhos.

— Eu não me importo com mais com tais coisas. Meu único objetivo nisso tudo é livrar todos que sofrem nas mãos nesse rei tirano. —

— E meu único objetivo é estar ao seu lado, aconteça o que acontecer. — Ele diz, e eu me permito sorrir.

— E o que exatamente isso significa? — Indago, querendo saber seu motivo de estar tão loucamente cego em fazer minhas vontades.

— Por que eu te amo. — Ele sussurra e eu me viro para olha-lo nos olhos.

— O que disse? — Pergunto, não acreditando nessas palavras.

— Que amo você, Zahara. De toda minha alma e de todo meu coração. — É a primeira vez que ouço essas palavras dele. Que me ama.

— Ama mesmo? — Persisto.

— Amo. Eu preciso de você. Tanto quanto as ondas precisam do mar, a estrelas precisam da noite e a vida precisa da luz. — Um riso me escapa.

— Para um vilão, você é muito bom em declarações de amor, Azrael. — Digo lhe abraçando de frente desta vez. — E é por isso que eu também te amo. — Digo e ele me aperta mais firme contra ele.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWhere stories live. Discover now