Capítulo 1

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Narrado por Zahara

O castelo está vazio por dentro. As paredes de pedra estão com arranhões grandes e profundos. O que teria garras grandes o bastante para fazer tal coisa? Eu continuo andando pelo salão principal. Vejo uma grande escadaria, que leva até o alto de uma torre. Ouço uma voz dentro da minha cabeça, rastejando no meu cérebro, áspera como uma serpente.

"suba, Zahara."

Apesar de estar um tanto desconfiada, é como se o que estivesse lá em cima me atraísse. Decido então subir até lá. Depois de um tempo subindo a escadaria que parecia ser infinita, eu chego no topo da torre. Tenho a sensação que esse castelo vai desmoronar sobre mim a qualquer momento.

Há uma porta solitária no fim da escada. Eu coloco a mão na maçaneta, mas antes de abrir a porta uma memória antiga me atinge.

Eu tinha apenas 9 anos, na noite antes de todos serem assassinados na floresta. Naquela noite, meu pai havia me contado uma história de um guerreiro sombrio, um anjo da morte. Criatura do qual invadiu nosso mundo para conquista-lo. E é como se eu estivesse nessa história, no castelo em que ele foi amaldiçoado a passar a eternidade...

— Azrael. — Sussurro. A lenda é real? Eu abro a porta e entro.

— Quem chama por mim? — Ouço alguém dizer. Uma voz cruel e maliciosa. Meu coração gela, amedrontado. Me viro para voltar, mas a porta atrás de mim está trancada. Este é o lugar perfeito para eu morrer. Uma princesa esquecida, em um castelo esquecido.

O lugar está pouco iluminado e eu ouço barulho de correntes no fim da sala. Não tenho coragem para me virar e encarar o que quer que esteja ali. Eu odeio essa sensação de medo e desespero. Me faz parecer frágil e inútil. Mas não posso evitar.

— Não tenha medo, Zahara. Venha até mim. — Ele chama. A voz parece tão... angelical e calma, não a de um monstro cruel.

— Quem é você? — Indago, sem acreditar que a lenda seja real. Minha voz sai como um sussurro. Ele solta uma gargalhada baixa e contida, horripilante.

— Você não sabe meu nome, Elfa? Aqueles que vem em busca do meu poder costumam saber o que procuram... — Diz. Isso não pode ser real. Ele não pode ser real. Mesmo se for... por que meu pai me enviou até aqui, senão para morrer? — Vire-se. — Azrael manda, mas sua voz está completamente diferente. Está monstruosa, perturbadora. Eu me viro imediatamente. — Aproxime-se. — Ele ordena novamente, mas com a voz calma de antes. Eu me aproximo, o bastante para conseguir ver sua face.

Ele é o equilíbrio perfeito entre algo diabólico e angelical.

Sua aparência é jovem. Uma beleza selvagem e cruel. Essas são as palavras que o descrevem. Seus cabelos são longos e loiros, mas o seus olhos... são completamente negros e vazios. É como olhar diretamente para a escuridão e a sentir olhando de volta. Ele está acorrentado na parede de pedra, com grilhões prendendo suas mãos e ainda veste as roupas de um guerreiro.

— Me conte Zahara, Herdeira do povo Feérico, o que faz em meu castelo?— Ele pergunta, exigindo uma resposta

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— Me conte Zahara, Herdeira do povo Feérico, o que faz em meu castelo?— Ele pergunta, exigindo uma resposta.

Mas nem mesmo eu sei a resposta. Eu sequer sabia o que iria encontrar aqui. Mas eu sei o porquê vim até aqui.

— Estou em busca de vingança e liberdade. — Respondo de maneira firme e decidida, deixando meu medo para trás.

—Vingança e liberdade... — Ele sussurra. — Temos muitos interesses em comum, Elfa. — Diz, com um sorriso perturbador no rosto. E nesse instante, eu soube o que deveria fazer.

— Eu vim para negociar sua liberdade. — Digo e Azrael sorri.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWhere stories live. Discover now