Capítulo 43

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Narrador Observador

Quando anoiteceu uma fogueira foi acesa por Agamenon, ele não tirou os olhos do demônio nem por um minuto, sempre atento com todas as suas ações e no modo como falava e agia com Lady Zahara.

"Seu amigo está apaixonado por mim, ela não para de me encarar."

Azrael diz para Zahara enquanto estão sentados diante da fogueira, observando Agamenon que está do outro lado do fogo.

"Dê tempo a ele Azrael. Tente não insulta-lo, por favor. Ele é importante para mim."

A princesa diz em pensamentos para que Azrael os ouça, assim eles conversam sem que ninguém escute.

"Sei que é. Mas esse elfo me tira do sério. Já viu a forma como ele olha para você? Ele a devora com o olhar. Eu deveria arrancar os olhos dele"

Azrael está olhando de forma ameaçadora para Agamenon. Zahara coloca mão sobre a dele.

"Está com ciúmes, Rapunzel?"

A princesa pergunta, o fazendo olhar de volta para ela.

— Se o objetivo de vocês era conversar através de pensamentos para que eu não soubesse, não estão fazendo um bom trabalho em pelo menos disfarçar. — Agamenon diz revirando os olhos verdes oliva.

— Estava dizendo a Zahara o quão deliciosa ela está hoje. Você não concorda Agamenon? — Azrael pergunta para provocar o elfo, apenas para ver o que ele vai dizer e como vai reagir. Zahara o olha de esguelha, o ameaçando com o olhar. Ele dá de ombros.

— Qualquer homem que tenha olhos pode concordar com você, Azrael. — Agamenon responde entrando no joguinho dele.

Zahara cora, envergonhada com a situação. Ela se desvencilha dos braços de Azrael irritada.

— Vocês são dois idiotas. E vou arrancar a porra do pau de vocês se me seguirem! Quero um minuto de paz. — Ela esbraveja e sai batendo os pés.

— Viu o que você fez? A deixou envergonhada. Lacaio sem modos. — Azrael diz e se levanta, andando em volta do fogo.

Agamenon também se levanta, inquieto.

— Foi você quem a irritou com sua falta de maturidade, demônio desgraçado. — Agamenon diz com hostilidade.

— Não seja insolente. Me ofenda como quiser, mas é com o "demônio desgraçado" que Zahara fode toda noite. — Azrael diz sorrindo de forma maldosa e provocativa para o Elfo. — Sei que ela disse que se casaria com você um dia, mas não se iluda. Você foi substituído. Ela preferiu a mim do que alguém da própria espécie. — Agamenon está a um fio de queimar Azrael com suas chamas. Mas ele tenta manter o controle.

— Não é da minha conta com quem Zahara resolve se envolver. Só me preocupo que esteja sendo usada para sua vingança. Se importa mesmo com meu povo e com minha princesa? Prove. — Agamenon manda.

Ele duvida do amor que Azrael sente por sua Zahara. Ele acha que ele a está usando para depois ser descartada. Como uma prostituta. Azrael fica profundamente irritado com essa insinuação. Da forma como Agamenon a chamou de "minha".

— Provarei o que estou disposto a fazer por ela, se é assim que deseja. — Azrael fala e mostra a Agamenon o sonho que teve com aquele Oráculo.

Através de imagens mentais, o sonho é transmitido para o elfo como se ele estivesse vendo o mundo através dos olhos de Azrael, ouvindo seus pensamentos que se passaram por sua mente naquele sonho.

Então Agamenon vê o mesmo lobo branco que apareceu em seu sonho há algumas noites, dizendo a ele que seguisse a estrada principal que dá acesso a Carceryn e adentrasse a floresta quando ouvisse o barulho de água.

Ele ouviu que alguém se sacrificaria no final. ouviu o que aconteceria caso a princesa mate Ydris. Ele sentiu o que Azrael sentiu naquele momento como se aquilo estivesse acontecido com ele. Sentiu o medo, o desespero e a dor de Azrael em saber o que aconteceria. Também sentiu o amor, a paixão e a sinceridade que Azrael sentia por ela. Ele sentiu quando as lágrimas do demônio escorrereramm pela sua face. Sentiu sua desolação. Sentiu tudo.

Azrael mostrou também seus melhores momentos com Zahara. Mostrou a promessa que fez a ela.

"Do amanhecer anoitecer."

Mostrou a ele quando ambos dançaram ao som de violinos no equinócio de primavera. Quando ele fez uma coroa de flores a ela sem saber de seus costumes em relação a isso.

Mostrou a ele a primeira vez que disse que a amava.

Quando tudo isso acaba e Azrael para de passar essas imagens na mente de Agamenon, ele dá alguns passos para trás, confuso e chocado com tudo. Ele nota uma pequena e quase imperceptível lágrima escorrer dos olhos do demônio ao reviver tudo isso outra vez.

— Eu faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa. Então não pense nem sequer por um segundo porra, que eu a estou usando. — Azrael ameaça, mas dessa vez não há provocações de nenhum deles. — Acha que eu não sei que sou uma criatura desprezível e que não a mereço? Acha que isso não se passa pela minha cabeça quando ela sorri para mim Agamenon? — Ele pergunta. — Sentiu a dor que eu sinto todas as vezes que olho para ela e me lembro do que o oráculo disse? — Azrael soca uma árvore e destrói por completo seu tronco, descontando sua frustração.

Agamenon vai até Azrael e põe uma mão em seu ombro, confortando-o.

— Todos esses anos convivendo com criaturas da sua espécie, eu nunca os vi expressar qualquer tipo de sentimento que não fosse desprezo e ódio. Muito menos vi alguma lágrima lhe escorrer dos olhos. Você é uma pessoa nobre, Azrael. Poucos sacrificariam tanto quanto você, ainda mais por meu povo. — Agamenon diz e Azrael se vira.

— Por favor, não conte nada disso a ela. É tudo que peço. — Agamenon se sentia mal em esconder algo assim da princesa, mas ele guardaria esse segredo.

— Não contarei. —

Agora Agamenon tinha a certeza de que poderia confiar naquele demônio.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoOn viuen les histories. Descobreix ara