Capítulo 13

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Narrador observador

Azrael notou que Zahara havia dormido em seus braços na metade do caminho. Ele já havia deixado a elfa fraca ao ponto de mal conseguir aguentar o peso do próprio corpo, não quis acordá-la. Mas o demônio também não ficaria em pé com ela o tempo todo.

Azrael se senta na sombra de uma árvore e põe a princesa deitada, apenas com a cabeça em seu colo. Em seguida a cobre com o casaco para que não deixe o corpo a mostra. Ele a observa dormir, como faz todas as noites. Zahara não sabe disso. Que ao invés de dormir o demônio se mantêm acordado, sempre vigilante com qualquer ameaça. Protegendo-a.

De pouco em pouco ele simpatiza cada vez mais com a jovem. A princípio a ajudava e protegia porque havia feito um juramento que o obrigava a isso. Mas agora é diferente. Azrael cuida da princesa não apenas porque é seu dever, mas porque não quer que Zahara se machuque.

Como da vez em que a água dela estava acabando e enquanto dormia a noite, ele percorreu 30 quilômetros até a nascente mais próxima para encher o cantil de água dela. Como atraiu pássaros com sua magia até Zahara para que pudesse obter mais penas para suas flechas.

Ela não sabe de nada disso e Azrael quer que continue assim. Porque se soubesse, ele não saberia explicar do porquê faz tais coisas. Do porquê vem prestando mais atenção nos detalhes da elfa, observando-a como gosta de observar as estrelas á noite. Os longos cabelos negros dela, seus olhos azuis acizentados, a forma como sorri.

Zahara tem mostrado um lado da vida do qual Azrael não conhecia. O lado em que paramos para apreciar as estrelas. Assistir ao pôr do sol. Observar a natureza. Dançar. Azrael nunca havia feito nada disso. E agora, depois da jovem princesa o ter apresentado tudo isso, ele não sabe como vivia sem tais detalhes da vida.

Zahara o está amolecendo lentamente. O demônio que é conhecido por ter dizimado milhares e ter transformado reinos em cinzas, agora dispõe seu colo para uma elfa dormir, temendo tirá-la de seu sono calmo e profundo.

 O demônio que é conhecido por ter dizimado milhares e ter transformado reinos em cinzas, agora dispõe seu colo para uma elfa dormir, temendo tirá-la de seu sono calmo e profundo

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A principal desperta de seu sono, se perguntando em que momento havia adormecido. A última coisa que se lembra é de ser carregada por Azrael. Ela então se toca onde está deitada e se levanta imediatamente. Zahara pega Azrael olhando para ela. Para seus seios, mais especificamente.

— Pervertido! — Esbraveja, percebendo que ainda está vestida apenas com suas roupas íntimas. — Onde estão minhas roupas? — pergunta, olhando ao redor.

— Está muito melhor assim. — Azrael diz sorrindo pervertidamente para a princesa, sabendo que isso a deixaria irritada.

— Estou falando sério. — Azrael revira os olhos e aponta para um galho onde pendurou as roupas da princesa juntamente com sua camisa. Zahara vai até lá e veste suas roupas, em seguida se senta no chão.

Azrael nota a cicatriz que deixou no pescoço da elfa. Sua marca registrada. Ele sorri diante daquilo enquanto finalmente se levanta depois de horas para por sua camisa. O demônio amarra seu longo cabelo loiro e encara Zahara.

— Está com fome? — pergunta a ela. A fêmea não o responde, só faz que não com a cabeça e passando a mão no pescoço.

— Isso já deveria ter desaparecido...— Zahara fica confusa, se perguntando porque seu fator de cura acelerado não cobriu a mordida de Azrael.

— Está doente, por acaso?— O demônio pergunta se sentando ao lado da elfa. — Você sempre está com fome e não comeu nada hoje. — Ele fala enquanto a analisa.

— Por que não cuida da sua vida? — Ela diz revirando os olhos.

— Eu não preciso que ninguém cuide da minha, diferente de você. Parece uma criança, sempre fugindo de lobos, de pessoas e arrumando problemas com homens bêbados. — Azrael dá um peteleco da testa de Zahara. —Não sei como sobreviveu tanto tempo sozinha. — Ela dá um leve soco em seu ombro.

— Por que você não volta a ser aquele Azrael chato e mau humorado que me ameaçava de morte, invés de ser esse ainda mais chato porém menos mau humorado? — Zahara fala, suspirando.

— Não gosta do meu bom humor, Vossa Alteza? — Ele pergunta, fingindo uma reação exagerada de incredulidade. Zahara deixa escapar uma pequena risada.

— Na verdade gosto, sim. Você costumava vestir apenas a crueldade e a malícia. Agora continua um canalha malicioso, porém mais suportável e menos assustador. — A princesa fala e Azrael não tira seus olhos negros dos da elfa. — No fim, vejo que você não é de todo mal. — Essas palavras o atingem como uma pedra em sua cabeça. Como ela pode achar isso dele, depois de tudo que fez desde que a conheceu?

— Talvez eu seja, e você que não seja de todo bem. — Zahara sorri.

Ela se esforça para compreende-lo. Azrael é como a lua. Sempre mostrando fases diferentes. Há dias que há apenas escuridão e no outro, um lindo eclipse. Mas ela vem tendo uma certeza sobre o guerreiro. Que aos poucos, eles vão se tornando mais próximos. Amigos. Ou talvez algo mais...

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoWhere stories live. Discover now