Capítulo 4

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Narrado por Zahara

Acordo pouco depois do nascer do sol. Me espreguiço ao levantar e olho ao redor, soltando um suspiro.

— É claro que ele não está aqui. — Digo, revirando os olhos.

Em silêncio, consigo ouvir barulho de água. Sigo o som em busca de um rio para encher meu cantil para a viagem até encontrar o próximo vilarejo.

Caminhando enquanto sinto a luz do sol me aquecer e a brisa da manhã bater em meu rosto, vejo uma coisa que me deixa em alerta. Um braço. Jogado no chão, sem um corpo. Continuo meu caminho, tomando cuidado para não fazer barulho.

Chego até um riacho e vejo Azrael sentado sob uma grande pedra alta observando a floresta.

— O que está fazendo aí? — Pergunto, chamando sua atenção.

— Estava assistindo um urso desmembrar um caçador. — Responde, como se tivesse sido apenas mais um show de teatro qualquer.

— Tem certeza que não foi você que o desmembrou? — Pergunto retoricamente enquanto me aproximo da água para encher o cantil.

— Eu não desperdiçaria meu tempo com isso. Apenas beberia o sangue daquele humano e o deixaria morto. Inteiro. — Ele explica e desce da pedra onde estava.

— O que você é? Um vampiro, um anjo ou um demônio? — Indago, me levantando.

— Digamos que as três. Há criaturas mágicas em seu mundo, princesa Zahara? — Azarel pergunta após responder.

— É claro. Bruxas, fadas, até mesmo os elfos tem magia. — Digo.

— É qual é a sua magia? — Eu suspiro tristemente.

— Normalmente a magia de um elfo desperta após ele alcançar sua maioridade. Mas a minha ainda não se manifestou. Eu acho. — Conto.

— Em meu mundo, também há seres poderosos. Vou te contar um segredo que ninguém sabe: o que vocês deste mundo chamam de demônios, na verdade, são criaturas do meu mundo. — Azrael explica e eu o encaro, surpresa.

— Então você não é o primeiro a vir até aqui? — Indago.

— Sou o último dos que vieram. — Explica.

As coisas deixaram de fazer sentido para mim. Se outros vieram, por que não tentaram conquistar os reinos como Azarel tentou? Por que só ele foi amaldiçoado? E onde está seu dragão?

— Onde estão os outro do seu mundo e por que eles não foram ajudá-lo? — Pergunto. Azrael revira os olhos.

— Tantas dúvidas, princesa. Por que precisa de tais respostas?— Ele pergunta de volta.

— Eles também podem estar por trás disso tudo, não acha? —

— Digamos que não sou o favorito da família. Por isso não me libertaram. Nesse exato instante eles devem estar vindo atrás de mim para me matar. E certamente estão por trás disso tudo. Satisfeita?— Ele conta e uma leve sensação de medo me invade.

— Eles são tão poderosos quanto você?— Pergunto.

— Isso é relativo. Nosso poder é medido conforme matamos. Quanto mais forte a vítima, mais poderosos ficamos. — Isso deve explicar o motivo de Azrael ter dizimado um reino inteiro quando chegou.

Enquanto caminhamos de volta, sinto meu estômago roncar. Não comi nada nas últimas 17 horas e preciso me alimentar para ter forças para a longa viagem até o sul do país.

Chegando onde passamos a noite, pego meu arco e minha aljava de flechas e saio para caçar. Ainda é cedo, provavelmente coelhos e cervos estão em busca de comida.

Conforme ando pela floresta em busca de uma presa, ouço algo se aproximando. Eu me escondo atrás de uma árvore, observando através de uma fresta.

Há 3 homens se aproximando com vestes negras e cada um está com um colar com uma pedra cinzenta em seus pescoços. Sinto uma energia pesada, algo maligno se aproximando junto com eles. Na verdade eu reconheço tal sensação. É um pouco parecida com a que emana de Azrael.

Tento me concentrar em seus movimentos, usando minha audição feérica.

— Eles estão por aqui, posso sentir. — Um deles diz.

— Calado. Estamos sendo observados. — Eu paraliso. Como sabem que os estou vendo?

Pego uma flecha em minha aljava e a deixo em posição no arco, pronta para atacar se necessário.

— Peguem-na. — Ouço, imediatamente saio de trás da árvore e disparo a flecha.

Lendas de vingança e liberdade - O reino massacradoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora