一Já estamos indo 一 Responde Davina com certo receio. E assim que a mulher se afasta solta um suspiro aliviado. 一 Ela me arrepia o corpo.

一É só uma velha senhora.- Diz a jovem com um ar despreocupado.

一 É uma selvagem, sabiam que eles comem pessoas e enterram os próprios filhos vivos? Arrancam escalpes e costuram em suas roupa. E dizem que há bruxas entre eles. - Diz a mulher com os olhos arregalados.

一 Comem pessoas? Creio que isso seja um tanto exagerado 一Respondeu Elena com um sorriso discreto.

一 É o que dizem, e isso não é tudo. O carroceiro me disse que eles invadem cidades, queimam casas, que cortam a garganta dos homens, levam as mulheres e as vendem para serem putas dos espanhóis por míseras moedas ou mesmo uma pistola.

一 Edgar não me falou nada disto, disse que há embates sim, mas que muitos já vivem pacificamente e até aceitaram nosso senhor. Que não são tão perigosos, quanto a fama que os precede.

一 Você conhece Edgar, ele sempre tenta ver o lado bom de tudo e na certa não queria te assustar. Mas agora vamos que seu pai a espera. E quem sabe já não conhece seu futuro marido, que tal?

A garota cora quase que instantaneamente e solta o ar dos pulmões. As duas mulheres se encaminham a sala de jantar. Ao chegarem se deparam com uma mesa farta, no centro há um perú assado rodeado por rodelas de abacaxi, salada de batatas, arroz, saladas e outros pratos desconhecidos.

一 Deixe - me apresentar minha caçula. Elena estes são o sargento Abraham Mcallister e o capitão Andrew Norton.

一 É um prazer conhecê - los senhores. 一 Diz fitando o capitão que seu irmão mencionou nas cartas, ele era um pouco mais velho do que ela imaginava, mas era sem dúvida um homem de presença. Seus cabelos castanho claro, quase loiros, no mesmo tom da barba proeminente, emolduravam um rosto forte e bem talhado. Olhos estreitos de um azul profundo, alto e ombros largos, sob o traje azul escuro, muito bem alinhado ao exército. O sargento era um pouco mais jovem, de rosto redondo e face avermelhada, certamente queimada pelo sol, cabelos loiros quase brancos e algumas sardas espalhadas pelo rosto.

一 Você é ainda mais graciosa do que seu pai me descreveu.一 Diz o homem enquanto beija a mão da jovem que retribuiu com um aceno tímido de cabeça.

一 Bom, vamos jantar? Estou faminto 一 Diz o pai fitando os dois.

O jantar é agradável, o capitão Norton, um homem educado e inteligente aos olhos de Elena, que parece encantada com o relato das façanhas militares do mesmo.

一 Então passaram dias se alimentando de larvas? 一 Questiona com um franzir de rosto.

一 Sobrevivência minha cara, sobrevivência. Quando se está com muita fome, não devemos nos abster de comer e qualquer coisa parece apetitosa.

一 Então deve ser por isso que os nativos comem gente. 一 Fala a garota, provocando o riso em todos.

一 Eles não fazem isso por fome irmã, mas sim em rituais. Mas para nossa sorte são pouquíssimas tribos que têm esse hábito nefasto.

一 Ora Edgar nunca teve esta preocupação, desde quando um nativo o consideraria digno de servir de alimento as suas almas guerreiras? Mal sabe segurar um rifle e mais parece um saco de ossos一 disse Edward deixando Edgar sem graça.

一 Brindemos a isso então, meu irmão, a não sermos o prato predileto dos selvagens 一 Diz a jovem levantando a taça com um ar de riso, tirando a tensão entre os irmãos.

No fim do jantar de volta ao modesto
Quarto, a jovem solta os cabelos e desfaz as malas com as lembranças que trouxe consigo. A maior parte de sua bagagem, chegaria em alguns dias, junto com o trem de cargas até Charlottetown, até lá, teria de se virar com as duas maletas. Não que imaginasse que teria muitos lugares para usar as belas rendas francesas ou os babados graciosos que a tia costurava em quase todos os seus vestidos. As poucas mulheres que viu pelo caminho, pareciam vestir-se de maneira modesta, prática e discreta nas terras americanas. Totalmente diferente da pomposidade inglesa ou do exuberante luxo francês.

A filha do General - EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now