44 - O Toque da Luz

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Enquanto matarmos para sobreviver, seremos igualmente animais, como ratos ou serpentes

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Enquanto matarmos para sobreviver, seremos igualmente animais, como ratos ou serpentes. Não temos semelhança nenhuma com divindades, como nosso ego teima em acreditar.

- Sérgio Tenório

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Kian

  O sangue do escorpião ainda pingava em minhas botas enquanto eu caminhava em direção a serpente.

Minha intenção, a princípio, não era matá-las, mas tentar reverter qualquer feitiço no qual foram sujeitas.

Rizia e Gwyn foram dadas a mim quando ainda eram filhotes. Foi uma das primeiras feras no qual consegui controlar e ganhar sua confiança. Eram serpentes leais e extremamente perigosas.

Eu andava com determinação, mas meu coração fraquejava a cada passo em que ficava mais perto delas. A dor que inundou minha alma era indescritível, pensar em machucá-las era uma tormenta tão grande, que tive que afastar o pensamento e me concentrar naquele exato momento.

Vizeu estava no chão com um corte em sua perna, não parecia ser profundo, mas o sangue não parava de fluir o que me fez tentar ser mais rápido, ele precisava de ajuda.

Ao menos eu havia conseguido chamar a atenção da serpente, que pareceu se levantar ainda mais enquanto me via chegando.

Falso mestre.

Elas sibilaram em meu pensamento, me deixando ainda mais furioso. Elas não respondiam mais a mim, mas sim a Hazor e a magia negra. Mas eu tentaria com todas as minhas forças tirar o mal de dentro delas.

Parei à alguns metros e esperei pelo próximo movimento que fariam.

Gwyn pareceu esquecer de Vizeu e se arrastou até mim, enquanto Rizia reclamava com a boca sedenta pelo sangue dele.

Elas tinham o mesmo corpo, eram uma única serpente, mas possuíam duas cabeças gigantescas que pensavam muito melhor quando caçavam.

E dessa vez, eu era sua presa.

Sempre achei que voltaria para nós, estavamos a sua espera

A voz de Gwyn era um sussurro áspero e ameaçador, seus olhos negros estavam fixos em meu corpo, e sua língua dançava para fora querendo comida.

Nada mais prazeroso do que ter um falso mestre para ser nosso banquete

Dessa vez era Rizia que se comunicava comigo, parecendo perder qualquer interesse que antes estava focado em Vizeu e seu sangue.

- Não sou um falso mestre. Vocês são minhas amigas, eu as criei. Não se lembram?

Lembro de um homem que vivia em meus pensamentos, controlando nossas ações. Lembro de ser uma escrava dele. De você.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora