02 - Pela Espada de Seu Sangue

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"Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,

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"Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,

Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.

Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.

Eu reinei no que nunca fui."

- Fernando Pessoa

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Lynn

A Praça estava completamente enfeitada. Havia luzes amarelas e azuis penduradas sob linhas finas que pareciam flutuar sob os céus. Muitas pessoas dançavam ao redor das barracas postas para diverti-las, nelas encontravam-se comidas, bebidas, algumas brincadeiras para distração como tiros de flecha e lançar pequenas facas em balões, algumas crianças brincavam de mímica ou se juntavam em alguma fogueira para ouvir algumas das histórias de Keevard. Era possível até consultar um oráculo para quem acreditava em sorte ou previsão do futuro.

Eu estava com Carl e Agnes degustando dos petiscos e saboreando cada alimento exótico que Hazor tinha proporcionado para essa noite. O povo das vilas não tinha o luxo de poder comprar comidas diferentes.

- O que vocês acham de tentarmos ganhar algum prêmio? - perguntou Carl, apontando para a barraca de facas.

- Seria ótimo, meu amor - Agnes pegou a mão dele e os dois seguiram juntos até a pequena barraca que estava com algumas pessoas atirando e tentando acertar os balões que estavam dispostos.

Agnes e Carl eram com certeza o casal mais meloso e apaixonado que eu já havia conhecido. Eles já estavam juntos por três longos anos e eu não fazia ideia de como ainda aguentava sair com eles. Qualquer um que olhasse para os dois poderia reparar no sentimento recíproco que corria por aqueles corações.

Agnes era ervanária, saia pelas vilas e curava os enfermos, tinha uma habilidade grandiosa com ervas medicinais. Ela era doce e graciosa, tratava as pessoas com gentileza na maior parte do tempo, assim como Carl. Eu realmente não sabia como eles se suportavam.

Os dois possuíam uma linha fina e escura que descia da garganta até a clavícula, típico dos que nasciam Mour, pessoas normais, porém, que ganham o direito de viver uns 700 anos antes de abraçar a morte. Os Mour crescem como mortais comuns até os 19 anos, a partir daí param de envelhecer, isso acontece lentamente conforme os anos, como se fizessem 40 aos 400 anos, e assim por diante. Várias pessoas de Keevard nasciam com essa marca, eram um bando de sortudos biológicos.

Enquanto Carl pegava a primeira faca para tentar arremessar em um dos balões, eu disse aos dois que ia dar uma volta antes que começassem os discursos no pequeno palco improvisado montado ao lado da estátua gigantesca que ficava na praça.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora