23 - As Lembranças daquela Luz

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  Se um gesto de amor produzisse uma fagulha de luz, toda a humanidade, junta, poderia transformar a terra em um novo sol

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  Se um gesto de amor produzisse uma fagulha de luz, toda a humanidade, junta, poderia transformar a terra em um novo sol.  

- Inácio Dantas

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Lynn

 Ainda conseguia ouvir o alvoroço do convés mesmo estando abaixo das vozes escandalosas. Fazia uma hora no qual eu tinha caminhado para a parte mais funda do navio, onde os piratas guardavam suas bugigangas e objetos que provavelmente descartaram pois não acharam mais utilidade para elas.

As cenas na minha cabeça se repetiam várias e várias vezes. Eu estava dentro de uma lembrança de Griffin, olhando para um pedaço de sua vida que havia sido perdida à milhares de anos. E eu vira Tisan.

Apertei os olhos com força para espantar seu rosto de minha memória. Não podia ser possível, eu queria acreditar que eu estava enganada. Mas toda vez que fechava os olhos, o rosto de um dos membros dos Hewyr entrava em minha cabeça.

O rosto de Tisan. O rosto de Aaron.

Aaron, o Capitão da Legião vermelha, o braço direito de Hazor, que cometeu tantas atrocidades quanto o próprio rei. Aaron, que havia matado muitos dos pobres de Ermont apenas por diversão. O mesmo Aaron que um dia lutou ao lado de Griffin e foi chamado de Tisan, que foi chamado de herói.

Minhas esperanças estavam se esvaindo aos poucos. Se Tisan tinha se entregado a ganância e ao poder, então era possível que o resto dos Hewyr também poderiam ter sido manipulados para ajudar Hazor.

E se todas as histórias estivessem erradas? E se os Hewyr ajudaram os filhos de Darius à destruírem tudo, inclusive Griffin?

Poderíamos estar indo para uma armadilha, Ghalan poderia ser uma sentença de morte.

- Lynn? - Kian me chamava quase num sussurro, fazendo com que eu me desligasse de minha própria paranóia.

- Estou aqui - direcionei-o com a minha voz.

O lugar onde estávamos era enorme, e os entulhos permitiam que várias coisas ficassem empilhadas. Era um bom local para esconderijos. O ambiente era escuro, iluminado apenas por algumas linhas de luz do sol, que entravam intrusas por pequenos buracos e uma janela minúscula.

Vi quando Kian me encontrou e sentou-se numa almofada velha à minha frente, uma grande quantidade de poeira se levantou quando ele conseguiu se acomodar, fazendo-o tossir.

- O que faz aqui? - perguntou, ainda espantando todo aquele pó - achei que estivesse feliz por ter vencido a luta.

- Não venci aquela luta. Não de uma forma justa, pelo menos.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora