06 - O Verme e a Faísca

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"Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo

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"Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo."

  - Friedrich Nietzsche  

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Lynn

Caí de bunda no chão com o susto de ter sentido o ar sendo sugado de mim, como se ele fosse algo físico e fácil de ser tirado.

A senhora que havia desafiado Hazor na frente de quase todo o reino estava sentada na minha cama, com as pernas cruzadas e uma feição tranquila ao lado do garoto em que ameacei no bar dias atrás, o mesmo que ficara sob a chuva, me observando. Apesar da velha me causar arrepios, era com a imagem dele que eu estava apavorada, era o seu sorriso que perturbava meus pesadelos durante todos esses dias. O mesmo que estampava agora.

- O que... o que vocês.. - Não estava conseguindo nem mesmo terminar uma sentença. Eu me sentia patética tremendo na frente daqueles dois, que pareciam emanar poder.

O garoto se aproximou de mim e fez menção de querer me ajudar a levantar, mas desviei-me de seu toque, o que fez com que ele levantasse as mãos em rendição.

- Fique calma, minha querida - disse a senhora - não vamos te fazer mal, queremos apenas conversar.

- Conversar? - Perguntei, um tanto incrédula enquanto me levantava. Dois estranhos no qual eu já havia topado, de algum forma invadiram o meu quarto, e eles pensavam que eu iria querer conversar? Reuni toda a coragem que consegui para parar de tremer e apontar para a porta - Vão embora, agora! - Minha voz não saiu tão firme quanto imaginei.

- Não podemos - falou o garoto - não até você escutar o que temos a dizer.

Eu tentei intimidá-lo com o olhar, fato que falhei desastrosamente.

A postura do garoto era extremamente agressiva. Seus ombros largos era um pouco curvados para frente, e as veias de seu braço saltavam para fora de uma forma agradável mas um tanto selvagem. Seus cabelos castanhos eram curtos mas alguns fios desciam pela testa, quase alcançando seus olhos dourados.

- Será rápido - disse a senhora, desviando minha atenção - eu prometo.

Assenti para ela, enfim cedendo. Quanto mais enrolasse, mais tempo eles se demorariam ali, então seria mais fácil ouvir.

Fiquei afastada dos dois, próxima a porta para fugir, caso precisasse.

- Meu nome é Meredith - disse ela, com um sorriso doce - e este é Kian - ela apontou para o garoto que fez um gesto com a cabeça em cumprimento - Como eu disse, não queremos te fazer mal, menina...

- Lynn - falei, sem pensar - meu nome é Lynn.

- É um belo nome - Meredith sorriu como se estivesse satisfeita.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora