15 - Não Cair Sem Lutar

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Sem resistência, não há progresso

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Sem resistência, não há progresso. Sem sombras, não há luz.

Schopenhauer

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Kian

 As barracas dos rebeldes foram desmontadas e guardadas no cair da noite. Uma grande fogueira estava sendo montada no centro da floresta em que a Intersecção era guardada, famílias riam e ansiavam por essa noite durante todo o ano.

Enfeites simples foram postos nas árvores, fitas vermelhas e azuis estavam entrelaçadas nos troncos. Ri singelamente notando o simbolismo das mesmas. Pois era sobre isso que a noite se tratava.

As cores do céu brincavam entre azul e violeta, as estrelas iluminavam cada ponto daquele infinito exuberante, e a luz do Luar era de tirar o fôlego. Mantas foram postas no chão e crianças sorriam. Era uma das noites mais bonitas que presenciávamos.

Vi quando Johan chegou sozinho com os braços cruzados e sentou ao lado de Raven. A pequena falava com ele com os bracinhos jogados para cima com um entusiasmo que só crianças poderiam proporcionar.

Johan sofria desde o dia em que chegara com Lynn. Ele havia perdido sua casa, seu negócio, seus amigos, e nutria um medo incomum de perder a filha. Eu compreendia sua dor e seus anseios, não era qualquer homem que conseguia lidar com perdas e ficava de pé.

Me aproximei dele e esperei enquanto Raven explicava como ela não tinha medo de nada. A pequena sempre teve orgulho de seu lado valente, nada a fazia parar, tudo era um desafio. Depois de um tempo tagarelando ela finalmente resolveu brincar com seus amigos perto da fogueira. As pessoas já começavam a sentar em forma circular, as histórias estavam prestes a começar.

- Você precisa ir buscá-la - disse Johan a mim, seus olhos estavam caídos e seu semblante era de extremo cansaço - ela não sai do quarto para nada, sinto como se ela morresse aos poucos dentro dela mesma.

Engoli em seco. O estado emocional de Lynn estava em uma situação degradativa desde o dia em que soube da prisão de seus amigos, piorou quando soube da morte da garota, Agnes. Ela não tinha ânimo para fazer nada, não se dedicava nos treinos, não se interessava mais pela leitura e nem por ninguém.

- Sinto muito, por tudo - falei à ele, sendo sincero.

Levantei-me e segui direto para a trilha de pedras brancas. Enquanto andava em direção a pequena cabana escondida na floresta, me lembrei de uma flor que nascia ao leste, próximas às cavernas.

A flor chamava-se Varys. Era a mais linda dentre as que nasciam dentro da Fenda. Sua cor era vermelho fogo com pequenos pólens amarelados. A Varys é uma flor rara que desabrocha em circunstâncias difíceis. Ao nascer, sua primeira necessidade torna-se a absolvição imediata de água, para que suas raízes se fortifiquem no solo. Caso ela não consiga a hidratação necessária, morre logo em seguida, pois seus galhos enfraquecem e partem-se. Varys é uma flor que cresce com a luz do sol, para ter a força que precisa para abrir suas pétalas. Ela padece nas sombras em suas primeiras horas se não for exposta à luz. Mas, se Varys nasce e se fortifica em seu ambiente favorável, se torna infinita, bela e forte. Nenhum ramo é tão indestrutível quanto o dela, nenhuma flor é mais bela e nem mesmo o tempo a corrói.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora