43 - O Covil da Serpente

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Chamas selvagens e ferozes outros carnívoros, os tigres, os leões e as serpentes, enquanto manchas no sangue as tuas mãos e em espécie alguma de barbárie lhes ficas inferior

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Chamas selvagens e ferozes outros carnívoros, os tigres, os leões e as serpentes, enquanto manchas no sangue as tuas mãos e em espécie alguma de barbárie lhes ficas inferior. E para eles, todavia, o assassínio é apenas o meio de se sustentarem; para ti, é uma lascívia supérflua.

- Plutarco

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Kian

O cheiro de terra molhada era evidente naquela parte da caverna. A única luz que nos guiava era a tocha em minhas mãos enquanto o fogo bruxuleava na escuridão que se estendia por alguns metros.

O silêncio profundo era um incômodo, um inimigo que nos conduzia para uma armadilha mortal.

Vizeu e eu andamos por alguns minutos sem nos importamos em tentar uma comunicação. Ambos não se sentiam confortáveis com aquela situação nem com a presença um do outro.

Mas poderíamos ter tentado sermos um pouco cortês, se soubéssemos o que estava por vir.

Começou com um chiado baixo, vindo do que parecia ser o fundo da caverna. Era um barulho estranho, como se algo estivesse se arrastando. Dava para ouvir pequenas pedras rolando no chão e areais sendo mexidas. Quanto mais nos aproximávamos, mais intenso o barulho ficava, e os sons se tornavam um pouco mais claros.

No fim do corredor havia uma porta de madeira gasta, onde escorria um líquido vermelho por entre as rachaduras que se encontravam em suas extremidades. Vizeu passou os dedos por aquele fluido, e confirmou o que eu já desconfiava.

- Sangue - disse ele, com a expressão dura.

Atrás daquela porta poderíamos encontrar nossa morte, e não tínhamos outra escolha, senão caminharmos direto para ela.

Sem pensar muito no assunto, dobrei a maçaneta e empurrei aquele pedaço de madeira com força.

Três corpos estavam empilhados no batente, o sangue, ainda fresco, escorria em fluxo contínuo, saindo diretamente de feridas grotescas. Algo grande tinha rasgado aquelas peles e feito um estrago tão terrível que era difícil de olhar.

Olhei para frente e percebi que estava em algum lugar externo. Aquela caverna, de alguma forma, também era um passagem para algum lugar.

- Estamos no Covil da Serpente - Vizeu mantinha suas mãos na bainha da espada, os olhos vasculharam os arredores e sua preocupação era evidente.

O Covil da Serpente, como Vizeu nomeou, era uma arena circular gigantesca rodeada por paredes de aço maciço de mais ou menos uns vinte metros.

Atrás da parede, era possível ver alguns assentos, como se fosse uma arquibancada, que no momento estava vazia.

Depois das Chamas - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora