43 - O Covil da Serpente

Start from the beginning
                                    

Com outro rugido estrondoso, a criatura avançou para nos atacar. Vizeu correu para a esquerda da arena, enquanto me dirigi para a direita. A criatura resolveu que eu seria seu primeiro jantar, e veio em minha direção com os dentes à mostra.

Consegui um pouco mais de velocidade e mirei uma de minhas estacas no olho esquerdo da criatura enquanto corria. Quando ela estava perto o suficiente, lancei a pequena faca e deslizei para baixo do escorpião. Ele estava exatamente acima da alabarda.

E quando a estaca acertou o olho da criatura, peguei a segunda arma jogada na lama e arrastei a lâmina em sua barriga enquanto continuava a correr.

Seu grito de dor foi insuportável, e ver o líquido verde que saia daquele corpo foi uma imagem terrível. O cheiro daquele lugar tinha conseguido ficar pior depois da explosão de sangue.

Mas isso não parou aquela besta, e não esperei que ela se recuperasse para continuar correndo. Vizeu estava quase alcançando o fim da arena quando outra criatura saiu daquele buraco medonho.

Dessa vez eu parei em meio a lama e era como se meus pés tivessem se tornado chumbo. A criatura que saíra daquele lugar era uma serpente gigantesca. Ela tinha duas cabeças e cada uma delas continha três fileiras de dentes afiados e mortais, além de quatro metros de pura escama. Aquela criatura era tão familiar a mim quanto o poder em minhas veias. Mas ao invés dos olhos dourados que ela costumava ter, tinha uma íris negra e sombria.

Aquela fera era minha.

E Hazor a impregnou de magia negra.

Ódio era a única coisa que eu conseguia sentir na hora, e meu sentido de batalha havia ficado ainda mais agudo.

- VIZEU - Gritei desesperado - CORRA!

Disparei novamente diretamente para Rizia e Gwyn. Minhas serpentes, minhas amigas. Possuídas agora para servir a Hazor, aquele maldito.

Enquanto eu alcançava o centro da arena, Vizeu corria de volta para onde eu estava. A serpente vinha atrás dele, enquanto o escorpião voltava a correr atrás de mim. Estávamos cercados se continuássemos nessa direção, e Vizeu pareceu notar a mesma coisa, porque ao mesmo tempo ele seguiu para a esquerda, atraindo a serpente para a parede de estacas, enquanto eu virava a direita, em direção à algumas pedras grandes e circulares.

Quando cheguei perto daquelas rochas, o escorpião estava na minha cola, um pouco mais lento por causa do ferimento na barriga, mas ainda assim com oito patas gigantescas.

Quando pulei no centro das pedras, a cauda do escorpião acertou algumas delas, fazendo-as partir, e voarem para todo os lados. Corri diretamente para perto de outras pedras mais fortes e altas, quando o segundo ataque daquela cauda passou raspando em minhas costas.

Senti alguns arranhões rasgando minha pele, mas nada que me distraísse, Pois a criatura havia prendido a cauda entre as pedras. As estacas de sua cauda estavam fincadas na rocha, me dando vantagem para acertar uma outra faca em seu único olho bom.

Outro rugido irrompeu o ar quando deixei aquela besta cega.

Minha desvantagem foi deixá-la zangada. Como não enxergava, ela começou a cortar o ar com suas garras, em uma velocidade mortal. Me protegi por entre as pedras enquanto aquelas garras penetravam o vazio insanamente tentando encontrar seu alvo.

Enquanto estava abaixado, tentava pensar em uma saída sem ser mutilado. Por enquanto eu não havia escutado nenhum grito humano, sinal que Vizeu estava se saindo bem com a serpente. Mas não por muito tempo, dado a inteligência daquela criatura.

Então um líquido verde chegou até meus pés e ousei olhar para o escorpião. Ele ainda sangrava muito, felizmente o corte que fiz em sua barriga tinha sido profundo. Dentro de alguns minutos a criatura ficaria fraca, e a morte dela era a única certeza que eu poderia ter.

A besta então parou, tentado rastrear meu cheiro ou qualquer barulho que eu pudesse fazer. A minha única saída era passar por baixo de suas garras ou por cima, decepando sua cabeça.

Ela não sabia onde eu estava, mas estava atenta.

Lentamente, peguei o sangue no chão e comecei a me cobrir dele, mascarando meu cheiro. Me inundei na imundice daquele sangue, mas não exitei. Quando estava totalmente coberto comecei a caminhar sem nenhum ruído.

Escalei as rochas e fiquei cada vez mais perto da cabeça do escorpião, enquanto ele usava o olfato para me rastrear. Sua cauda continuava presa, e a cada minuto ele perdia ainda mais suas habilidades.

Quando alcancei a rocha mais alta, pude ver toda a extensão da arena, e um Vizeu também encurralado pela serpente, enquanto sangue escorria de sua perna.

Eu tinha uma ideia, só esperava que Gwyn e Rizia ainda me ouvissem, mesmo estando fora de si.

Não ensinei a vocês atacarem aliados.

Isso foi suficiente para atrair a atenção da serpente de duas cabeças para minha direção, e sorri para eles enquanto sacava minha espada da bainha e pulava de uma distância de sete metros, colocando a espada em minha frente em uma velocidade precisa para decapitar o escorpião com um único golpe.

A criatura caiu pesadamente no chão, e rolei ao seu lado, sentindo uma dor forte no ombro com o impacto. Nada que já não tivesse feito antes.

A voz de Lynn irrompeu meus pensamentos, como uma cura para minha mente.

Ainda está vivo?

Não vai se livrar de mim tão fácil.

Ouvir sua risada preencheu meu coração e me deu as forças que eu precisava para levantar e caminhar diretamente para enfrentar uma de minhas próprias feras.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------

Não se esqueçam de votar e deixar um comentário sobre o que acharam do capítulo

---------------------------------------------------------------------------------------------------------

Depois das Chamas

Todos os direitos reservados | Wattpad.com - 2019 | Camilla Braga

Depois das Chamas - Livro 1Where stories live. Discover now