Capítulo 68 - Parte I

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Thomas narrando:

Nanda foi a primeira a me ver chegando. Ela estava sentada ao lado da minha mãe conversando sobre algum assunto aleatório quando passei pela dupla porta de vidro da casa, e quando seus olhos se ergueram para mim, ela abriu um sorriso que era tanto acolhedor quanto melancólico antes de tirar com cuidado a xícara de chá das mãos de sua patroa.

- Veja só quem está aqui.

- Oi, Nanda.

- Ei, menino. Nós sentimos sua falta.

Sorri para ela me perguntando vagamente se suas palavras haviam sido retóricas. Acredito que ela sentira minha falta, quanto à minha mãe... bem, esse era um caso a parte.

Me abaixei na frente da mulher que me acolheu como filho e olhei seus olhos inexpressivos por um instante enquanto ela me encarava de volta. Ela parecia tão bem, tão... ela mesma.

Mas então ela se pronunciou primeiro. E eu soube que ela de fato, não era mais ela mesma.

- Desculpe... nós já nos conhecemos?

Minha respiração vacilou. Eu vinha me preparando para esse momento desde que soube de sua maldita doença, mas aparentemente, não me preparei o suficiente.

Precisei de longos segundos para conseguir assentir devagar, usando toda a minha força para disfarçar minha vontade de chorar.

- Sou eu, mãe... seu filho.

- Oh... - Ela me observou por alguns segundos claramente surpresa com minha resposta, e depois de uma pequena pausa para pensar, franziu levemente a testa: - Qual é seu nome?

Ah, por favor... por favor, não se esqueça de mim...

- Thomas.

- Thomas... - Repetiu devagar, então percebi seus olhos se arregalarem ligeiramente conforme ela inalava em choque: - Thomas.

- Isso. - Eu assenti, os olhos começando a ficar embaçados pelas lágrimas. - Sou eu.

- Você cresceu...

Não pude evitar um sorriso melancólico ao concordar:

- Sim... acho que cresci um pouquinho.

Erguendo a mão até o meu rosto, ela acariciou suavemente minha bochecha e inclinou a cabeça para o lado, o olhar tão confuso quanto deprimido.

- Onde eu estava que não te vi crescer?

Suas palavras me cortaram tão profundamente que pude sentir o gosto amargo em minha boca. As lágrimas que antes estavam tão convenientemente controladas agora aumentavam sua intensidade para se libertarem, e mesmo sabendo em que sentido sua pergunta havia sido feita, existia apenas uma resposta que eu poderia oferecer.

Olhei para a mão que ela mantinha livre sobre seu colo antes de segurá-la entre as minhas, e depois de engolir em seco, me voltei para ela:

- Você estava aqui, mãe. Você sempre esteve aqui. Eu é que me afastei.

Ela não respondeu imediatamente. Enquanto permanecia sustentando meu olhar, percebi sua expressão gradualmente se alterar de confusão para a compreensão e então, para a aflição. Não precisei de sequer um segundo para perceber que ela sabia. Nem que fosse por pouco tempo, naquele momento ela se lembrava de tudo.

- Thomas... - Emitiu com os olhos marejados. - Oh, meu menino... me desculpe.

Quando suas lágrimas escorreram eu também chorei, mas foi o rosto dela que eu sequei.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora