Capítulo 42

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Matthew narrando:

"Onde está o colar que eu te dei?" Foi a primeira coisa que Maddie perguntou quando me viu chegar em casa no dia anterior, e foi apenas nesse momento que me dei conta de sua ausência.

Levei bons segundos até encontrar uma resposta criativa o suficiente pra ela, e quando eu disse que o havia deixado no jardim da linda mansão onde trabalho pra tomar um pouco de ar noturno, apesar de não estar absolutamente convencida, ela não voltou a tocar no assunto. Até hoje de manhã.

"Não se esqueça de trazer o colar!"

Então ali estava eu, procurando pela terceira vez o bendito objeto sob o arbusto que podei no dia anterior, e constatando pela terceira vez que ele não estava lá. Droga.

Não tire ele do pescoço, Maddie disse ao me dar ambrulhado em uma sacolinha de supermercado como um presente no meu último aniversário. Assim, a família sempre vai estar com você.

Então eu nunca o tirei. Nem mesmo pra tomar banho, embora percebesse que seu fecho estivesse gradativamente mais frouxo, o que era motivo de ele escapulir vez ou outra do meu pescoço em intervalos de tempo cada vez maiores. Eu prometi a mim mesmo que arrumaria isso, mas a falta de tempo nunca me permitiu que o fizesse. E agora...

Me sentei sobre a grama e soltei um suspiro cansado.

Minha irmã vai me odiar. Como dizer a uma criança de sete anos que o presente que ela me deu tão carinhosamente se perdeu, possivelmente para sempre? Então além de descuidado eu ainda serei mentiroso por garantir a ela que levaria o colar de volta pra casa no fim do dia.

Fechei os olhos e passei as mãos pelo cabelo.

Meu Deus, que furada...

- Matthew? - Ouvi a voz feminina e ergui os olhos para Eileen, que se aproximava de mim com as mãos dentro do bolso do avental.

Eu nunca havia tido a chance de conversar com ela nos três dias em que trabalho na casa, mas também não sei se o teria feito caso tivesse tido a chance. Segundo George ela não é o tipo de pessoa em quem se pode confiar, e de pessoas assim eu sempre fui ensinado a manter distância.

- Oi. - Ela sorriu. - Ainda não tivemos a oportunidade de nos conhecer. Eu sou Eileen.

- Sei quem você é. - Respondi antes de apertar a mão que ela me oferecia, sem me levantar do chão onde estava sentado.

- Ótimo, podemos pular as apresentações então. - Ela se sentou ao meu lado. - Vim te fazer companhia. Você parece tão sozinho...

Perfeito. Hoje realmente não é um dos meus melhores dias.

- Você não devia estar trabalhando?

- Acho que tenho alguns minutos antes que o mordomo sinta minha falta. - Ela jogou o cabelo para trás dos ombros e me olhou. - E então... o que achou dos seus colegas de trabalho?

Suspirei. Certo, talvez ela não tenha entendido que eu prefiro estar sozinho agora, mas isso não significa que eu preciso ser desagradável.

- São muito receptivos. - Respondi simplesmente.

- Quer um conselho? - Ela tocou meu braço e não esperou minha resposta. - Não se deixe enganar. Nem todos aqui são o que parecem ser.

Franzi a testa.

- A maioria me pareceu muito legal até agora.

Ela moveu as sobrancelhas e soltou meu braço, num gesto tedioso.

- Você por acaso já conheceu a cozinheira?

Desviei os olhos para o jardim. Na verdade a cozinheira foi a única com quem realmente não tive a chance de ter uma conversa de verdade, mas sei que ela é filha da empregada Sarah, uma mulher que me pareceu incrível. Ao meu ver, não existe nenhuma remota possibilidade de uma mulher como ela criar uma filha que não seja, no mínimo, exemplar.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora