Capítulo 39

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Thomas narrando:

Essa garota ainda vai me enlouquecer.

Depois que ela saiu, permaneci estático encarando a porta por onde ela havia passado, imaginando qual foi o momento exato em que ela decidiu que poderia invadir dessa forma meus assuntos de negócios. Como ela ousa? Ela não tem nenhum maldito direito de me interromper quando estou prestes a demitir um funcionário, merda! Quem ela pensa que é?!

Peguei meu telefone sobre a mesa novamente sentindo toda minha fúria triplicar, mas antes de retornar a ligação que ela encerrou, eu hesitei. Droga, quem estou tentando enganar? Ela acabou de me chamar pra sair - ela tomou a iniciativa -, eu seria mesmo tão idiota a ponto de rejeitar isso só por causa de um empregado incompetente? Quão imbecil eu precisaria ser pra conseguir fazer isso?

Larguei o telefone sobre a mesa e passei as mãos pelo cabelo.

Quando foi que você abriu mão do seu controle pra uma garota, Thomas?

Que se dane. Ela quer sair, eu não vou deixá-la ir sozinha. Independente do quanto eu esteja irritado, deixá-la andar sem companhia a essa hora da noite pode ser perigoso, e isso pra dizer o mínimo.

Peguei meu celular e minha carteira, guardei ambos no bolso da calça; e ignorando meu paletó e minha gravata que descansavam sobre o encosto da cadeira, fiz meu caminho para fora do escritório.

- ... eu preciso de um tempo. - Ouvi Angeline dizer à sua mãe, no corredor. - De ar fresco.

- Mas você vai sozinha?

- Não. - Respondi por ela enquanto me aproximava, chamando a atenção das duas mulheres instantaneamente pra mim. - Ela vai comigo. Posso sair com sua filha outra vez, Sarah?

Minha empregada piscou perplexa, e eu praticamente vi seu queixo pender pra baixo. O jeito que ela me olhava me fazia sentir como se houvesse me transformado em um alienígena bem ali, na sua frente.

Ótimo. Paciência neste momento é tudo o que eu não tenho.

Inclinei a cabeça incentivando-a a colocar seus pensamentos em palavras, quaisquer que fossem eles. Então, finalmente, ela encarou a filha. Em seguida se voltou pra mim.

- O senhor pode me dizer onde estão indo agora?

- Boa pergunta. - Olhei pra Angeline. - Onde estamos indo?

- Só vamos dar uma volta. - Ela respondeu indiferente, como se isso não fosse nada demais. Como se ela já tivesse convidado dezenas de caras pra dar uma volta.

Espera... ela já convidou?

Sarah precisou de longos segundos pra acreditar que a ideia de sair comigo - novamente - havia sido de sua filha dessa vez, e quando conseguiu organizar seus pensamentos, eu pude ver a advertência no brilho de seus olhos.

- Você precisa dormir cedo, Angeline. Quase não dormiu essa noite.

- Não vamos demorar. - A garota afirmou quase suplicante, o que fez uma pequena e quase imperceptível porcentagem da minha raiva se esvair. - Eu prometo, vamos chegar cedo.

Sarah ponderou suas palavras por um longo tempo antes de me olhar novamente. Ela parecia estar tentando encontrar outra desculpa pra barrar a filha, mas quando notou que não encontraria - felizmente -, resolveu ceder.

- Eu vou te esperar.

- Tudo bem. - E se aproximando dela, Angeline lhe deu um abraço caloroso. - Sua bênção.

- Deus te abençoe. - Sarah beijou sua bochecha e sussurrou algo em seu ouvido que eu não pude ouvir.

A garota sorriu com carinho ao se afastar.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora