Capítulo 44

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Angeline narrando:

Perdi a conta de quantas vezes olhei para o relógio enquanto batucava monotonamente os dedos sobre o mármore polido da bancada. Há quase uma hora George veio me avisar que Thomas iria se atrasar, mas eu não imaginava que seria tanto.

Me levantei para guardar a garrafa de suco de volta na geladeira e a Quiche lorraine no forno. Comi um biscoito para enganar minha fome e olhei, quase que de forma inconsciente, para o jarro de flores que eu havia pegado sorrateiramente no canto do jardim. Certo, talvez eu tenha exagerado um pouco. Mas quanta cerimônia apenas por um almoço!

Recolhi as flores e as joguei no cesto de lixo, sentindo-me um tanto culpada por tê-las tirado do meio ambiente. Talvez eu estivesse atribuindo uma importância excessiva pra um almoço comum.

Eu havia acabado de lavar minhas mãos quando ouvi alguém entrando na cozinha, chamando imediatamente minha atenção.

- Oi. - Matt disse caminhando até mim com um sorriso acolhedor, segurando uma folha de papel na mão direita.

Não se empolgue tanto, Angie...

- Oi. - Sorri de volta, torcendo pra que eu tenha sido convincente o suficiente pra ele não perceber a decepção em minha voz.

- Eu estava saindo para almoçar, mas precisei passar aqui antes. - Ele me estendeu a folha. - Trouxe isso pra você.

Aceitei o que me era oferecido, e quando vi a gravura desenhada no papel, eu não sabia se devia rir, usar a ironia ou simplesmente agradecer. Na dúvida, escolhi a segunda opção:

- Você devia investir na carreira de artista.

Então foi ele quem riu.

- Não fui eu que desenhei, foi a Maddie. Ela disse que é uma... carta de agradecimento por ter consertado meu colar.

- Oh... - E pela primeira vez desde que ele entrou, meu sorriso foi sincero.

- Você consegue saber o que é?

- Acho que sou eu, segurando o colar na frente de um... castelo?

Ele assentiu.

- Viu? Se fosse eu que tivesse desenhado, você nem iria saber se isso era uma pessoa ou um animal.

Não pude controlar minha risada percebendo que, afinal, a visita de Matt não era assim tão ruim. Talvez ele pudesse me ajudar a passar o tempo enquanto Thomas não chegava para almoçar.

- Eu também não sou lá grandes coisas no desenho. - Admiti. - Mas veja pelo lado bom: você tem talento com as flores e eu tenho com a comida. Não podemos negar que são coisas boas.

- Tem razão. - Ele desviou os olhos, seu sorriso desaparecendo aos poucos. - E eu queria te pedir desculpas... pelo modo como falei do meu pai.

Franzi a testa.

- Por que acha que me deve desculpas?

- Você disse que também tem problemas com seu pai, mas eu deduzi que os meus eram maiores sem nem sequer ter perguntado sobre os seus. - Ele me olhou como se tivesse cometido um dos maiores erros de sua vida. - Então me desculpe.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora