Capítulo 66 - Parte II

66.9K 6.6K 6.7K
                                    

Thomas narrando:

Angeline piscou algumas vezes sem demonstrar nada. Desviou os olhos para suas mãos, entreabriu os lábios como se tentando encontrar algo para dizer e os fechou novamente quando não encontrou nada. Depois ela apenas ficou parada, encarando suas mãos como se buscando nelas alguma inspiração para entender o que havia acabado de escutar.

- Por favor, diga alguma coisa. - Implorei.

- Eu estou tendo um caso com um homem comprometido?

- Não! - Balancei a cabeça veemente para os lados, mas minha convicção se perdeu quando pensei melhor em sua pergunta. - Quero dizer, eu...

Eu não sabia o que responder. Eu estava comprometido e havia acabado de declarar exatamente isso. O que mais precisava ser dito?

Respirei fundo e me obriguei a me acalmar.

- Eu vou cancelar o contrato assim que a gente voltar do Brasil. A reunião já está marcada. Eu só queria que você soubesse.

Angeline apertou os lábios e olhou para frente.

- Por que não antes? - Perguntou com calma. - Você me conhece há quatro meses... se apaixonou por mim há pelo menos dois. Eu sei que você estava tentando cancelar, mas... por que demorou tanto? - Seus olhos encontraram os meus outra vez. - Por que não antes de dizer que me amava?

Eu podia sentir a atmosfera carregada de tensão entre nós. Pra essa pergunta existia apenas uma resposta e era essa resposta que a afastaria de mim. Mas ainda assim, eu tomei a decisão de contar a ela. Chega de segredos, ela disse. Estava na hora de colocar todas as cartas na mesa.

Desviei os olhos para os meus pés e respirei fundo antes de admitir em voz baixa:

- Qualquer uma das partes que cancelar o contrato perde setenta por cento de todas as ações. Isso inclui as ações dos meus pais.

Depois de se recuperar do choque que minhas palavras lhe causaram, eu pude notar o horror em sua voz:

- E você ainda vai cancelar?!

Meus olhos encontraram os seus.

- De todos os bens que eu tenho você é o único que eu não posso perder, Angeline.

Ela soltou um suspiro incrédulo.

- É o dinheiro da sua família! Eu não posso fazer isso.

- Não, ei. Me escute, está bem? - Pedi segurando seu rosto entre as mãos. - Isso não significa nada. A casa, a empresa, os patrimônios, o dinheiro... tudo é substituível, não possui valor algum. Minha família já tem tudo o que precisa, e o que eu preciso está bem aqui. Todo o resto é irrelevante.

Ela balançou a cabeça, sua expressão aflita.

- Sua mãe precisa desse dinheiro agora, Thomas.

Levei um momento para considerar suas palavras, e quando o fiz, soltei seu rosto e olhei para baixo.

- Tudo o que minha mãe sempre quis foi que eu superasse minha infância traumática e encontrasse a felicidade. Você é minha felicidade. - Olhei para ela outra vez. - Meu dinheiro não pode fazê-la melhorar, Angel, porque Alzheimer não tem cura. Mas eu posso fazer o esforço dela ter valido a pena.

Fiz uma pausa mantendo o contato visual com Angeline antes de completar:

- Eu preciso de você.

Ela desviou os olhos por um momento, e quando se voltou para mim eu pude notá-los marejados.

- Você tem certeza disso? - Perguntou.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora