Capítulo 21

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Angeline narrando:

"Posso ir pra sua casa sábado à noite?"

Foi a mensagem que mandei pra Diana assim que acordei na manhã de quarta-feira. E se ela dissesse que não por qualquer motivo que fosse, eu poderia facilmente chamar Tyler para ficarmos conversando em alguma praça até que minha mãe me ligasse, comunicando o fim da festa de aniversário do Thomas.

Ele só podia estar brincando se achava que, depois de tudo o que fez e disse, eu pudesse cogitar a possibilidade de aceitar seu convite. Se isso fosse parte dos seus joguinhos, eu não seria o dado do tabuleiro.

- Ele disse isso? - Minha mãe perguntou na tarde de quarta-feira, depois do almoço, enquanto eu a ajudava a limpar os móveis da sala.

- Sim. Então eu acho que vou pra casa da Diana, tudo bem?

- Claro. - Ela estava com a testa levemente franzida, enquanto tinha seus olhos fixos nos enfeites detalhados do aparador que limpava. - Isso é estranho. Ele te odiava até alguns dias atrás e de repente te convida pra sua festa de aniversário? Muito estranho...

Ah, ela não fazia ideia, mas eu já havia entendido a mente do Thomas. Ele disse que não conseguia me afetar por mais que tentasse, então resolveu mudar sua tática. Ele me induzia a imaginar que estava mudando, que finalmente estava começando a se importar com pessoas além de si mesmo, para mais tarde puxar o tapete sob meus pés sem qualquer aviso prévio, me deixando atordoada. Isso funcionou da primeira vez, na noite da festa com os chineses, então ele certamente deve ter pensado que esse seria o único jeito de conseguir o que queria: me surpreender, me convencer e me desiludir, finalmente me tirando da graça.

Mas eu não daria a ele a chance de fazer isso outra vez. Não mesmo.

- Você quer vir? - Minha mãe perguntou, chamando minha atenção.

- O quê?

- À festa. Eu não sei, não consigo ter um pressentimento ruim sobre isso.

Larguei o pano úmido sobre a mesa e coloquei a mão na cintura.

- A senhora tem um mau pressentimento sobre o Tyler, que me confessou tudo o que fez e está decidido a mudar... mas não tem sobre o Thomas, que me trata como um nada desde que cheguei aqui. Como?

- Eu não sei. - Ela encolheu os ombros. - Mas sabe... as pessoas podem nos surpreender, filha. Tanto para o bem como para o mal. As coisas nem sempre são o que parecem ser.

- É, mas Thomas não me mostrou nenhuma mudança. Pelo contrário. Ele parece estar brincando comigo, mãe. Eu nunca sei o que esperar do humor dele, em um minuto parece que está evoluindo, mas depois volta a ser o cretino arrogante de sempre.

- Já parou pra pensar que talvez esse seja o plano de Deus pra você?

Eu ri.

- Aturar a bipolaridade do patrão?

- Não, querida. Mas pense. Nosso Deus não erra, e se ele te colocou aqui... tem um propósito. Já se perguntou que propósito é esse?

Balancei a cabeça, confusa.

- Eu não sei, talvez... - Parei e pensei um pouco, mas por mais que eu tivesse certeza de que Deus tinha sim um propósito para isso tudo, nunca consegui enxergar qual era. - Eu ainda não sei. - Resmunguei por fim.

- E nunca vai saber se não deixar Ele te usar.

- A senhora está dizendo que eu devo vir?

Ela sorriu antes de me olhar com ternura.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora