Thomas narrando:
- Ainda era o turno de Robert e Josh, eles devem ter aberto o portão. - Sullivan disse enquanto eu continuava embasbacado encarando a tela. - Desde que o senhor permitiu os empregados receberem visitas fica difícil filtrar quem entra e sai.
- Elas são irmãs. - Angeline emitiu numa voz fraca, perplexa.
Olhei para ela, o choque em meus olhos refletido nos dela.
Como raios eu não sabia disso?
- Senhor, vai querer ver isso. - Carl chamou minha atenção outra vez.
Olhei a tela novamente que agora continha a imagem da câmera do corredor do segundo andar. Era notável que o momento retratado no vídeo era no mínimo uma hora posterior ao vídeo anterior, já que a claridade entrando pelas vidraças denunciava que o dia havia clareado totalmente.
Eileen estava de pé com o ouvido pregado na porta do meu quarto segurando as roupas de Kelly nas mãos. Ela permaneceu assim por alguns segundos antes de abrir uma pequena fresta e espiar dentro, então entrou furtivamente e fechou a porta atrás de si. Cerca de dez segundos depois a porta de um dos quartos de hóspedes do outro lado do corredor se abriu e Kelly saiu vestida apenas com a camisa que eu usava na noite anterior, fechando os botões.
- O senhor queria saber como essa mulher entrou no seu quarto? - Carl perguntou se virando pra me olhar. - Bem, ela não entrou.
Ele voltou sua atenção para o monitor bem a tempo de ver Eileen sair do meu quarto, fechando a porta com cuidado.
- O que está fazendo? - Ela indagou ao encontrar Kelly no corredor. - Alguém pode ver você!
- Não é esse nosso objetivo?
Eileen balançou a cabeça para os lados e se aproximou da irmã para bagunçar seu cabelo com as mãos.
- Não sei quanto tempo ele vai levar no banho, então seja rápida. Se ele sair antes dela chegar tudo vai estar perdido.
Kelly riu.
- Do jeito que ele estava bêbado ontem, duvido que se lembre de alguma coisa.
- Mesmo que se lembre, ele não vai poder provar nada. - Eileen garantiu. - Pelo menos não antes da namoradinha fugir chorando para as montanhas.
Ambas riram e Eileen recuou um passo para observar Kelly, assentindo com olhos orgulhosos.
- Perfeita. Agora vá, depois me encontre no casebre. Seja discreta. Não quero que alguém pense que a gente se conhece.
- Tem certeza que este lugar não tem câmeras?
- Eu trabalho aqui há anos, eu saberia se tivesse.
Kelly assentiu.
- Onde fica a cozinha?
- É só virar à direita no final da escadaria. Vá.
Kelly saiu do alcance do vídeo quando desceu as escadas, e após olhar para os dois lados do corredor, Eileen ajeitou o avental e desceu também.
Carl e Sullivan se viraram para mim, que por minha vez olhei para Angeline. Ela tinha os olhos chocados fixos na tela e a boca aberta em descrença, sem nenhuma reação.
Eu queria poder dizer algo, mas tudo o que existia em minha mente era o desejo desenfreado de sair daquela guarita e voltar para casa; no entanto eu sabia que se fizesse isso certamente dormiria numa cela de prisão por alguns anos. Então respirei profundamente e tentei me concentrar na garota à minha frente, buscando em seu rosto a calma que eu precisava para permanecer onde estava.
ESTÁ A LER
Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...