Capítulo 64 - Parte II

68.1K 6.2K 12.7K
                                    

Thomas narrando:

- Ainda era o turno de Robert e Josh, eles devem ter aberto o portão. - Sullivan disse enquanto eu continuava embasbacado encarando a tela. - Desde que o senhor permitiu os empregados receberem visitas fica difícil filtrar quem entra e sai.

- Elas são irmãs. - Angeline emitiu numa voz fraca, perplexa.

Olhei para ela, o choque em meus olhos refletido nos dela.

Como raios eu não sabia disso?

- Senhor, vai querer ver isso. - Carl chamou minha atenção outra vez.

Olhei a tela novamente que agora continha a imagem da câmera do corredor do segundo andar. Era notável que o momento retratado no vídeo era no mínimo uma hora posterior ao vídeo anterior, já que a claridade entrando pelas vidraças denunciava que o dia havia clareado totalmente.

Eileen estava de pé com o ouvido pregado na porta do meu quarto segurando as roupas de Kelly nas mãos. Ela permaneceu assim por alguns segundos antes de abrir uma pequena fresta e espiar dentro, então entrou furtivamente e fechou a porta atrás de si. Cerca de dez segundos depois a porta de um dos quartos de hóspedes do outro lado do corredor se abriu e Kelly saiu vestida apenas com a camisa que eu usava na noite anterior, fechando os botões.

- O senhor queria saber como essa mulher entrou no seu quarto? - Carl perguntou se virando pra me olhar. - Bem, ela não entrou.

Ele voltou sua atenção para o monitor bem a tempo de ver Eileen sair do meu quarto, fechando a porta com cuidado.

- O que está fazendo? - Ela indagou ao encontrar Kelly no corredor. - Alguém pode ver você!

- Não é esse nosso objetivo?

Eileen balançou a cabeça para os lados e se aproximou da irmã para bagunçar seu cabelo com as mãos.

- Não sei quanto tempo ele vai levar no banho, então seja rápida. Se ele sair antes dela chegar tudo vai estar perdido.

Kelly riu.

- Do jeito que ele estava bêbado ontem, duvido que se lembre de alguma coisa.

- Mesmo que se lembre, ele não vai poder provar nada. - Eileen garantiu. - Pelo menos não antes da namoradinha fugir chorando para as montanhas.

Ambas riram e Eileen recuou um passo para observar Kelly, assentindo com olhos orgulhosos.

- Perfeita. Agora vá, depois me encontre no casebre. Seja discreta. Não quero que alguém pense que a gente se conhece.

- Tem certeza que este lugar não tem câmeras?

- Eu trabalho aqui há anos, eu saberia se tivesse.

Kelly assentiu.

- Onde fica a cozinha?

- É só virar à direita no final da escadaria. Vá.

Kelly saiu do alcance do vídeo quando desceu as escadas, e após olhar para os dois lados do corredor, Eileen ajeitou o avental e desceu também.

Carl e Sullivan se viraram para mim, que por minha vez olhei para Angeline. Ela tinha os olhos chocados fixos na tela e a boca aberta em descrença, sem nenhuma reação.

Eu queria poder dizer algo, mas tudo o que existia em minha mente era o desejo desenfreado de sair daquela guarita e voltar para casa; no entanto eu sabia que se fizesse isso certamente dormiria numa cela de prisão por alguns anos. Então respirei profundamente e tentei me concentrar na garota à minha frente, buscando em seu rosto a calma que eu precisava para permanecer onde estava.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora