Capítulo 10

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Thomas narrando:

- Sr. Strorck! - Alguém me chamou enquanto eu subia as escadas na noite de domingo, assim que cheguei em casa.

Me virei e encontrei Eileen parada perto da porta, esperando.

- O que você quer? - Perguntei conferindo o relógio de pulso, que tinha seus ponteiros apontando para onze e trinta.

Mas o que essa garota ainda estava fazendo aqui? Ela devia ter se recolhido há mais de três horas...

- Sei que está tarde, senhor, mas... bem, é importante.

Revirei os olhos.

- É sempre importante. - Falei trocando o paletó de mão antes de repetir: - O que você quer?

- Eu gostaria de saber... se agora os empregados podem receber visitas sem sua autorização.

Franzi a testa, inclinando levemente a cabeça.

- Como é?

- Bem, hoje uma das empregadas recebeu uma visita... - Ela pensou um pouco e balançou a cabeça, levantando uma mão. - Ah, deixa pra lá. O senhor já deve saber disso.

Senti uma leve frustração começar a se alastrar por mim como uma febre, porque não, eu não sabia.

- Que empregada?

Eileen levantou as sobrancelhas.

- O senhor não soube?

- Eu perguntei... o nome da empregada.

Mas que maravilha! Minhas regras eram claras e eu sempre cuidei pra que todos obedecessem. Que direito qualquer uma dessas pessoas achava que tinha de trazer amigos, parentes ou quem quer que fosse para a minha casa sem meu consentimento?!

Existia um motivo para eu querer saber seu nome. Passaria em meu escritório no mesmo momento e faria uma carta de demissão, simples assim. Isso com certeza deveria servir de exemplo para...

- Angeline. - A garota respondeu interrompendo meu pensamento e por um instante achei ter entendido errado, mas ela emendou: - Angeline Claire, filha da Sarah.

Fiquei a olhando paralisado e desprovido de qualquer pensamento que estive tendo. Eu não podia demití-la. Eu acabei de contratá-la, merda! E eu tive um porquê de fazer uma maldita carta de admissão para ela, eu não podia criar a de demissão sem nem sequer ter conseguido cumprir a tarefa de tirar sua paz ao menos uma vez.

E então eu tinha um segundo - terceiro - motivo para castigá-la. E a lista apenas crescia...

Eu quase deixei escapar um sorriso quando descobri o que fazer, mas ele logo foi contido quando me dei conta de que expressão Eileen tinha em seu rosto. Era como a de uma garota que acabara de ganhar uma partida de voleibol, e eu soube que ela estava gostando disso. Ela queria que eu punisse Angeline, e por algum motivo, isso me deixou mais desconfortável do que eu gostaria de admitir.

E as palavras apenas fluíram:

- Eu não pago você para vigiar os empregados. - Disse franzindo a testa. - Pago?

Qualquer sombra de sorriso que existia em seu rosto desapareceu no segundo seguinte antes de ela responder, amedrontada, com um balançar de cabeça:

- Anh... não, senhor.

- Então faça o que você é paga para fazer e cuide da sua própria vida. - Joguei o paletó sobre o ombro e continuei subindo as escadas. - Eu demití sua mãe sem hesitar, Eileen. Não me dê motivos para demitir você também.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora