Capítulo 40

80.6K 8K 11.7K
                                    

Angeline narrando:

Eu não fazia ideia de onde Thomas estava querendo chegar com aquelas perguntas. Ele estaria procurando uma lógica, uma explicação para tudo aquilo o que desacredita, ou isso é apenas uma curiosidade para saber como funciona meus pensamentos?

Ele me olhou por alguns segundos em silêncio. Esperei que ele perguntasse algo do tipo: "Onde você espera chegar?"... mas quando ele não o fez, eu mesma me encarreguei de quebrar o silêncio, mudando de assunto:

- Me conte mais sobre o senhor.

Ele desviou os olhos de mim quando a mulher em sua frente andou alguns passos.

- Tudo o que eu devia contar, já contei. Aliás, até mais do que devia.

Eu sorri.

- Me fale sobre Stanford.

- O que você quer saber?

- Eu não sei, tudo. Como foi a sensação de conseguir uma vaga lá com quatorze anos?

Ele revirou os olhos entediado.

- Eu não entendo por que todo mundo age como se isso fosse tão importante.

- Bem... - Arqueei uma sobrancelha. - Pra uma pessoa de dezoito anos que vem se preparando pra isso desde que tinha dez, acho que esse detalhe é bem importante sim.

Ele me encarou novamente.

- Quer saber se delirei de felicidade? - Perguntou indiferente. - Se perdi uma noite de sono por causa da ansiedade ou se meus pais fizeram uma festa de comemoração pela minha conquista? Não. Eu estudei e passei, simples assim.

Mordi meu lábio inferior e balancei a cabeça devagar.

- Certo... mas não deve ter sido tão ruim. Vamos lá, você era um gênio! Deve ter feito sucesso com as garotas.

Pela primeira vez depois de algum tempo ele sorriu, mas seu sorriso não chegou aos olhos.

- Eu tinha quatorze anos, Angeline. As garotas me tratavam como se eu fosse um bebê. Ninguém em sã consciência se sente atraído por um bebê.

Pisquei surpresa com o fato de que sua lembrança universitária não tenha sido agradável.

- Além do mais... - Ele continuou. - Minha aparência não me ajudou muito até meus dezoito anos.

Franzi a testa, um tanto confusa.

- Como assim?

- O tempo me fez bem.

- Quer dizer que nem sempre o senhor foi... hm... assim?

Ele me olhou, e posso estar enganada, mas poderia jurar ter visto a sombra de um sorriso finalmente se formar em seus lábios.

- Assim como?

Desviei os olhos e suspirei. Okay, talvez eu não devesse ter começado essa pergunta.

- O senhor sabe.

Ele soltou um risinho baixo.

- Você não vai morrer se me elogiar, sabia? - E desviando os olhos, completou: - Não, eu nem sempre tive uma boa aparência. Houve uma época que eu pintei meu cabelo de amarelo e comecei a desfilar com ele espetado pra cima, como um porco-espinho.

Não pude evitar uma gargalhada.

- Seu conceito de beleza era estranho.

- Eu sabia que não estava bonito. - Ele respondeu com meio sorriso, se virando pra me olhar outra vez. - Mas também não me importava.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora