Capítulo 3

95.2K 8.1K 12.4K
                                    

Angeline narrando:

Eu não tinha certeza do que devia fazer quando um homem com idade entre 50 e 60 anos vestindo um terno preto sob medida ignorando o calor típico do verão de Boston veio me receber no portão que dava acesso à maior casa que eu provavelmente teria a chance de ver na vida.

- Pode me dizer seu nome, senhorita? - Ele perguntou educadamente.

- Angeline. - Resmunguei baixinho. - Eu sou filha da...

Será que ainda posso ser considerada filha dela?, meu subconsciente indagou antes de eu completar a frase, então as palavras fugiram do meu alcance.

- Sarah. - O homem completou. - A senhorita é filha da Sarah... certo?

Hesitei antes de assentir lentamente. Como ele sabe?

Ele abriu um sorriso terno, sincero, que me deu a sensação de estar em casa.

- Ela fala sobre você o tempo inteiro. - E levantando a mão, gesticulou algo no ar. No momento seguinte o portão estava aberto, permitindo minha passagem. - Eu sou George, o mordomo. - O homem se aproximou de mim com a mão estendida.

- Angeline. - O cumprimentei.

- Bem, isso eu já sei. - O sorriso que ele tinha no rosto diminuiu quando seus olhos encontraram minha mala, dando lugar a uma expressão curiosa.

- O senhor pode me deixar ver minha mãe? - Perguntei antes que ele dissesse algo mais.

George me olhou levando um momento pra responder, e dentro de mim, meu coração murchou. Se ele dissesse não, pra onde mais eu iria?

Por fim ele balançou a cabeça parecendo derrotado.

- Olha, eu adoraria poder fazer isso, senhorita, mas uma das regras que eu preciso seguir é não permitir que os criados abandonem suas tarefas durante o...

- Por favor. - Implorei interrompendo-o. - É muito importante, eu... - Olhei de relance para minha mala. - Não tenho mais pra onde ir. Eu preciso dela, George.

Ele ponderou minhas palavras por um momento.

- Por favor... - Pedi de novo.

George suspirou.

- A senhorita herdou o dom de persuasão da sua mãe. - Respondeu exasperado antes de olhar para todos os lados como se verificando se estávamos sendo observados. - Vamos fazer o seguinte: vou te levar ao local onde os empregados costumam ir para descansar, e a senhorita não vai sair de lá até eu voltar. Entendeu?

Eu assenti.

- Ótimo, vamos lá. - George disse antes de me conduzir pela grama até a lateral direita da casa, olhando atentamente para as janelas como se estivesse com medo de ser pego por alguém.

Me peguei fazendo a mesma coisa como um reflexo de seus movimentos, até que entramos atrás de um muro alto que nos tirou da vista das janelas.

- George? - Chamei enquanto caminhávamos até um portão de madeira.

- Sim, senhorita?

- Você se importaria se eu te pedisse pra parar de me chamar de senhorita? Eu prefiro Angie.

Eu não vi, mas o senti sorrir.

- Não seria incômodo algum, Angie.

George empurrou o portão sem esforço, me permitindo entrar.

- O patrão não costuma vir aqui. É onde os empregados têm um momento de sossego quando ele está em casa.

Passei por ele e observei o riacho cristalino que corria ali, desviando das pedras irregulares que existiam em seu caminho. Era o limite que havia entre a grama onde eu e Geoge estávamos pisando e uma floresta fechada do outro lado. Eu podia ouvir sem dificuldade o canto dos pássaros.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora