Angeline narrando:
Eu não tinha certeza do que devia fazer quando um homem com idade entre 50 e 60 anos vestindo um terno preto sob medida ignorando o calor típico do verão de Boston veio me receber no portão que dava acesso à maior casa que eu provavelmente teria a chance de ver na vida.
- Pode me dizer seu nome, senhorita? - Ele perguntou educadamente.
- Angeline. - Resmunguei baixinho. - Eu sou filha da...
Será que ainda posso ser considerada filha dela?, meu subconsciente indagou antes de eu completar a frase, então as palavras fugiram do meu alcance.
- Sarah. - O homem completou. - A senhorita é filha da Sarah... certo?
Hesitei antes de assentir lentamente. Como ele sabe?
Ele abriu um sorriso terno, sincero, que me deu a sensação de estar em casa.
- Ela fala sobre você o tempo inteiro. - E levantando a mão, gesticulou algo no ar. No momento seguinte o portão estava aberto, permitindo minha passagem. - Eu sou George, o mordomo. - O homem se aproximou de mim com a mão estendida.
- Angeline. - O cumprimentei.
- Bem, isso eu já sei. - O sorriso que ele tinha no rosto diminuiu quando seus olhos encontraram minha mala, dando lugar a uma expressão curiosa.
- O senhor pode me deixar ver minha mãe? - Perguntei antes que ele dissesse algo mais.
George me olhou levando um momento pra responder, e dentro de mim, meu coração murchou. Se ele dissesse não, pra onde mais eu iria?
Por fim ele balançou a cabeça parecendo derrotado.
- Olha, eu adoraria poder fazer isso, senhorita, mas uma das regras que eu preciso seguir é não permitir que os criados abandonem suas tarefas durante o...
- Por favor. - Implorei interrompendo-o. - É muito importante, eu... - Olhei de relance para minha mala. - Não tenho mais pra onde ir. Eu preciso dela, George.
Ele ponderou minhas palavras por um momento.
- Por favor... - Pedi de novo.
George suspirou.
- A senhorita herdou o dom de persuasão da sua mãe. - Respondeu exasperado antes de olhar para todos os lados como se verificando se estávamos sendo observados. - Vamos fazer o seguinte: vou te levar ao local onde os empregados costumam ir para descansar, e a senhorita não vai sair de lá até eu voltar. Entendeu?
Eu assenti.
- Ótimo, vamos lá. - George disse antes de me conduzir pela grama até a lateral direita da casa, olhando atentamente para as janelas como se estivesse com medo de ser pego por alguém.
Me peguei fazendo a mesma coisa como um reflexo de seus movimentos, até que entramos atrás de um muro alto que nos tirou da vista das janelas.
- George? - Chamei enquanto caminhávamos até um portão de madeira.
- Sim, senhorita?
- Você se importaria se eu te pedisse pra parar de me chamar de senhorita? Eu prefiro Angie.
Eu não vi, mas o senti sorrir.
- Não seria incômodo algum, Angie.
George empurrou o portão sem esforço, me permitindo entrar.
- O patrão não costuma vir aqui. É onde os empregados têm um momento de sossego quando ele está em casa.
Passei por ele e observei o riacho cristalino que corria ali, desviando das pedras irregulares que existiam em seu caminho. Era o limite que havia entre a grama onde eu e Geoge estávamos pisando e uma floresta fechada do outro lado. Eu podia ouvir sem dificuldade o canto dos pássaros.
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Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...