Capítulo 30

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Angeline narrando:

Eu estava terminando de lavar as vasilhas do café da manhã quando Tyler me ligou.

- Mãe, a senhora já está saindo? - Perguntei.

- Daqui a pouco. - Ela respondeu passando a escova no cabelo. - Por que?

- Tyler está me ligando, eu vou ver o que ele quer antes de sair.

Minha mãe me olhou pelo espelho antes de balançar a cabeça para os lados e soltar um suspiro.

- Você que sabe. As crianças não acordam cedo mesmo...

Sequei minha mão e peguei o celular, dando um beijo em seu rosto quando passei por ela.

- Oi, Ty. - Resmunguei depois de deslizar a tela para atender.

- Oi, amor. Você não vai acreditar no sonho que tive essa noite.

Ergui as sobrancelhas, fazendo círculos na grama com o pé direito.

- É mesmo? O que você sonhou?

- Estávamos a cerca de... dez anos no futuro. Foi um bom sonho. - Eu podia sentir o sorriso em sua voz. - Tínhamos um filho e morávamos numa casa linda de campo. O garotinho se parecia com você.

Sorri de forma automática. Talvez não tanto pelo sonho, mas por saber que uma criança fazia parte dele.

- Tem detalhes?

- Claro. Nós estávamos ensinando nosso menino a andar, e quando ele caía meu coração parecia parar. Depois o arrumamos pra ir à igreja... amor, ele realmente era um garotinho adorável. Eu acordei querendo que isso fosse real.

- Seria um bom plano, Ty.

- Não seria, é um bom plano. Só precisamos esperar alguns anos.

- O que você está fazendo? Geralmente não me liga pela manhã.

- Estou num café. Você sabe, o que eu costumava te trazer.

- Não vai trabalhar hoje?

- Vou, hm... em vinte minutos. - Ele fez uma pausa. - Como você está, amor?

- Estou bem, e você?

- Eu sempre estou bem se estou falando com você, sabe disso.

- E seus pais, se entenderam?

Ele suspirou do outro lado da linha.

- Temos pouco tempo, amor. Vamos deixar pra falar sobre meus pais à noite. Sr. Strorck não está te esgotando, né?

Eu hesitei quando ouvi seu nome, mas  logo tratei de responder.

- Não. Está tudo bem.

Tyler não respondeu imediatamente, mas depois de ponderar minhas palavras e meu tom por um segundo, sua voz soou preocupada:

- Tem certeza?

Pensei por um momento. Talvez não fosse uma boa ideia contar a ele, mas eu prometi que seríamos sinceros um com o outro. Além do mais, ele mereceria  saber.

- Ele tem agido... estranho ultimamente.

Eu quase podia sentir meu namorado franzir a testa, confuso.

- Estranho em que sentido?

- Ele... - Travei.

De que maneira eu poderia dizer isso?  "Ele tem tentado me seduzir"? "Ele decretou que seria meu dono"? "Ele está apaixonado por mim"? "Ele decidiu que vai acabar com nosso namoro porque me quer"?

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora