Capítulo 54

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Angeline narrando:

"VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COMIGO?!" - era o que dizia a mensagem de Diana, em resposta à história resumida que eu havia enviado a ela há menos de um minuto. Mas antes que eu pudesse responder, ela mandou outra: "CADÊ OS DETALHES?!"

Sorri para a tela do celular e digitei:

Te conto pessoalmente.

Desliguei o aparelho para não ter que lidar com as ligações que eu sabia que começariam a chegar em poucos segundos, o que era compreensível. Eu conheço bem o grau de curiosidade da minha amiga, e considerando que a história resumida que eu havia lhe contado consistia apenas nas palavras "Thomas me beijou", sem nenhum "Oi", "Bom dia" ou simplesmente "Você não vai acreditar no que aconteceu ontem!", antes de jogar a bomba, eu não poderia culpá-la por estar, tipo, surtando neste exato momento.

- Por favor, não me mate. - Resmunguei baixinho para o celular.

- Na verdade, meu plano é garantir sua segurança. - A resposta veio da porta, chamando minha atenção.

Me virei e encontrei Henry de pé, as mãos unidas na frente do corpo, a postura relaxada e quase casual.

Sorri descontraidamente para ele.

- Bom dia, Henry.

- Bom dia, senhorita. - Ele inclinou a cabeça num aceno. - Sr. Strorck disse que você quer ir à igreja hoje.

Revirei os olhos me levantando da bancada onde estava sentada desde que Matt me fazia companhia, para levar a xícara que ele usara para tomar café até a pia.

- Pare de me chamar de senhorita, você sabe meu nome.

- Claro, desculpe.

- Não queria te incomodar. - Murmurei ao me voltar para ele, cruzando os braços na frente do peito. - Eu falei com Thomas que podia ir de táxi.

Henry franziu a testa, quase parecendo ofendido.

- Não é incômodo algum, Angie. Será um prazer pra mim.

- Mas você não devia estar de férias?

- À tarde. - Ele concordou. - Tenho o dia livre pra ser seu motorista particular.

Ergui uma sobrancelha, achando graça.

- Meu motorista particular?

- Ordens do patrão. - Ele balançou a cabeça retribuindo ao meu sorriso contido. - E você sabe que ele não gosta de ser contrariado.

Estreitei os olhos, ponderando suas palavras por um momento. Bem, considerando que Thomas estava partindo para o Brasil - de onde ele não voltaria tão cedo -, e Henry muito provavelmente não tinha mais nada a fazer além de esperar o horário do seu embarque, eu não via motivos para não polpar o dinheiro do táxi para algo mais útil.

- Tudo bem. - Assenti por fim. - Vou me arrumar, eu te encontro depois.

- Certo.

- Ah, preciso ver minha amiga depois que sair da igreja. - Comentei quando ele se virou para sair da cozinha, fazendo-o se voltar para mim. - Pode me deixar na casa dela?

- A ordem do patrão é que eu te traga para casa.

Ergui as sobrancelhas.

- Bem... que sorte a minha ele não ser meu pai, então.

E lançando a ele um meio sorriso, me virei para lavar a única xícara que ainda permanecia suja sobre a pia, ouvindo em seguida seus passos se afastarem da cozinha quando ele saiu sem responder.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora