Capítulo 57

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Angeline narrando:

Não era assim que eu pretendia deixar minha mãe saber sobre a gente. Deus, definitivamente não assim.

Enquanto caminhava até o casebre para onde ela havia se dirigido, milhões de ideias diferentes de como me explicar passavam pela minha mente num borrão, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Era óbvio que eu a havia decepcionado.

"Por favor, Senhor, permita que ela me entenda.", orei silenciosamente ao colocar a mão na maçaneta. "O que eu sinto não é pecado. Então por favor... permita que ela entenda."

Minha mãe já estava no banheiro quando entrei em casa, então me sentei no sofá e esperei ouvindo o som da água do chuveiro bater contra o piso. Ela deve ter gastado no mínimo dez minutos a mais do que geralmente gasta no banho, e quando finalmente saiu, eu podia sentir meu coração pulsar com força enviando a adrenalina pelas minhas veias.

Me levantei do sofá e ela me olhou, interrompendo o movimento que fazia com as mãos ao secar o cabelo úmido com a toalha. Depois de me encarar por um pequeno momento sem demonstrar nada, ela caminhou até a cômoda.

- Não pensei que você estaria de volta tão cedo. - Disse indiferente trocando a toalha pela escova de cabelo.

- Nós só íamos assistir um filme.

- Desculpe atrapalhar seus planos, então.

Eu a observei desembaraçar pacientemente seus fios ignorando minha presença, e tudo o que eu queria era que ela dissesse qualquer coisa que me fizesse saber o quão magoada ela estava. Mas ela não disse nada, apenas penteou o cabelo focando totalmente nele sua atenção. Então eu soube que a obrigação de dizer algo era minha.

Respirei devagar, engoli o nó em minha garganta e dei um passo à frente antes de começar:

- Mãe, eu sei a imagem que você criou dele. Eu sei que por nove meses você o viu sair de casa e voltar com uma mulher diferente a cada noite e agora está com medo que eu seja apenas mais uma delas, mas... ele mudou, mãe. Deus sabe o quanto ele mudou. Ele não me vê como alguém substituível, ele se importa de verdade. E não é apenas comigo, ele aprendeu a se importar com as pessoas, com todas elas. - Me calei por um momento, depois completei: - Ele é um homem bom.

Minha mãe soltou um suspiro e deixou a escova sobre a cômoda antes de me olhar novamente.

- Diana já sabe sobre vocês?

Assenti com a cabeça disposta a deixar claro o quanto minha amiga nos aprova, mas antes que eu pudesse dizer, a próxima pergunta foi feita:

- E o Matthew? E o seu pai?

Me senti perdida por um pequeno segundo, mas ao desviar os olhos como se fosse incapaz de continuar me olhando, minha mãe se apoiou na cômoda:

- Quantas pessoas você acha que se importam com você mais do que eu, Angeline?

Abri minha boca para responder, mas ela parecia subitamente seca como se eu tivesse comido um saco de areia. Portanto ela balançou a cabeça para os lados.

- Não precisa me dizer o quanto o Sr. Strorck mudou, eu sei disso tão bem quanto você. Eu sabia que ele estava apaixonado e era apenas questão de tempo até que você sentisse o mesmo, mas isso não me magoa. Isso não é uma surpresa pra mim. O que me surpreende... é o fato de eu não ter sido a primeira a saber. O que me magoa é você ainda não saber que sua melhor amiga sou eu. Isso me machuca.

Desviei os olhos para o chão, porque agora era eu quem não conseguia olhar para ela.

- Desculpa. - Falei num sussurro. - Eu ia te contar.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora