Capítulo 33

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Thomas narrando:

Alcancei Gabriel antes de ele chegar à escada, mas não tentei pará-lo. Meu sobrinho chorava e soluçava como se tivesse acabado de perder a coisa mais valiosa de sua vida, e quando finalmente abriu a porta do quarto e se jogou em sua cama, eu apenas a fechei e me aproximei devagar, me sentando ao seu lado.

Respirei fundo, olhando-o e sentindo na pele cada efeito dos seus soluços contidos. Por fim, quando acariciei seu cabelo com a mão, ele deitou a cabeça em meu colo e abraçou minha cintura molhando minha calça com suas lágrimas.

- Eu sei, amigão... isso é uma merda.

Ele não respondeu imediatamente, mas depois de alguns segundos conseguiu pronunciar as palavras mesmo sem controlar o choro:

- Por que você não é o namorado dela, titio? Você gosta dela, não gosta?

Inspirei o ar lentamente.

- Gosto. - Murmurei. - É claro que gosto.

- Então... ela não gosta de você? - Uma nova torrente de lágrimas surgiu com essa pergunta.

Balancei a cabeça para os lados, apertando os lábios.

- Eu fiz muitas coisas erradas com ela, Gabriel. Se ela não gosta de mim, a culpa é toda minha.

- Por que você fez coisas erradas?

Encolhi os ombros e destaquei o fato:

- Porque eu fui um imbecil.

Meu sobrinho escondeu o rosto em minha calça e soluçou dolorosamente. Eu apenas o ouvi sentindo meu coração gradativamente mais apertado, imaginando a merda que eu havia feito. Sim, isso era sobre mim. Não seria surpresa se Angeline me enxergasse com repulsa, porque se eu colocasse na ponta da caneta tudo o que já fiz com ela, eu teria que fazer mais do que me esforçar para merecer seu apreço.

Longos segundos se arrastaram até que eu decidisse colocar um fim na tristeza do meu sobrinho.

- Ei. Olhe pra mim. - Chamei erguendo-o do meu colo.

Gabriel ainda soluçou duas ou três vezes antes de secar as lágrimas com as costas da mão e me encarar com os olhos vermelhos.

- Vou te contar uma coisa, mas você não pode dizer a ninguém, entendeu? Será nosso segredo.

Ele ponderou minhas palavras antes de assentir tristemente com a cabeça, sentado na cama ao meu lado, tentando controlar os espasmos do seu choro.

Eu o olhei fixamente e falei devagar, tentando fazê-lo entender a complexidade de toda essa situação.

- Angeline pode até ter namorado... mas ela não gosta dele, e nenhum relacionamento dura muito tempo se não tiver amor. Então acredite em mim, Gabriel... eles irão terminar logo.

- Mas... e se ela começar a gostar dele?

Balancei a cabeça para os lados com determinação.

- Isso não vai acontecer.

- Como você sabe?

- Porque antes dela começar a gostar dele... ela estará apaixonada por mim.

- Então... - Ele engoliu para controlar outro soluço. - Vocês irão se casar?

Pensei por alguns segundos. Houve apenas uma vez na minha vida que eu me imaginei me casando: no dia do casamento do meu irmão. Eu era uma criança tão ingênua e aquele foi um momento tão incrível, que eu prometi a mim mesmo que faria um igual quando crescesse.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora