Capítulo 23

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Thomas narrando:

Por um nanosegundo achei que era miragem quando vi Gabriel vir em minha direção mas voltar para abraçar Angeline.

Ele realmente a abraçou? Como? Ele odeia conhecer pessoas novas, isso não faz o menor sentido!

Mas pensando bem eu acho que sou capaz de entendê-lo. Na verdade, acho que sei exatamente o que ele sente. Angeline tem esse efeito nas pessoas difíceis de se cativar.

- Tio Thomas! - Alice me balançou com força pra chamar minha atenção quando seu irmão soltou as pernas da cozinheira. - Já pode me soltar.

- Ah... - Eu a coloquei no chão e olhei para Angeline outra vez. Ela tinha os olhos fixos em Gabriel, que agora fazia seu caminho até a mim.

- Tio Tom! - Gritou animado, correndo para se jogar em meus braços.

- Ei, amigão! - Eu o peguei no colo. - Fizeram boa viagem?

Gabriel abraçou meu pescoço fortemente e foi Alice quem respondeu:

- Nós conhecemos uma aeromoça grávida!

Mas na verdade minha pergunta havia sido um tanto retórica, porque enquanto Alice me contava em êxtase sobre o nome do bebê da aeromoça ou algo assim, eu não conseguia desviar os olhos de Angeline, que me encarava de volta como se estivesse hipnotizada ou tão surpresa, que se tornou incapaz de se mover.

O que ela tem de especial? Sim, ela deve ter algo. O modo como ela conquistou Gabriel tão rapidamente não pode ser considerado normal. George vem tentando fazer isso desde que ele começou a me visitar, quando ainda tinha menos de dois anos, mas nunca surtiu nenhum efeito. Meu sobrinho sempre foi inalcançável pelos meus empregados, mas foi apenas ela aparecer... foi apenas conversarem por, o que, cinco minutos? E ganhou um abraço espontâneo.

Droga. O que acho que estou sentindo por ela tem uma grande chance de fazer uma enorme bagunça, mas ao invés de me ajudar a me afastar, ela só me fez querer estar mais perto!

Angeline nunca deixa de me surpreender...

- Tio Tom, você está me ouvindo? - A voz de Alice penetrou meus pensamentos, dissipando-os completamente.

- Claro. - Balancei a cabeça finalmente quebrando nosso contato visual, colocando meu sobrinho no chão. - Vamos, comprei materiais de pintura pra vocês.

Ambos deram um gritinho eufórico enquanto me acompanhavam até meu quarto.

Eu havia passado em uma loja infantil quando estava vindo pra casa no dia anterior depois de sair da empresa, mas não encontrei nenhum maldito brinquedo que eles já não tivessem em minha casa. Em um salão de cima existia de tudo - desde pula-pula até bolinhas de ping-pong, embora eles brincassem apenas com a bolinha e detestassem ping-pong -, assim encontrar algo inédito foi um desafio pra mim, até que finalmente encontrei, nos fundos da loja, o espaço artístico. E quando vi a caixa de lápis de cor de 240 cores eu sabia que eles aprovariam, então comprei duas caixas.

- Será que consigo desenhar um anjo? - Gabriel perguntou ao entrar no quarto.

Eu o olhei com a testa franzida.

- Existem outras coisas para desenhar, por que um anjo?

- Por que ele tem o meu nome. - Ele olhou pra mim e sorriu. - É o anjo que veio avisar à Maria que ela seria mãe do menino Jesus.

Ah, não... estava tudo bom demais pra ser verdade.

Me concentrei em pegar as caixas de lápis de cor e as folhas em branco no closet pra que eles não vissem a expressão que assumiu meu rosto.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora