Angeline narrando:
Eu devia ter acabado de pegar no sono quando pensei ter escutado a voz de Henry, tão distante que era como em um sonho:
- Não faça isso, senhor...
- Tire essa mão de mim, merda. - Agora era a voz de Thomas que soou arrastada como a de uma pessoa drogada.
- Está muito tarde, me deixe te levar para casa.
- Eu preciso... ver... a Angel.
Acordei e pisquei, sonolenta, tentando distinguir o mais rápido possível se eu estava sonhando ou se as vozes eram reais.
- Ela deve estar dormindo agora. O senhor pode falar com ela amanhã.
São reais.
Pulei do sofá e abri a porta o mais silenciosamente possível, tomando cuidado para não acordar minha mãe.
- Esse é o problema, Henry. Eu não posso...
Mas ele parou de falar quando me viu sair de casa.
- O que está acontecendo? - Perguntei em voz baixa caminhando até ele, que se mantinha levemente curvado, apoiado em Henry.
- Angel... - Resmungou dramaticamente, como se meu nome fosse sagrado.
- Angie, eu sinto muito. - Henry se desculpou. - Eu tentei evitar que ele te acordasse, mas você o conhece...
- Você está tão linda, Angeline...
- E você está bêbado. - Balancei a cabeça em reprovação e peguei sua mão para assumir o lugar de apoio. - Tudo bem, Henry. Eu o levo pra casa.
- Tem certeza? Ele é um tanto pesado.
- Eu dou conta. - Eu espero.
- Ah, não. - Thomas reclamou debilmente, se recusando a andar. - Nós precisamos conversar, Angel.
- Podemos fazer isso amanhã. Venha, eu vou te colocar na cama.
- Não... - Ele cambaleou e olhou para Henry. - Diga a ela, Henry.
Ele, por sua vez, franziu a testa confuso.
- O que quer que eu diga, senhor?
- Conte a ela... o que você sabe.
- Eu não acho que eu saiba de alguma coisa.
Thomas bufou impaciente, cambaleando outra vez antes de se apoiar em mim.
- É claro que sabe. Você... você sabe de tudo.
- Desculpe, senhor... eu realmente não sei do que está falando.
Balancei a cabeça para os lados, ciente de que aquela conversa não daria em nada.
- Está bem, já chega. Vou te levar pra cama.
- Não, Angel... - Thomas me olhou suavemente. - Não desse jeito.
- De que jeito, então?
Ele balançou a cabeça e passou a mão em minha bochecha com delicadeza.
- Eu estou bêbado... isso precisa ser especial pra você.
Franzi profundamente a testa. Agora não era apenas Henry quem estava perdido na conversa.
- Está bem... eu não sei o que está dizendo, mas você precisa dormir. Venha, eu te ajudo.
- Henry... - Ele choramingou, enquanto eu praticamente o arrastava em direção à sua casa. - Você é o pior... guarda-costas... do mundo.
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Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...