Um plano para nós (PAUSADO)

Capitulo 71

Angeline narrando:

Abri a porta do quarto e dei uma olhada no corredor. Era a primeira vez, desde que entrara ali, que eu saía. Não era como se eu tivesse essa necessidade, já que existia um banheiro disponível a poucos passos de distância da minha cama e tudo o que eu precisava era trazido até mim, como comida, bebida ou roupas; mas uma hora eu preciso sair, certo?

O ambiente exterior estava vazio, mas eu podia escutar o ruído de vozes não muito distante. Eram George e minha mãe. Apesar de respeitarem meu desejo de ficar sozinha, eu sabia que eles sempre estavam por perto, espreitando, rendidos pela preocupação com meu bem-estar.

Caminhei em direção à escadaria seguindo suas vozes, e conforme elas ficavam nítidas para mim, eu franzi a testa:

- ... por isso é bom conhecer as pessoas certas. - George comentava. - Se Henry não tivesse amigos na polícia, talvez ainda estivéssemos no escuro.

- Será que a Angie sabe disso? - Minha mãe indagou.

- Ah, ela deve saber. Sr. Strorck não esconderia isso dela.

- Esconderia o quê? - Perguntei ao encontrar os dois parados nos degraus da escadaria, chamando imediatamente sua atenção.

- Oh, querida, você se levantou! - Um sorriso iluminou o rosto da minha mãe enquanto ela subia os degraus que nos separavam para vir me encontrar. - Como está se sentindo?

- O que eu deveria saber? - Devolvi.

Ela franziu a testa e olhou para George momentaneamente antes de se voltar para mim, a confusão evidente em sua expressão:

- Thomas não te contou?

Agora foi minha vez de olhar para o mordomo, que me encarava com a mesma sombra de dúvida em sua expressão. Ah, por favor... eu não aguento mais drama essa semana...

- Descobriram quem foi o motorista que atropelou a Diana. - Minha mãe esclareceu numa voz suave. - Pensei que você já soubesse.

Senti meu coração fazer uma pausa e minha respiração se perder por um momento conforme meu cérebro absorvia e digeria suas palavras, e por um segundo, a vertigem que se alastrou pelo meu corpo me deu a sensação de que eu fosse desmaiar outra vez.

Thomas descobriu quem matou minha amiga... e não me contou? Por quê?

- Ele deve ter se esquecido. - Me vi dizendo numa voz fraca, mais para mim mesma do que para minha mãe.

Mas eu sabia que não era verdade. Não dá pra esquecer esse tipo de coisa.

Pelo olhar que ela me lançou eu percebi que também não acreditava, mas decidiu não discutir sobre isso. Ao invés disso explicou, não como quem quisesse causar intrigas entre mim e meu namorado, mas como quem soubesse que eu tinha o direito de saber:

- O nome dele é Johan. Henry disse que quando o encontraram, ele estava totalmente bêbado... nem sabia dizer ao certo o que tinha acontecido. Ele foi preso. Deixou uma mulher grávida e dois filhos pequenos pra trás.

Não respondi. Eu podia sentir minha garganta queimar, as palavras e sentimentos se empilhando em minha mente sem que eu conseguisse expressar coisa alguma.

- Eu sinto muito, meu amor. - Minha mãe disse ao tocar carinhosamente meu rosto com a mão. - Ele vai responder à justiça agora.

Mordi o lábio e desviei os olhos para o chão antes de murmurar:

- Se ele estivesse em casa brincando com os filhos... ou cuidando da esposa grávida... Diana ainda estaria viva.

Ela suspirou ao segurar minhas mãos entre as suas à medida em que George se aproximava e a abraçava, acariciando meu braço com a mão livre.