Capítulo 65

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Angeline narrando:

Minha mãe estava sentada ao meu lado no banco de trás do táxi conversando distraidamente com Frank sobre uma de suas filhas que havia voltado do intercâmbio de três meses quando eu vi pela janela um relâmpago clarear o céu.

- Veja, parece que vem chuva por aí... - Ela disse, ao que eu respondi com um leve aceno de cabeça.

O assunto de minha mãe com o motorista foi desviado para a tempestade iminente, mas eu parei de prestar atenção. De fato, eu não estava exatamente prestando atenção em muita coisa desde hoje mais cedo. Tudo o que conseguia prender meus pensamentos era a conversa que eu havia tido com Eileen depois que sua irmã foi embora, não era como se eu pudesse simplesmente esquecer.

- Você não contou a ele, não é? - Perguntara ela alguns instantes depois que Thomas saiu da cozinha nos deixando sozinhas.

- Do que está falando?

- Ah, vamos lá, Angie, não seja boba. Você sabe do que estou falando. - Ela sorriu, mas seu sorriso não foi agradável. - Qual você acha que vai ser a reação dele ao descobrir que a mãe está doente e você sabia... mas não falou nada?

Parei de respirar, suas palavras parecendo complexas demais para serem assimiladas rapidamente.

O quê...?

Não. Oh, por favor, não...

- Bem, eu acho... - Ela começou a dar a volta na ilha, arrastando suavemente o indicador sobre o mármore. - Que esse conto de fadas não vai terminar com um "felizes para sempre". Ah, ele vai ficar tão chateado... talvez eu deva consolá-lo quando ele perceber que foi traído da pior maneira possível pela mulher que ele achava que o amava.

- Você não se atreveria...

- Ah, não? - Ela parou e cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha para mim. - Diga que duvida.

Olhando o brilho perverso de seus olhos claros e sentindo vagamente o oxigênio entrar com dificuldade pelos meus lábios entreabertos, eu sabia que ela o faria. Ela contaria a ele sem pensar duas vezes, sem nem sequer se importar com o estrago que causaria. O que ela tinha a perder?

Naquele momento eu soube que não tinha escolha, ela havia me cercado. Por um descuido meu, eu estava vulneravelmente em suas mãos. E esse pensamento fez minha garganta queimar com o surgimento das lágrimas em meus olhos.

- O que você quer? - Perguntei em voz baixa.

- O que eu quero... - Eileen desviou os olhos e mordeu os lábios. - Bem, o que eu quero é muito simples. Primeiro... quero permanecer aqui, afinal essa casa também é minha.

- Isso não depende de mim.

- Ah, mas é claro que depende. - Ela me olhou como se eu fosse idiota. - Você ainda não percebeu o poder que tem sobre ele? Basta uma palavra sua para fazê-lo mudar de ideia, meu bem.

Não respondi. Eu não conseguia encontrar qualquer coisa que pudesse dizer.

- Além do mais, você me deve isso. - Eileen completou. - Por sua culpa eu não tenho pra onde ir, já que você arruinou meu relacionamento com minha irmã.

Sustente seu olhar por alguns segundos até me dar conta de que isso era o mínimo que ela poderia pedir, e se eu não desse um jeito de sair dali o quanto antes, suas próximas condições seriam piores.

- Está bem. Eu vou falar com ele.

- Ei! - Ela chamou quando me virei para sair da cozinha. - Quem disse que eu acabei?

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora